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Quinta-feira, 29/8/2002
Desfile de homens ocos
Eduardo Carvalho

Não foi uma escolha assim, entre muitas alternativas. Já assisti a praticamente todos os filmes que estão em cartaz em São Paulo, e os poucos que sobraram não me pareceram mais atraentes. Resolvi respirar fundo e encarar, com a melhor das intenções, um filme que, em português, tem um título que concorre para ser considerado o pior entre todas as películas que já rodaram neste país: O Império (do besteirol) Contra-ataca.

Não me incomodo em assistir a um filme apenas ruim. Eles são a maioria, e eu, que freqüento cinemas regularmente, preciso estar preparado para tudo. Pensei que estivesse. Nunca imaginei que fosse possível alguém gravar uma seqüência de imbecilidades tão insuportáveis como Kevin Smith conseguiu.

Mas, se fosse apenas ruim ou imbecil, O Império não mereceria esta nota. Ele vai além. Tentando satirizar filmes que, sozinhos, conseguem ser no máximo ridiculamente engraçados, Kevin Smith produziu o que parecia impossível: uma paródia do que já era grotesco. Caiu no vácuo.

É preciso ter acabado com seus neurônios, assim como os personagens Jay e Bob, para descolar uma, apenas uma piada no filme, mesmo que seja péssima; não há. Dos filmes que assisti nos últimos anos, O Império é, disparadamente, o mais triste. Sua tristeza é sutil e sombria: não há nada mais aflitivo do que o interior de um homem oco. E o filme de Kevin Smith é precisamente isto: um absurdo desfile de personagens vazios. Só faltou ali, para completar, algum que representasse o diretor. Ou não foi ele mesmo que interpretou o personagem principal?

Eduardo Carvalho
29/8/2002 à 00h26

 

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