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Quarta-feira, 21/9/2005
Prêmio Jabuti
Fabio Silvestre Cardoso

Quando ainda era viva, a escritora Hilda Hilst fazia troça acerca do sucesso literário. Questionada a respeito dos prêmios que já tinha recebido, ela dizia: "Nunca ganhei nenhum Nobel. Só me deram umas tartarugas". A "tartaruga" à qual a autora se referia era o Prêmio Jabuti, o mais tradicional "laurel" no âmbito editorial no Brasil, principalmente porque reconhece não somente os escritores, mas também todos aqueles que trabalham em torno da concepção do livro. Na noite de ontem (20.09), o auditório Simon Bolívar, do Memorial da América Latina, foi palco para a 47º edição do Prêmio Jabuti. Embora a maioria dos vencedores já tivesse sido anunciada, havia uma certa expectativa com relação aos dois principais prêmios: o de Livro do Ano nas categorias Ficção e Não-Ficção, o que só seria revelado no final.

Antes da entrega dos troféus, os convidados, escritores, editores e jornalistas se reuniram no saguão e, espremidos, ficaram, de um lado para o outro, com as conversas de bastidores, nas chamadas "rodinhas". Fatos diversos. O Freddy (da Editora Barracuda) dizia para uma amiga sobre a "nova safra de escritores". Como disse a ele depois, não há mais tanta novidade assim em falar de Marcelino Freire, Joca Terron etc. Já a escritora Nélida Piñon, sempre acompanhada, atendeu ao chamado deste repórter e ela só foi elogios quando ouviu falar de Luís Eduardo Matta, colunista deste Digestivo. "Ah, mas o Luis Eduardo é uma pessoa a quem eu quero muito bem!", enfatizou. Isso é que é moral.

Momentos antes de a premiação ser iniciada, pausa para os pronunciamentos. Do presidente da Câmara Brasileira do Livro, Oswaldo Siciliano, do Curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb, além do Secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita. Em todos os discursos, notava-se um certo otimismo com panorama editorial no Brasil que contrasta com os índices que atestam a queda de venda de livros, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo no último sábado (17.09). Nesse momento, surgem perguntas do tipo: como o Brasil, um país de não-leitores, consegue ter tantas editoras? Por que as campanhas em prol da leitura permanecem no apelo vazio dos slogans em vez de atacar o problema educacional de frente? Enquanto formulava essas perguntas, eis que era anunciado o vencedor do Livro do Ano na categoria não-ficção. Francisco Alberto Madia de Souza pela obra Os 50 Mandamentos do Marketing (Ed. Makron Books). Já na categoria ficção, Nélida Piñon ganhou com o romance Vozes do Deserto (Ed. Record). Saí de lá com a incrível sensação de ter minhas perguntas muito bem respondidas, para o bem e para o mal.

Fabio Silvestre Cardoso
21/9/2005 às 10h30

 

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