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Segunda-feira, 15/8/2005
Osesp, 13.08
Fabio Silvestre Cardoso

Concerto para cordas. Este poderia ser o título (ou melhor, subtítulo) para o programa da Osesp na última semana. Embora fossem bem distintas uma da outra, as três peças executadas pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tinham em comum o fato de privilegiarem os instrumentos de cordas, seja no conjunto (com a obra de Dmitri Kabalevsky), seja pela singularidade (com o solo de Steven Isserlis para a composição de William Walton), ou ainda pela força adquirida ao longo de uma performance (como ocorreu com a peça de Serguei Prokofiev). Sob a batuta do regente Yoram David, a Osesp contou, mais uma vez, com a presença de um público de apoio incondicional, se bem que com os aplausos oscilando de acordo com as peças executadas.

Para a obra Colas Breugnon Op.24: Abertura, a Osesp não precisou de cinco minutos (tempo que dura a composição) para encantar os presentes com uma performance correta e absolutamente sincronizada. Desse modo, para além da já citada unidade do naipe das cordas (com destaque para os violinos), era possível contemplar a plástica dos arcos como se estivessem sincronizados e dessem forma visual ao que era executado. Os aplausos, arrebatadores, tinham um certo lamento, talvez aguardando, logo nesse início, um bis da composição do russo Dmitri Kabalevsy (1904-1987).

Na peça seguinte, a recepção do público foi bastante curiosa. O motivo: neste Concerto para Violoncelo, assinado pelo inglês William Walton (1902-1983), muito embora a participação da Orquestra seja freqüente, é para o solista que os holofotes são literalmente direcionados. Por essa razão, o talento e o virtuosismo do violoncelista Steven Isserlis, que tocava pela primeira vez com a Osesp, que cativou e surpreendeu a platéia, que, durante as intervenções dos trompetes e da flauta, fixava os olhos na expressão do solista, este, por sua vez, se manifestava como se vibrasse com cada nota, num comportamento diferente quando se trata de um instrumentista de Orquestra (que, não obstante sua qualidade, são geralmente mais "frios" durante o espetáculo). Nesse aspecto, não poderia ser diferente a ovação da platéia ao final que, de tanto pedir, ganhou no bis mais um solo repleto de estilo e vivacidade do violoncelista.

A Quinta Sinfonia, do russo Serguei Prokofiev (1891-1953), também foi motivo de surpresa, inclusive para os conhecedores de sua obra, que estão acostumados com sua força e, nas palavras do programa do espetáculo, grandiloqüência desde o início. Nesta ocasião, o princípio foi bastante suave, com um delicado destaque para os fagotes e oboés. Já no terceiro movimento, os metais aparecem, fazendo contrapontos à presença já marcante das cordas, num embate interessante entre os naipes. A imponência da peça surge aos poucos, conduzindo o ouvinte para um encerramento majestoso, em que os metais, as madeiras e a percussão são coadjuvantes fundamentais para a participação especial dos violinos. A reação instintiva da platéia comprovou que o último movimento foi o mais significativo, num dia em que as cordas foram o brilho da Orquestra.

Fabio Silvestre Cardoso
15/8/2005 às 09h30

 

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