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Quinta-feira, 2/6/2005
Rolam as Pedras
Julio Daio Borges

Eu acho que tem um pouco de medo na produção brasileira. Os grandes artistas são todos vigiados pelas gravadoras. O Los Hermanos, por exemplo, gravou o disco e teve que mandar para não sei quem para arrumar o som porque a gravadora não gostou.

Aqui eles exigem um certo padrão, que é o padrão das rádios; é o padrão do que se espera dos artistas; nem sempre é o que o artista realmente quer fazer. Acabam perdendo autenticidade. Isso também ocorre fora do país, mas aqui, pelo fato de existir o famoso jabá, as gravadoras já sabem o que as rádios querem, então ficam exigindo que o artista faça somente aquilo.(...)

* * *

(...)uma banda que tocava nas rádios antes, com sucesso, mesmo sendo independente, hoje não pode tocar mais porque as rádios disseram que as gravadoras estão pagando para não tocar mais anda independente. É um monopólio cultural.(...) É triste que isso aconteça no nosso país, que a gente seja obrigado a passar por isso, até a mudar de profissão - como eu conheço muitos músicos ótimos que têm de virar outra coisa. Ou então se vender, trocar totalmente seu estilo, fazer um negócio padronizado.

* * *

Eu duvido muito que [o governo] possa fazer alguma coisa. Temos um músico lá dentro, no ministério, e nada acontece. O que está acontecendo em relação a isso? Estão tentando fazer uma lei, mas, quando pensam em fazer isso, há uma série de impedimentos: temos que entender que é muito dinheiro envolvido em direitos autorais, e se o Brasil não abrir o olho vamos continuar sempre terceiro-mundistas em relação a essa questão. Os artistas fazem, mas não recebem. Eu, por exemplo, tenho músicas que vou receber direitos depois de sete anos que foram executadas, então esse dinheiro já desvalorizou; e, se eu não for procurar, eles não virão atrás de mim pra me pagar.(...) Quem usou esse dinheiro? Quem aplicou? Por que não recebo juros totais de todos esses anos que não recebi? Desculpe, estou muito desanimado.

Mr. Kiko Zambianchi, na nova revista Discutindo Arte.

Julio Daio Borges
2/6/2005 às 14h42

 

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