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Quarta-feira, 25/5/2005
Parque de Diversões
Julio Daio Borges

A 1ª tragada num Hollywood, quando tinha lá seis anos, foi África no peito e garganta rindo do meu irmão menor, que também tossia, e chorava. Quase iniciação ao Tabaco, na festa das fumaças malentendidas. As primeiras florinhas sorriam me encabulavam só em sonho, o arranhão de uma gata, da vizinha, que gostava de mim. Já a 1ª mordida de um cão, foi jaguadarte na bundinha, e em raiva ri, atirei a 1ª pedra, no cachorro, e as outras numa flor que ria demais em cena. A priminha já me beijava de imitar novela, e com ela conheci o zôo, pouco antes daquela árvore doida varrida, que rindo aos ventos, presenciou a Queda Do Meu Terceiro Dente De Leite, na calçada. Chorava, mas ainda sabia ver o ar, que ria e me cumprimentava. Depois chuva, algodão, mercúrio, surra. Quedas. Quedas e quando, na primeira vez amor num fusca, já tinha pavor do dentista, e os policiais do Ibirapuera baixaram o cassetete no teto do carro, mas a jovem flor ria escandalosa de meus modos de segurar a mão dele, me dando bronca maior de idade, e injeção, a vingá-lo no motel da língua anestesiada. Depois flores, um navio, flores, um avião, flores, outros cigarros, flores, e a morte de meu pai, flores, alguns fantasmas, flores, uma união, flores, seis dentes já não nascem mais, flores, e o câncer no pulmão de minha mãe que não fumava, flores, um filho e uma filha, flores, briga de flores, canções, flores e flores, que nunca me deixam, e aqui se divertem, nos brinquedos mais radicais.

Mário Montaut, por e-mail, com imagem de Hélio Rola.

Julio Daio Borges
25/5/2005 às 13h32

 

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