busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês
Sábado, 23/7/2005
Soco no estômago
Guilherme Conte

Ontem foi o dia de peças-porrada. Maravilhosa surpresa foi o Navalha na Carne, clássico do Plínio Marcos, com a Bate Nessa Face Que Eu Te Viro a Outra, daqui de Rio Preto. Era uma apresentação extra, só para a imprensa; lotou todos os dias.

A Casa de Cultura Dinorath do Vale se transforma em espaço da peça. Começa no saguão, com o ótimo Veludo - a grande atuação - tomando conta do espetáculo. Subimos e entramos no quarto de Neusa Sueli. A ação toda se passa ali, naquele quarto claustrofóbico, sufocante. O ar é pesado, carregado de cigarro. Plínio pede esse hiper-realismo. Funciona muito bem, mergulhamos naquele mundo de cabeça.

Todo o elenco está bem. Três Neusas se sucedem, fragmentando a narrativa. Há Neusas e Neusas. A direção de Bhá Bocchi Prince arranca emoções exaltadas lá do íntimo. As porradas de Vado na porta tremem o quarto. O espetáculo é intenso. O público sai meio atônito.

Junto com Foi Carmem Miranda, foi o que de melhor assisti por aqui.

De lá para o SESC, assistir a 121.023 J, da Cia Auto-Mecânica de Teatro, de SP. Um rapaz sai para comprar pão, é preso e vai parar em um campo de concentração. As soluções cênicas são criativas e obtêm resultados curiosos. Num tom tragicômico, impera um clima tenso que tira risos nervosos da platéia. Um texto inteligente (assinado por Renata Jesion, a protagonista), sob uma direção compentente de Ariela Goldman. É curta, com pouco menos de 50 minutos. Interessante, mas não encanta.

Por fim, rumei mais uma vez ao "Olho", conferir O Samba do Crioulo Doido, de Luiz de Abreu. Uma crítica reflexiva à figura do corpo na sociedade. Luiz, nu (à excecção de um par de botas prateadas), dança, samba e explora inúmeras possibilidades de seu corpo: estala músculos, mostra-se de todos os ângulos possíveis. Todos. Saímos divididos. Eu não gostei. Ok, as estratégias e as críticas estavam evidentes, mas não me pegou. Interessante como as opiniões se dividiram. Ouvi as opiniões mais discrepantes, extremas.

O posto de gasolina próximo do hotel, tradicional ponto de encontro e discussões do pessoal, está voltando a firmar-se (rolou uma entressafra nesses últimos dias). Bom para saber das coisas...

Guilherme Conte
23/7/2005 às 14h21

 

busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês