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Terça-feira, 12/5/2020
119 anos de Murilo Mendes
Celso A. Uequed Pitol

No dia 13 de maio de 1901, em Juiz de Fora (MG), nascia o poeta Murilo Mendes.

Filho de um funcionário público, Murilo mudou-se para o Rio de Janeiro ainda na juventude. Ali exerceu diversas atividades: foi auxiliar de contabilidade, telegrafista, funcionário de cartório e inspetor de ensino. Mais tarde viveu em Roma, onde foi professor de literatura brasileira. Seu primeiro livro, “Poemas”, data de 1930, e nele predomina a influência do Movimento Modernista de 1922. Converteu-se ao catolicismo em 1934. A partir de “Tempo e Eternidade”, de 1935, sua obra trará a marca da mística cristã presente em autores como Bernanos e León Bloy.

A poesia de Murilo Mendes revela uma ânsia pela totalidade em um mundo destroçado, que ele, o poeta, busca reconciliar e regenerar através da arte - uma arte sob o manto da Graça cristã. Nas palavras de Alfredo Bosi, Murilo é o “poeta de aderência ao ser, poeta cósmico e social que aceita a fruição dos valores primordiais”.

No dia do aniversário de Murilo, convido todos à fruição daquilo que faz de alguém um poeta: a sua própria poesia.

Deixamos uma de nossas preferidas, “Exilado”, de 1952.

Meu corpo está cansado de suportar a máquina do mundo.
Os sentidos em alarme gritam:
O demônio tem mais poder que Deus.
Preciso vomitar a vida em sangue
Com tudo o que amaldiçoei e o que amei.
Passam ao largo os navios celestes
E os lírios do campo têm veneno.
Nem Job na sua desgraça
Estava despido como eu.
Eu vi a criança negar a graça divina
Vi o meu retrato de condenado em todos os tempos
E a multidão me apontando como o falso profeta.
Espero a tempestade de fogo
Mais do que um sinal de vida.

Celso A. Uequed Pitol
12/5/2020 às 20h37

 

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