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Sexta-feira, 7/10/2022
Um convite a Xavier Zubiri
Celso A. Uequed Pitol

A filósofa espanhola María Zambrano, uma das mais destacadas figuras da chamada "Escuela de Madrid" de filosofia, dizia que iniciou sua trajetória intelectual oscilando entre dois polos: a claridade de Ortega y Gasset e a obscuridade de Xavier Zubiri. O primeiro nome ressoará no ouvido de muitos: trata-se, afinal, do grande José Ortega y Gasset,  autor de obras fundamentais como "Rebelião das Massas" e "Espanha invertebrada", o homem da frase "eu sou eu e minha circunstância",  jornalista destacado e estilista maior da prosa espanhola. O mesmo não se pode dizer de Xavier Zubiri: à exceção de alguns especialistas aqui ou acolá, seu nome é recebido com silêncio. Seria fruto de um pensamento - para usar a expressão de Zambrano - "obscuro"? Difícil responder.

Trazer a obra de Zubiri ao conhecimento do público é o objetivo de Matheus da Silva Bernardes em "Introdução a Xavier Zubiri - Pensar a realidade", recém-lançado pela editora Paulus (112 páginas, R$ 21). O subtítulo da obra indica o caminho o projeto intelectual zubiriano: pensar a realidade radicalmente. Zubiri busca afastar-se do idealismo moderno, por um lado, e do realismo "ingênuo" escolástico e da filosofia clássica, por outro, propondo um realismo crítico, que enfoca a realidade tal como se apresenta durante a intelecção. O leitor de Edmund Husserl e Martin Heidegger identificará os aportes destes autores nessas formulações, mas o cabedal de influências do filósofo basco vai além: incorpora muito da ciência do século XX, em particular da Mecânica Quântica e da Relatividade de Albert Einsten, e retoma uma atitude filosófica da aurora da filosofia grega, deixada de lado ao longo da história do pensamento ocidental: pensar as coisas. 

Nesta "Introdução", Matheus da Silva Bernardes inicia com uma breve biografia, segue com uma apresentação sintética do pensamento do filósofo e finaliza com um apanhado das leituras contemporâneas de Zubiri, em particular na América Latina. Trata-se de um livro de convite - e é um convite muito bem apresentado, com a claridade - orteguiana? - necessária para dar a conhecer um pensamento original.

Celso A. Uequed Pitol
7/10/2022 às 15h36

 

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