O Equilibrista

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Sexta-feira, 10/6/2016
O Equilibrista
Heberti Rodrigo
 
Sobre o texto A Sala Vazia e Di Chirico

As Máscaras, de Di Chirico

Link para o texto A Sala Vazia

É missão do artista penetrar o mais fundo possível naquele âmago secreto onde uma lei primitiva sustenta o seu crescimento. Que artista não desejaria habitar a fonte central de todo o movimento espaço-tempo (esteja ele situado no cérebro ou no coração da criação), de onde todas as funções extraem a sua seiva total? Onde se esconde a chave secreta de todas as coisas? No ventre da natureza, na fonte original de toda a criação? (...) Coração a palpitar, somos levados cada vez mais para baixo, em direção à fonte primordial. (do pintor Paul Klee)

De Chirico foi o fundador da chamada pintura metafísica. "Todo objeto", escreveu ele "tem dois aspectos: o aspecto comum, que é o que vemos em geral e que os outros também veem, e o aspecto fantasmagórico e metafísico que só uns raros individuos veem nos seus momentos de clarividência e meditação metafísica. Uma obra de arte deve exprimir algo que não apareça na sua forma visivel".

As obras de De Chirico revelam esse "aspecto fantasmagórico"das coisas. São transposições sonhadoras da realidade que surgem como visões do inconsciente. Mas sua "abstração metafísica"é expressada numa rigidez que toca as raias do pânico, e a atmosfera dos seus quadros é de pesadelo e melancolia ilimitada. As praças das cidades italianas, as torres e os objetos são colocados numa perspectiva exageradíssima, como se estivessem no vácuo, iluminados por uma luz fria e impiedosa vinda de uma fonte invisivel. Cabeças antigas e estátuas de deuses evocam o passado clássico.

...De Chirico foi profundamente influenciado pelas filosofias de Nietzsche e Schopenhauer. Escreveu: "Schopenhauer e Nietzsche foram os primeiros a ensinar a profunda significação do nenhum sentido da vida, e a mostrar como se podia transformar isso em arte (...). O vazio que descobriram é a verdadeira beleza, imperturbada e despida de alma, da matéria." Não se sabe ao certo se De Chirico teve sucesso em traduzir esse "vazio terrível" em "beleza imperturbada". Alguns dos seus quadros são extremamente perturbadores; outros são aterradores como um pesadelo. Mas no seu esforço para dar ao vazio uma expressão artística, ele penetrou no âmago do dilema existencial do homem contemporâneo.

Nietzsche, que Di Chirico cita como autoridade no assunto, deu nome ao "vazio terrível" quando disse "Deus está morto". Sem referir-se a Nietzsche, Kadinsky escreveu no seu O espiritual na arte: "O céu está vazio. Deus está morto." Uma frase desse tipo soa de maneira abominável, mas não é nova. A ideia da "morte de Deus" e sua consequencia imediata, "O vazio metafísico", já inquietava os poetas do seculo XIX, sobretudo na França e na Alemanha. Passou por uma longa evolução que, no século XX, alcançou um estágio de discussão livre e encontrou expressão na arte. A cisão entre arte moderna e o cristianismo foi, afinal, consumada.

O pintor russo Marc Chagall pode ser considerado o contrapeso de De Chirico. Também ele busca na sua obra uma "misteriosa e solitária poesia" e o "aspecto fantasmagórico das coisas que só raros indivíduos conseguem vislumbrar". Mas o simbolismo de Chagall, muito rico, está enraizado na piedade do judaísmo oriental e num sentimento de cálida ternura pela vida. Não enfrentou nem o problema do vazio nem o da morte de Deus. Escreveu: "Tudo pode mudar no nosso desmoralizado mundo, menos o coração, o amor do homem e sua luta para conhecer o divino. A pintura, como toda a poesia, participa do divino; e as pessoas sentem isso tanto quanto antigamente."

Extraído de O Homem e seus Símbolos, de Carl G. Jung

Link para o texto A Sala Vazia

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Postado por Heberti Rodrigo
10/6/2016 às 18h33

 
A Gestação

Hang On, by Lukasz Królak


Não se desespere, nem sequer pelo facto de não se desesperar. Quando já tudo parece ter acabado, novas forças surgem em marcha, e isso significa precisamente que está vivo. E se não vierem, então acabou tudo por aqui e de uma vez para sempre. Diário, Kafka


Há quem subestimará este breve relato julgando não passar de devaneio e loucura de alguém com o qual acredite não ter nada em comum. Há também os que não se aterão à questão de sua universalidade, limitando-se apenas a reconhecer na decisão de não permanecer acuado um gesto isolado de coragem. A bem dizer, após tantos anos, ele próprio não sabe o que pensar. Nem mesmo sabe dizer se conscientemente tomou alguma decisão porque, se o fez, é-lhe impreciso afirmar até que ponto ela não teria se dado de maneira instintiva, meramente motivada pelas circunstâncias. Assim, se lhe dizem ter demonstrado coragem ou loucura, de imediato objeta terem sido as de um homem preso no sexto andar de um edifício em chamas. Até o último momento asseguraria não saber qual seria o desenlace daquela situação, entretanto, passado alguns anos tem a impressão de, na verdade, ter hesitado em reconhecê-lo, como se preferisse o martírio de um sufocamento à volúpia de um salto no vazio. Foi-lhe terrível deparar-se com toda a extensão da impotência de um homem diante da vida, mas o que realmente o intimidou, foi sentir pesar sobre si a responsabilidade de descobrir um modo de enfrentar a angústia suscitada por uma situação que fugia ao seu controle. Mergulhado em incertezas, pressentia, no recrudescimento de seu desassossego, que se avizinhava do fim. Não atinou, mas era a aproximação da vida - e não de seu desfecho - que o aterrorizava. Enquanto os gritos oriundos de outras salas ecoavam pelos corredores, esforçava-se em organizar, racionalizar os fatos, sentimentos e pensamentos que o levaram até ali, como se buscasse uma justificativa, qualquer coisa que lhe oferecesse consolo e alento para lidar com sua condição. Em vão esquadrinhou perspectivas, acabando sempre por reconhecer nos limites de cada uma delas os mesmos limites de sua razão. Esperava que sua inteligência fosse capaz de socorrê-lo - e até então dela se serviu com algum êxito - a encontrar outras posições dentro da realidade admitida no interior daquelas paredes, mas tal realidade já se esgotara, revelando a falibilidade da razão. Sempre cabe em qualquer um de nós certa insatisfação, e vamos mudando de posição, procurando acomodá-la da melhor forma possível, segundo nossas possibilidades. Era o que vinha fazendo. É como age um homem antes de deparar-se com seu limite; e agora que se encontrava diante dele, talvez por desespero ou apenas por força do hábito, tentou uma última vez abrir a porta, mas ao tocar a maçaneta o calor advertiu-o que o incêndio havia tomado todo o andar. “É o fim”, pensou, com a testa recostada na porta e em prantos quando reconheceu, na incerteza de um futuro que se abria à suas costas, sua única saída e, no fim de suas possibilidades, seu desespero converteu-se em novas forças. Levado por um legítimo impulso de vida, uma veemente urgência de viver, arremessou sua cadeira à janela para, num só tempo, encher os pulmões de ar e este de gritos como uma criança ao deixar o útero materno. Sentiu que precisamente isso se chama viver, interpretando, anos depois, toda sua vida até ali como uma longa gestação. Assim lhe ficaram marcadas na alma as cicatrizes daquele incêndio; e, se bem que a despeito do que viveu, ainda hoje não acredite em milagres, nem saiba mais da vida do que sempre soube, sabe que ela seria inconcebível se eles não existissem.

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Postado por Heberti Rodrigo
1/6/2016 às 14h40

 
Quando nos tornamos únicos.


Cena de Tempos Modernos


Cena seguinte de Tempos Modernos


"Não me parecia possível que eu tivesse passado quase cinco anos a serviço daquela empresa sem coração. Compreendi como os soldados deviam sentir-se ao darem baixa do exército.

- Livre! Livre! Livre!

Em vez de entrar imediatamente no metrô, subi a Broadway caminhando, só para ver qual era a sensação de ser dono de mim mesmo, sem compromissos, àquela hora da manhã. Os pobres trabalhadores, lá iam eles correndo para seus empregos, todos com aquele ar triste e alarmado que eu conhecia tão bem. Alguns já corriam pelas ruas, esperando, mesmo naquela hora adiantada, receber uma encomenda, vender uma apólice de seguro, ou pôr um anúncio. Como parecia estúpida, sem sentido, idiota aquela corrida de ratos. Sempre me parecera louca, mas agora também me parecia diabólica.

Caminhei algum tempo sem destino, só pelo prazer de saborear minha liberdade recém-adquirida; sentia um prazer perverso de ficar vendo os escravos cumprindo as tarefas que lhes foram atribuídas. Eu tinha toda uma vida pela frente. Dali a poucos meses iria completar trinta e três anos de idade - e seria "meu próprio senhor absoluto". Ali mesmo, e naquela hora, jurei que nunca mais haveria de trabalhar para ninguém. Nunca mais obedeceria ordens. O trabalho a ser feito no mundo era para os cretinos - eu preferia ficar de fora. Tinha talento e iria cultivá-lo. Ou me tornaria escritor ou morreria de fome."


Trecho de Plexus, de Henry Miller


Os anos de aquartelamento foram marcados pela repressão de minha individualidade e origem da mais intensa crise de minha vida. Ao envergar uma farda, despi-me de minha liberdade de folguedos e da alegria de aprender por conta própria, segundo o tempo de minhas inclinações naturais, para me enquadrar ao severo regulamento militar que contrariava minha natureza. Toda a insistência em me adequar àquele cotidiano, todas as punições a que fui submetido, e como um terrível ácido dissolveu a personalidade de muitos de meus colegas, findaram por fortalecer-me ao desencadear em mim uma forte aversão ao chamado mundo real. Pouco antes de ser expulso, eu já decidira não apenas não me tornar um militar, mas também não me enquadrar a nada que me levasse a violentar qualquer uma de minhas vocações ou necessidades mais íntimas. Escrever é uma delas. Foi a minha própria natureza, o meu destino, que assim determinaram, e nossa natureza, amigos, é coisa à qual homem nenhum pode contrariar. Quando os portões do quartel se fecharam às minhas costas, eu não sabia que caminho seguir, mas já tinha a firme convicção de que não seria aquele pelo qual envereda o homem comum. Naquela ocasião pude novamente sentir a alma ser banhada pelo sol matinal que dá novo ânimo a um condenado em seu primeiro dia de liberdade, após anos de desterro num presídio. Num momento de minha vida em que tudo o que eu tinha eram meu amor-próprio ferido, minhas paixões e desilusões, eu sentia aquela imprecisa melancolia do homem que havia se extraviado do mundo. Esse inexorável sentimento de ruptura com a realidade na qual meus amigos seguiam com suas vidas, crepúsculo de minha primeira infância, foi decisivo no desenvolvimento de uma personalidade que se fechou em si mesma com suas dúvidas, anseios e ambições para, na solidão, dedicar-se à sua verdadeira formação, uma formação que lhe dará músculos mais fortes para encetar um caminho que apenas se abre pelas mãos de um homem de gênio.

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Postado por Heberti Rodrigo
26/5/2016 às 14h09

 
Paris é o meu improviso.




"As coisas, por exemplo, começavam todas pelo princípio e acabavam no final. Por isso, nesse tempo, para ele tinha sido uma grande surpresa, e nunca mais as esquecera, umas declarações do cineasta Godard onde dizia que gostava de entrar nas salas de cinema sem saber quando é que o filme tinha começado, entrar ao acaso em qualquer sequência, e ir-se embora antes do filme ter terminado. Seguramente, Godard não acreditava nos argumentos. E possivelmente tinha razão. Não era nada claro que qualquer fragmento da nossa vida fosse precisamente uma história fechada, com um argumento, com princípio e com fim."

Enrique Vila-Matas, Doutor Pasavento (Teorema, 2007)



Às vezes, vocês me verão desabafar e improvisar. Esta mensagem é um desabafo; Paris, o meu improviso. É isso mesmo, Paris é o meu improviso. Não há argumentos que justifiquem uma temporada na cidade ao invés de dar uma entrada numa casa própria, sobretudo em se tratando de alguém como eu que está longe de ter uma renda, ou família rica, e vive num país em crise. Para alguns é uma insensatez, mas é simplesmente algo que quero viver, que preciso viver. Poderia inventar argumentos, justificativas, mas a verdade é que sinto necessidade de ir e irei. Sobre o que trarei na bagagem, o que essa viagem com ares de mudança me trará em troca de cada centavo gasto, poderia especular a manhã inteira, mas seria inútil. A justificativa para ir não a encontrarei em minhas especulações. Ela virá com o tempo, depois de a viagem ter sido feita, como normalmente acontece na vida de todo ser humano por mais que isso o contrarie. É difícil dar saltos no escuro, mas a vida nos impele a eles de tempos em tempos. É incômodo todo impulso que nos pressione em direção ao desconhecido, que nos desvie de caminhos tão repisados e aparentemente previsíveis e seguros. Entretanto, o que podemos fazer quando aquilo que buscamos na vida, ou dizemos buscar - ou seja, viver nossas próprias vidas - nos leva a esses desvios? Paris é um desvio, um improviso. Não sei aonde me levará, mas sei que se quiser continuar me sentindo vivo tenho de seguir em frente. Algo semelhante aconteceu anos atrás quando resolvi largar a faculdade, decidido que estava a me tornar escritor. Escrever também foi um desvio, um improviso. Eu parecia estar destinado a me tornar engenheiro militar. Era o caminho que seguia, embora não me fizesse feliz. Se não fazia era porque estava me levando para cada vez mais longe de mim mesmo. Ouvi inúmeras vezes que seria uma insensatez não me formar, mas até hoje não me arrependi. Eu não tinha escolha: estava sufocando. Ter abandonado a idéia de obter um diploma para me dedicar à escrita foi um desvio em direção à vida, um retorno a mim mesmo. Sinto que essa viagem à Paris tem o mesmo significado. Ambas as coisas estavam fora do script. Foram improvisações, minhas improvisações. Antes minha fala deveria ser diplomar-me. Agora querem que seja dar uma entrada em um imóvel e sair do aluguel, ou comprar um carro e deixar de andar a pé com o dinheiro que será investido em uma estadia na cidade luz. Esse seria, ou melhor, é o caminho repisado para alguém da classe média brasileira, é seguir o script, mas não é dessas coisas que preciso neste momento de minha vida. Preciso respirar. Preciso ouvir minha própria voz pois é disso que vive um escritor como eu. Farei esse desvio, improvisarei uma vez mais, e não tenho outra justificativa para assim agir senão a íntima e apaixonada necessidade de me sentir vivo. Desde ontem à noite não preciso mais buscar argumentos para ir pois compreendi que essa viagem havia se tornado em si mesma o seu próprio argumento.

Sobre a insensatez ou não dessa decisão, assim como a de não ter me diplomado, só o futuro dirá. Até este momento qualquer coisa que se diga é mera especulação. Tudo o que, hoje, se pode afirmar é que estou saindo do script, improvisando, e isso, para mim, significa estar vivo.

Contato: [email protected]

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Postado por Heberti Rodrigo
13/5/2016 às 08h27

 
Os Construtores do Mundo II - Onde está o Brasil?



"Todo este sangue de mil raças / corre em minhas veias / sou brasileiro / mas do Brasil sem colarinho / do Brasil negro / do Brasil índio." Sérgio Miliet"


Ao escrever estas palavras, não tenho em mente a idéia folclórica de o Brasil deixar de ser o que sempre foi para se tornar "o país do futuro". Penso apenas se não estaria acontecendo o que já se passou aqui mesmo em outras épocas. Será que nesse lamaçal ético, econômico, político, intelectual e social que o país se tornou não estará desabrochando uma flor de Lótus? Será que o Brasil é apenas isto que os jornais repercutem?

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Postado por Heberti Rodrigo
10/5/2016 às 08h11

 
Os Construtores do Mundo - Será a vez do Brasil?


Gandhi e Einstein


Quando olhamos para trás, constatamos que, em todas as épocas, sobretudo em tempos de crise, surgiram indivíduos, atuando nos mais diversos campos da atividade humana, que tornaram suas vidas grandes pelo simples fato de não terem se deixado levar pelos padrões de comportamento, ideologias e convicções de suas épocas. Por não terem recusado a pensar por si mesmos, por terem sido refratários à insensatez que entusiasma às massas, eles acrescentaram à realidade, alteraram-na. Ao dedicarem suas vidas a levar adiante suas próprias intuições e ideais, essas naturezas geniais não estavam apenas escrevendo suas extraordinárias biografias. Estavam, ao mesmo tempo, empunhando a pena que traça a história de seus países e da própria humanidade.

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Postado por Heberti Rodrigo
7/5/2016 às 11h11

 
A Sala Vazia


After de Chirico, John Hultberg



Le silence éternal de ces espaces infini méffrace.

- Blaise Pascal, Pensées, iii, 206.

That space of the scientists... Their lenses are so thick that seen through them the space gets more and more melancholy. There seems to be no end to the misery of scientists’ space. All that it contains is billions of hunks of matter, hot or cold, floating around in the darkness according to a great design of aimlessness.

-Willem de Kooning


Naquele dia, não precisei bater à porta: encontrei-a aberta. Logo ao entrar notei que ela havia retirado os móveis da sala, inclusive os quadros das paredes e os livros da estante. Manteve apenas a velha poltrona em que escrevia, embora a arrastasse de um canto a outro, inquieta. Aquela cena me intrigou e, absorta como estava, decidi não perturbá-la. Permaneci observando, em silêncio. Tão atraído pelo que fazia me senti que esqueci de mim mesmo e do conto que havia escrito e sobre o qual gostaria de ouvir sua opinião. A expressividade de seus gestos e semblante era-me de uma beleza comovente. Talvez para qualquer outro aquela cena representasse apenas uma dona de casa ocupada com uma faxina de rotina. Uma dona de casa e mais nada. Mais nada? Não, havia algo mais ali, e eu era capaz de sentir, pressentir. Ela não estava arrumando a sala. Ela buscava, e essa busca se manifestava na inquietação de seus gestos e feições, na insatisfação com que empurrava a poltrona. O que poderia haver numa sala vazia? O que um olhar precipitado não revelaria, mas, no silêncio em que mergulhara, pude entrever, é que justamente por estar vazia as possibilidades tornavam-se maiores. A própria sala tornava-se maior. Tudo era levado a uma dimensão impensada. Qualquer um é capaz de reconhecer um ambiente vazio, mas intuir e investigar o que há ou poderá tornar-se aquele vazio não é dado a toda gente. Ela se permitia a liberdade de experimentá-lo, questioná-lo, vivenciá-lo, sobretudo quando escrevia. Diziam que era corajosa, mas não era coragem. Era paixão. Paixão pelo incomum que emergia em seus textos a partir deste vazio que às suas palavras transmite significação e vida. Ela trabalhava o vazio. Ela se reconstruía a partir d’Ele. Certa vez, confidenciou-me que somente conseguia escrever quando se sentia cansada de si mesma e que era justamente nesses acessos de insatisfação e tédio consigo própria que irrompia sua necessidade de “silenciar-se e desadaptar-se”. Naquela ocasião, não a compreendi. Somente depois de vê-la arrastar sua poltrona tornei-me capaz de apreender o sentido de suas palavras e o motivo de ela ter sido duramente criticada como inclassificável e hermética. O que tinha a comunicar era expresso, sobretudo, no intervalo entre uma palavra e outra, no não-dito. As palavras serviam-lhe de moldura, limitavam; o vazio, libertava e, devido a essa liberdade, a essa abertura para novas possibilidades de releituras que dali surgiam, injustamente chamavam-na de hermética. Esse pensamento ocorreu-me quando, em meu silêncio, observei-a também em seu silêncio. Tudo se passou espontaneamente, instintivamente. Daquele dia em diante, não precisei perguntar-lhe coisa alguma ou fazer qualquer esforço para alcançar sua obra. Lê-la é como ler numa outra língua: só é possível quando não estamos indiferentes, quando estamos familiarizados. Ela tem uma língua própria. Todo grande escritor tem sua própria língua. É preciso estar sensivel a ela para que a obra se revele. Foi o que ocorreu naquele dia e creio que, por isso, encontrei sua porta aberta.


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Postado por Heberti Rodrigo
1/5/2016 às 12h42

 
O Inclassificável


Upside-down figures. Miró



Dear Heberti,

I'm absolutely delighted that you have this success! It's wonderful news, and well deserved. Your unique style and determination as a writer always impressed me. I never had the slightest doubt that you would find a readership through writing in your own language (you can be translated when you're world famous) and I'm just so very pleased that you had the courage to go through with it. Please do stay in touch any time you like. With best wishes to your wife and son and you,

Rebecca



Dr. Rebecca Bilkau is First Chairperson of Writers Ink, a poet, playwright, life-writer and optimist. She has taught Creative Writing at the Universities of Lancaster, Central Lancashire and Cumbria, as well as the Open University in England and the TU Braunschweig. Her stories have been performed on Irish television, her plays presented in community venues in London, and her prose has appeared in the Buddhist and national press. In 2012 she moved to Lower Saxony, Germany, where she now lives with her husband and her dog.

Fonte: http://www.writers-ink.de/html/whoswho.html"

Contato: [email protected]

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Postado por Heberti Rodrigo
30/4/2016 às 13h32

 
O Cárcere




"Nós morremos. Esse pode ser o sentido da vida. Mas nós fazemos a linguagem. Essa pode ser a medida das nossas vidas." Toni Morrison


- Por que não vai adiantar falar comigo? Pergunta-lhe, sua mulher, enquanto coloca as mãos dele entre as suas como se lhe dissesse em tom apaziguador “Você não está sozinho”.

Ele soergue a cabeça e, com o olhar ao mesmo tempo obstinado e desamparado, responde:

- Não adianta...

Ele tenta falar, se esforça, mas não consegue e é claro que a mulher não pode compreender.

De tempos em tempos essa cena se repete entre eles. Desde seu desterro, ele vivencia esses momentos em que uma peculiar solidão o exaspera. Sim, foi desterrado e não porque houvesse cometido um crime. Simplesmente descobriu-se culpado. Assim como há homens que, no convívio com outros, se descobrem “deficientes”, também há os que se descobrem culpados. É o caso dele. Outrora, quando ainda era inocente, jamais atinara que pudesse sentir-se tão solitário estando rodeado de amigos ou mesmo ao lado da mulher que viesse a enxergar como sua companheira ideal. Hoje compreende que cada um é solitário em seu crime de existir, e a linguagem dos outros não nos serve para libertar-nos. Solidão não é estar só como pensam os inocentes: solidão é incomunicabilidade. Para transpor sua dificuldade de comunicar o que se passa consigo – e ele sente que precisa fazer isso em troca de sua redenção – ser-lhe-á forçoso elaborar sua própria linguagem, uma linguagem que, por ser sua e não dos outros, homem nenhum pode lhe ensinar. O que os outros podem ensinar é a linguagem dos outros, e, se bem que o conhecimento desta lhe pareça imprescindível para elaborar a sua própria, apenas por si mesma não lhe basta. Ele escreve como que para se libertar. Acredita que criar sua linguagem o libertará para tornar-se o que é.

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Postado por Heberti Rodrigo
29/4/2016 às 19h26

 
d'EUS


Picasso

"Deus é o existirmos e isto não ser tudo". Fernando Pessoa


Não lhe disse palavra alguma. Não poderia. Há coisas que apenas o silêncio consente em comunicar. As palavras não compartilham tudo. Não dizem, por exemplo, o que é real. Talvez não digam porque é possível que o real seja algo não-definido, e toda palavra traga em si mesma um limite que a define. É certo que algumas abrangem um espectro maior de significações: são mais elásticas, por assim dizer, mas mesmo estas não podem ser distendidas indefinidamente sem que venha a ser desfigurada a sua própria essência, a acepção que a faz ser ela e não outra. Significar é limitar, e há coisas que permanecem arredias a um significado. Não que sejam insignificantes, mas porque há nelas elementos antagônicos e intangíveis. Assim, sempre que tentamos descrever a realidade somos obrigados a deformá-la, extirpar-lhe certos predicados, enfim, limitá-la para que possa ser envolvida pelas palavras. Para um artista comunicar o que está muito além dos lugares-comuns surge, então, a questão de como elaborar uma linguagem apropriada aos seus desígnios; e, justamente neste ponto consiste o desespero de um grande escritor: de que modo dizer o inaudito, atingir o inatingível?

Ela parecia saber que toda palavra acarreta uma meia verdade. Como disto chegou a saber, e, mais do que isso, como conseguiu estabelecer tão singular linguagem entre eles para comunicar aquilo é coisa que me causa espanto. Instinto materno?Impossível asseverar tal possibilidade mesmo porque muitas são as mães que parecem ignorar semelhantes potencialidades. O que se pode afirmar é que agiu como se soubesse acompanhá-lo até o ponto crítico, aquele a partir do qual um átomo de “eu”, recaindo vertiginosamente sobre seu próprio núcleo, torna-se tão demasiado exaltado e denso que violentamente atinge outros “eus”, irrompendo o envoltório e a incomunicabilidade e o silêncio que o envolve para, de um singelo “eu”, desdobrar-se na pluralidade “nós”, num ilimitado universo de elementos antagônicos. Como é possível tal universo originar-se do caos e da instabilidade de um único “eu”? Pode realmente a unidade em si mesma comportar o infinito? Entre a realidade de um indivíduo e a do mundo, o “eu” e o “nós” onde está a fronteira? Existirá uma? Se não houver, como abarcar tudo isso que me esforço em lhes dizer nos limites da palavra sem destruir a essência de cada uma? A mim, parece que as respostas a estas questões, bem como a todas sobre a natureza do real, sempre nos escapam.

“De uma costela de Adão, Eva; e de Eva, todos nós” - é o que anos mais tarde lhe responderia sempre que ele a questionasse sobre como tudo começou. Diante de seu olhar incrédulo à sua resposta, ela silenciava. Mais não se atrevia a dizer. Não que lhe faltasse o conhecimento ou a intuição (o que era a mesma coisa em seu caso) de tudo aquilo, mas porque faltava a ele a experiência de mundo e de si mesmo (o que também no caso dele dava no mesmo) que lhe permitisse atribuir um sentido mais profundo àquelas palavras. Todavia, estou me antecipando. Por enquanto, ele ainda é só um coração que bate no útero dela. Sim, está vivo, mas nada sabe da vida. Ela, no entanto, sabe que justamente por ele ainda não haver rompido os limites de seu corpo e individualidade - que o protege, o alimenta, e cada vez mais o constrange -, por não haver deixado seu ventre e se exposto ao contato direto com o mundo, não adquiriu aquela experiência intima que mais tarde se mostrará tão reveladora. Enfim, ela sabia que ele ainda não era ele próprio: apenas uma parte dela, e isso tornava ela própria uma parte dele. Até aquele momento, entre ele e o mundo, estava ela com suas experiências e expectativas. Por isso, o que porventura viesse a aspirar tornar-se ela não sabia se era por vontade dele ou dela. Até aquilo que ele talvez imaginasse ser naquele instante, ela não sabia se de fato o era por ele mesmo. O que sabia, e aos dois bastava naquele momento, era que para ele seguir imaginando e desejando e existindo, haveria instantes em que teria de deixá-la. Quando o primeiro deles adveio, chorou ao ouvi-lo chorar. Ele chorou porque pela primeira vez experimentava a solidão de estar no mundo; ela, por simplesmente ouvi-lo. Comoveu-se, mas não se inquietou: sabia que chorar significa viver. Também não se apressou a satisfazê-lo. Queria que experimentasse sua própria presença no mundo e, com ela, a solidão que dali em diante o acompanharia. Até então apenas sentira o mundo através dela, por isso não conhecia nem o frio nem a fome nem o medo. Não conhecia a vida. Ela havia decidido lhe dar uma, não poderia recuar agora. Deixou-o, então, chorar e só mais tarde tomou-o em seus braços. Quando ele sentiu o calor de seu corpo o choro cessou. Não se sentia sozinho.

Não obstante se conservasse junto a ela, estava agora em contato com o mundo, existia. Porém, estar no mundo ainda não é ser, pois 'ser' é algo do qual apenas nos avizinhamos quando nos sentimos irremediavelmente entregues a nós mesmos, e, naquele momento ele ainda não estava. Não havia tomado a decisão de tornar-se o seu próprio Eu e, ainda que jamais viesse a saber o que isso possa significar, pois há coisas que permanecem arredias a um significado, tinha de ousar tornar-se se quisesse ser...


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Postado por Heberti Rodrigo
28/4/2016 às 19h06

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