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Sábado, 17/6/2006
Rio das Ostras (III)
Fabio Silvestre Cardoso

Os shows do terceiro dia do Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras, a princípio, teriam como destaque apenas as atrações da noite, em Costazul, posto em que à tarde estavam marcadas as reapresentações de dois concertos do dia anterior. Correto? Ledo e Ivo engano. E a performance do James Carter trio mostrou que uma segunda audição do mesmo espetáculo pode provocar ainda mais encantamento.

A apresentação foi na Lagoa do Iriry, às 14h, numa tarde em que o sol trouxe outra perspectiva para o desempenho do conjunto, além do fato de o palco proporcionar outra visão do espetáculo para o público. E as grandes mudanças se restringiram ao plano do ambiente. Isso porque no quesito musical a segunda apresentação do grupo apenas reforçou o sentimento de parte da platéia, assim como da imprensa presente, de que o grupo era a grande atração do festival.

Nesse sentido, um dos detalhes que mais chamaram a atenção foi a unidade do trio. No universo do jazz, não é difícil encontrar músicos de talento e capacidade de formar um conjunto de virtuoses. O que é mais difícil, no entanto, é fazer com que a genialidade de cada instrumentista seja convertida num objetivo musical comum, algo que não fique somente no plano do improviso, mas que seja organizado o bastante para que cada músico saiba encontrar o seu espaço. É exatemente isso que acontece com James Carter, Gerrard Gibbs e Leonard King, saxofonista, tecladista e baterista, respectivamente.

Cabe, aliás, destacar Gerrard Gibbs, que consegue como poucos fazer as vezes de teclado e baixo, em uma articulação que nem de longe dá a impressão de que ele possa estar sobrecarregado. Pelo contrário. A expressão do instrumentista é das mais alegres e vibrantes, sem deixar de ser centrado quando é preciso fazer a retaguarda para os solos de Carter no sax, por exemplo. Por outro lado, durante os solos de Gerrard ao teclado, tem-se a sensação de que o instrumentista criou um novo movimento a partir do órgão. Este repórter arrisca "variações sobre o Hammond", rapidez, agilidade, sem deixar de lado o sentimento em cada nota executada.

A Pianista
Quem vê Helen Sung junto com o sexteto de T.S. Monk não imagina que ela é um dos destaques do conjunto. Talvez seja por sua timidez, ou pelo fato de parecer anódino uma oriental executar o instrumento que consagrou Thelonius Monk. Pouco importa. As impressões que valem são adquiridas durante o concerto. E o público soube perceber a consistência do talento de Sung que, de certa forma, representa o conjunto de T.S. Monk. Explicação: a crítica especializada definiu esta apresentação como conservadora e até previsível, uma vez que o sexteto optou por uma performance mais acadêmica. A avaliação não está errada. Na verdade, esta foi a grande virtude do concerto, pois se a tônica do festival tem sido o estilo mais livre, é ótimo que um conjunto mantenha a tradição. Faz a diferença.

Para este sábado, T.S. Monk repete a apresentação na Praia da Tartaruga (às 17h). No palco da Costazul (às 20h), os destaques são, pela ordem, o gaitista Charlie Musselwhite e o trompetista Wallace Rooney. A cobertura segue daqui.

Fabio Silvestre Cardoso
17/6/2006 às 14h30

 

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