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Terça-feira, 4/7/2006
Uma seleção de fracassados
Tatiana Cavalcanti

Sábado, quartas de final. Brasil perde o jogo e a Copa. Perde para uma das seleções mais desacreditadas da competição, a França de Zinedine Zidane, ou simplesmente, Zizou. Eu chorei ao final do jogo, não pela derrota, mas sim por constatar o que eu já sabia: que os jogadores não dão a mínima para a Copa e para os brasileiros. Tudo o que interessa são as propagandas e recordes individuais. Eu chorei de raiva ao ver nosso herói, Robinho, aquele que pedíamos tanto para ver como titular, todo feliz e sorridente abraçando Zidane após o final do jogo, como se nada grave tivesse acontecido. Jogadores do Brasil pareciam ter ganhado a Copa, todos sorrindo. Só faltaram pedir autógrafos, como fazem as seleções menores diante do Brasil. Os únicos que choraram foram Gilberto Silva e Zé Roberto, pelo menos os que eu vi, dois jogadores que a mídia nem dava bola e que além de chorarem, fizeram o jogo ser menos humilhante do que poderia ter sido.

No especial do mês passado, escrevi um artigo sobre a Copa do México de 1970, e critiquei os super craques da seleção atual, e foi publicado no dia do jogo contra Gana, logo após o Brasil ter vencido o Japão. Muitos disseram que o texto estava desatualizado e que os Ronaldos estavam com toda a força novamente, e o Fenômeno havia renascido das cinzas e seria o grande jogador da Copa. Ele bateu seu recorde, tornando-se o maior artilheiro em Copas de todos os tempos, mas foi só isso. Depois de alcançar seu objetivo, não fez mais esforço algum.

Que papelão, sr. Parreira, que ainda tenta justificar o injustificável. Dizer que os jogadores tiveram garra é caçoar de nossa cara e achar que ainda somos ingênuos e burros. Dessa vez não houve convulsões nem abalos psicológicos. O que aconteceu é que toda a equipe amarelou. Parreira devia estar assistindo a outro jogo, já que não dormiu, como eu, assistindo aquilo que obviamente não estava funcionando. Substituições tardias, e tudo isso por causa do planejamento tático de anos que ele insistia em sustentar. Ao ser questionado sobre Robinho, ele alegou que o jogador vinha de uma contusão e por isso só entrou nos minutos finais. Mas aquela era uma quarta de final, erros não são aceitos, e se os planos não estão dando certo, ele deve arriscar. Até eu, leiga do assunto, sei que ele devia ter feito substituições muito antes do primeiro gol da França.

Que falta de garra srs. Ronaldos & cia. Ao invés de uma revanche contra a França, o que tivemos foi um espetáculo de balé, onde Zizou foi a maior estrela, com seus chapéus belíssimos em cima dos maiores craques do planeta, inclusive sobre o "Fenômeno". Uma seleção morta assistia ao show do grande craque francês que está encerrando a carreira como ele merece: no topo!

O Brasil, além de não jogar bonito, perdeu com um futebol horroroso e vergonhoso. Parecia uma daquelas seleções que entraram por acaso na Copa e estavam admiradas com o adversário poderoso. Não consigo lembrar de um lance do Brasil que ficou para a história desta Copa. A seleção dos sonhos saiu e nem parece que participou da competição. Ninguém sentiu falta dos pentacampeões. Nem nós mesmos. Esta é uma seleção para ser esquecida. Que venha a renovação com jogadores que realmente amem aquela camiseta amarela que ainda possui algum peso e causa medo nos adversários. Chega de viver das vitórias do passado, os jogadores têm que entender que é preciso jogar bola para se alcançar a tal da sexta estrela. Que 2010 seja diferente na África do Sul.

Tatiana Cavalcanti
4/7/2006 às 08h50

 

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