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Sexta-feira, 22/7/2005
Búzios em Jazz & Blues
Fabio Silvestre Cardoso

Na noite de quinta-feira, 21 de Julho, a Rua das Pedras, o principal eixo de Búzios, já aguardava as principais atrações do 8º Visa Búzios Jazz & Blues, que acontece na cidade. Um pouco antes, é verdade, a Dixie Square Jazz Band já havia feito sua participação, chamando a atenção de quem estava nas ruas com sua performance atravessando alguns endereços do Balneário. A noite, contudo, ficaria marcada para o público pela presença de Carlos Malta e do grupo argentino Dall-Botafogo, que, cada um à sua maneira, não decepcionaram quem esperou para vê-los.

Carlos Malta e o Jazz à Brasileira

Às 22h36, chamados por Léo Gandelman ("vamos aplaudi-los, por favor"), o multi-intrumentista Carlos Malta e seu conjunto subiram ao palco do Pátio Havana e ministraram um concerto de Jazz sem reparos. Pelo contrário. O apuro técnico e a inventividade nas músicas foram as características elementares. Sem mencionar a homenagem à musica brasileira. Sim, porque no repertório do show, versões de músicas imortalizadas na voz de Elis Regina. Abrindo o espetáculo, logo depois dos acordes de "Aquarela do Brasil", ouvia-se, nitidamente, a levada e a batida de "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimentos). No Sax Alto, Carlos Malta alcançava as notas agudas, num contraponto à guitarra, ao contrabaixo acústico e à bateria, executados, nessa ordem, pelos músicos Daniel Santiago, Augusto Matoso e Keusso Fernandes.

Em seguida, uma ponte (medley) para as "Águas de Março" (Tom Jobim). Apesar do andamento ser diferente, Carlos Malta consegue passar de uma música para outra numa quebra de ritmo muito bem compassada, o que é espantoso, se se considerar que foi a primeira vez que o conjunto executou o show com essa formação. "Já havíamos tocado juntos anteriormente, mas essa apresentação em homenagem à Elis foi a primeira vez aqui em Búzios", revelou o maestro Malta logo após o espetáculo. Cabe mencionar ainda, como destaque, a guitarra de estilo e ao mesmo tempo discreta do já citado Daniel Santiago, que domina com propriedade o espaço que lhe é concedido no palco. Outros highlights na apresentação (que durou pouco mais de uma hora, embora ninguém tenha se dado conta) foram as inserções de frases de "Brasileirinho"e de "Trenzinho Caipira" nos improvisos bem como a versão, em particular, de "O Bêbado e o Equilibrista", onde Carlos Malta fez uso de suas variáveis (Flauta, Flautim, além do Sax Barítono). Nessa música e ao final, ele fez questão de frisar a importância da homenageada da noite em sua formação como músico. E o público, agora com aplausos espontâneos, aprovou.

O Blues rock n'roll de Dall-Botafogo

Meia hora depois, mais precisamente às 0h45, o duo formado pela tecladista Cristina Dall e pelo guitarrista Miguel Botafogo subiram ao palco do Chez Michou, em frente ao Pátio Havana. O grupo, que ainda conta com a presença do contra-baixista Pablo Memi e pelo baterista Juan Pillado, foi literalmente ovacionado pelo público, mesmo antes de tocarem os primeiros acordes. A presença de muitos argentinos no local explica boa parte dessa animação prévia. De sua parte, os brasileiros não deixaram por menos e também entraram na mesma vibração, oriunda, obviamente, da presença de palco do grupo.

Aqui, cabe destacar a dupla Dall-Botafogo. A primeira, além dos acordes próprios do blues, emanava uma luz própria, talvez proveniente de sua sensibilidade à flor da pele também como intérprete. Por isso, as versões de "Honky Tonk Woman" (Rolling Stones) e "My Mojo Working" (Muddy Waters), nesse sentido, soaram irrepreensíveis em sua voz. Já Miguel Botafogo comportou-se como um guitar-hero ao longo da apresentação. Desde a entrada, onde deixou seu copo de whisky com alguém na pista, até os maneirismos ao fazer os solos lembravam os heróis lendários da guitarra (numa época em que ser roqueiro era ter, sobretudo, atitude). Eis, então, o "segredo do sucesso" dos argentinos: mais do que a música, executada corretamente, a fórmula foi a performance.

Hoje, a música promete começar mais cedo, às 18h, com uma Jam Session na praia. Depois, às 20h, na Praça Santos Dumont, tem Ed Motta (lançando o CD Aystelum)

Veja a programação completa do Festival aqui.

Até amanhã!

* fotos de Sylvana Graça.

Fabio Silvestre Cardoso
22/7/2005 às 14h53

 

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