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Segunda-feira, 25/7/2005
It's over
Guilherme Conte

Hotel vazio, clima de melancolia no ar. Acabou aquele corre-corre, araras de figurinos pra lá, italianos pra cá. Não dá mais para ouvir os gritos e a cantoria dos clowns potiguares. É, acabou o FIT.

E, se para mim ele começou bem, ele também terminou bem. Primeira peça da noite, no lendário teatro Nelson Castro (palco histórico do teatro independente da cidade) Muito barulho por quase nada, do pessoal mais animado da cidade na última semana: o Grupo Clowns de Shakespeare, de Natal. Uma leitura com sotaque nordestino carregado para o bardo; o tom lembra, um pouco, Ariano Suassuna.



Muita música, piadas, risadas; a montagem é uma grande festa. Colorida, de encher os olhos. E os próprios atores mostraram-se talentosos músicos. Contou com uma das melhores respostas da platéia, que veio abaixo. Outra grande surpresa do FIT.

Para fechar bem, fui à Swift assistir A caminho de casa, do Armazém Companhia de Teatro (sim, aquele da palestra). Gostei, é uma peça de fôlego, um trabalho muito sério. São três histórias unidas por um episódio: a explosão de um homem-bomba em uma estrada (muito oportuno nesses tempos, não?). Um grande engarrafamento, que evoca o conto "A auto-estrada do sul", de Júlio Cortázar; uma conversa entre um velho sufi e um menino judeu; e a conversa de uma mulher, mãe do menino que se explode no ônibus, com Deus.

A grande discussão é a fé, a relação das pessoas com a fé. Suscita questões interessantes e tocantes, mas por vezes perde o pé e cai - sobretudo na terceira história, a mais fraca.

Na peça ficam evidentes as três grandes marcas do Armazém: a busca por uma dramaturgia própria, a convergência de linguagens no espetáculo e a relação muito particular e criativa com o espaço. Visualmente, a montagem é linda. Teatro sério, maduro. Em outubro estará em São Paulo, no SESC Belenzinho. Indico desde já.

Pois é, queridos leitores, vou fechar a minha conta no hotel e tomar o caminho de casa. Nos vemos por aí; ao menos, quinzenalmente, às quartas-feiras. Abraços a todos.

Guilherme Conte
25/7/2005 às 11h18

 

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