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Domingo, 24/7/2005 Jazz com casa cheia Fabio Silvestre Cardoso As principais atrações desse último dia eram, sem dúvida, o saxofonista Léo Gandelman e Vernon Reid, que, conforme disseram por aqui, "conquistou o mundo com a banda Living Colour". Além desses, houve ainda a presença do duo portenho Dall-Botafogo, desta vez tocando do Pátio Havana. Pela ordem, Léo Gandelman foi o primeiro a se apresentar na Praça Santos Dumont, que desde o início contou com um público muito receptivo para o lançamento do novo álbum do saxofonista, Lounjazz. A propósito, nota-se que não foi à toa que Gandelman foi escolhido como o Mestre de Cerimônias do Festival. Sua empatia com a audiência é de fazer inveja a artistas consagrados da música pop, que muitas vezes têm de se esmerar entre constrangimentos para ganhar uma simples atenção. De qualquer forma, não é o caso do saxofonista brasileiro, que tocou acompanhado pela banda Supernova. O auge do espetáculo, contudo, ainda estava para chegar. Quando todos esperavam uma última música comportada, com o "Tico-Tico no Fubá" (de Zequinha de Abreu), Léo Gandelman apresentou uma versão com altos e baixos, pontuado com solos de todos os instrumentos, e aqui vale destacar o talento de João Gaspar que ora estava no cavaquinho. No calor da interpretação, uma surpresa: enquanto o saxofonista descia do palco, dois jovens para lá subiam, dançando freneticamente, para delírio da platéia e desespero dos seguranças que os queriam fora de lá. No bis, houve uma canja com o guitarrista Pepeu Gomes. Nessa autêntica Jam Session, "Maracatu Atômico" foi executada com muito talento e entusiasmo por parte dos artistas. Final de Transmissão O sol forte de Búzios não esconde o clima de ressaca no ar. Fim de festival após cinco dias de Jazz, Blues e música instrumental numa região cercada por praias e belezas naturais. Parece improvável que seja no Brasil, país onde a musicalidade se confunde, erroneamente, com a agitação dos trios elétricos, ou pela presença de um DJ aos olhos da multidão, como disse Ed Motta em entrevista aos repórteres do festival. É, portanto, notável que essa iniciativa prevaleça quando seria muito mais fácil se render às garras do populismo e encher a cidade de turistas com o pop das rádios FM. Que iniciativas como essa se multipliquem. A boa música e seus amantes agradecem. Fabio Silvestre Cardoso |
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