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Sábado, 6/8/2005
Bala Perdida
Julio Daio Borges

Eu ainda não me considero um escritor. Nelson Rodrigues provavelmente diria que estou num estágio assim, assim... mas faço parte dos escrivinhadores que amam escrever. Acredito que todo escritor não passa de um ladrão canalha e sórdido. Quando um escritor vai ao supermercado, ele nao vai apenas ao supermercado. Ele vai roubar. Ele tira suas idéias de cenas protagonizadas por pessoas indefesas. Lá estará ele na fila do supermercado com seus olhar astuto de batedor de carteiras. Basta que algum desavisado lhe dê uma chance e... Crau! Nas ruas, nos bares, nas praias, no metrô. Lá está ele roubando de senhoras de idade, mocinhas ingênuas, pais de família, crianças e até de poiciais. Uma sordidez total. Acho que um bom escritor vive disso, pegar as mediocridades nossas de cada dia e transformá-las em artes. Quem manda a gente dar bobeira? Se cada ser humano tivesse o dom de perceber quanta arte existe na existência de cada um, esse gatuno não teria mais razão de ser. Rubem Fonseca tinha razão quando, a certa altura de O Caso Morel, escreve: "Mas que vida ordinária a sua. Advogado, policial e escritor. Sempre com as mãos sujas."

Julio Cesar Corrêa, por e-mail.

P.S. do mesmo Julio - Apesar de todas as evoluções, as mulheres continuam a reclamar, reclamar, reclamar...

Julio Daio Borges
6/8/2005 às 09h40

 

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