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Quarta-feira, 11/1/2006
Breve diário do desencanto
Julio Daio Borges

O que eu quero não é um notebook, entenda, é uma vida que justifique ter um notebook.

* * *

Nesse exato momento, eu quero um chá gelado, unhas mais grossas e coragem, muita coragem. Amanhã, talvez, eu queira dinheiro para pagar a conta da conexão banda larga e as guias para uns exames, mas agora eu quero mesmo é um vestido que mostre meus peitos e uma meia que não desfie. Quero dias mais longos e um namorado secreto, uma chapinha perpétua e um nariz novo. Cílios postiços? Não é má idéia. E, já que falamos nisso, uma pintinha bem aqui. Quero mais cultura geral, para poder discorrer sobre o pai de Alexandre, o Grande, e sobre os afluentes do rio Amazonas. Quero uma aula instantânea de postura, saber andar com um livro equilibrado na cabeça. Quero andar com um revisor sempre de prontidão, como a Madonna andava com aquela maquiadora. Quero dormir mais cedo, acordar mais tarde, comer mais carboidratos e mais brigadeiro. Quero som, luz e fúria, e morar num prédio com manobrista. Quero ter mais ilusões, muitas, muitas, quero acreditar em tudo, cair em mim e luxar a alma.

* * *

Tenho certeza que já passei da idade de ter amigos sinceros.

Trechos de um conto de Fal Vitiello de Azevedo, porque ela é a melhor surpresa da coletânea Blog de Papel (e porque o Inagaki me mandou...)

Julio Daio Borges
11/1/2006 às 08h58

 

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