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Terça-feira, 14/6/2005
Enquanto ela escolhe a roupa
Julio Daio Borges

O que fazer enquanto a sua mulher, amante ou namorada se arruma para sair?

Aí está uma das grandes questões da humanidade. Sorte tinha Adão, que pegou o mundo ainda sem muitas opções no vestuário e longe, muito longe da praga da indústria fashion.

Mesmo assim, Eva demorava horrores para escolher a parreira mais fresca, a mais enfeitada, aquela com detalhes e nervuras que lembram a costura de um Ronaldo Fraga, de um Hercovitch, nossos modernos estilistas.

O que fazer enquanto ela põe roupa e tira roupa, mulher alterada, doida demais, peça por peça do armário?

Põe e tira, vai ao espelho, pede a sua opinião... Liga para pedir a opinião da melhor amiga - afinal de contas você, velho macho conservador não entende nada dessas modinhas -, volta ao espelho, muda só a parte de baixo, agora muda só a parte de cima, troca o brinco, o colar novo, "ah, esse não combina"...

Não adianta você, caramigo, dizer que está ótimo, dizer que nunca viu mulher tão linda, dizer que nunca a viu tão deusa, dizer que é a mulher da sua vida, a que se veste melhor, a de gosto estupendo, a mais francesa das francesas, a bonequinha de luxo posando na frente da Tiffanys, a Audrey das Audreys, Catharenin Deneveuve, Juliette Binoche...

De nada adianta. Ficamos falando sozinhos nesse momento ímpar do mulherio.

O que fazer?, então, como perguntava o velho Lênin antes neoliberal e capitalista?

Relax, meu jovem, relax, caro mancebo, tranquilidade, cabrón. Como não tem remédio e nem nunca terá, o jeito é retomar tempo perdido a nosso favor. Já tive mulheres que demoravam o tempo de um jogo de futebol - com prorrogação e morte súbita - para escolher a "roupa certa". Vi muitas decisões de campeonato graças às dúvidas fashion da costela amada. Gracias.

Puta[s?] escritores, como o velho Hemingway, deixaram grandes obras graças às demoras das "patroas". Grandes inventores, idem. O humorista Grouxo Marx agradeceu publicamente à sua mulher por deixar-lhe livre para criar ótimas piadas nestes intervalos. Os exemplos são muitos. Meu amigo Pereira, velho porco chauvinista, volta à infância e monta castelos e castelos de legos. Rebelo, chapa de Curitiba, aproveita para treinar tirar ao alvo... E assim espera o mundo macho.

E quando ela, além da dúvida da roupa, diz que está gorda?

Xico Sá, no Blônicas (uma dica da Déa).

Julio Daio Borges
14/6/2005 às 11h20

 

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