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Domingo,
28/4/2019
Blog da Mirian
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
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Direções da véspera V
Ao longe, o aeroporto se reconta
nos mitos dos roteiros permanentes.
Ansiando merecido pouso, minha aeronave de papel
retorna do trajeto diurno.
Olhando as ruas, projeto aterrissagem
em terra amiga. No fundo dos mares
ressonam estrelas. E náufragos.
“A canoa virou / Deixaram ela virar”.
No relevo da cidade, farejo travessias.
Ao desajeito dos meus versos, canto
utopias e cantigas de roda.
(Do livro Travessias
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28/4/2019 às 09h59
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Direções da véspera IV
Fora-se o brilho dos tempos dourados.
Em esquiva das penas, o viajante sorvia
insânia. E se alimentava da própria carne.
Naqueles lugares de angústia, – entre mortos
e feridos – salvou-se a Arca de Noé.
Os homens? Se salvariam?
Alguns perderam a memória. Outros,
na pele gravaram lembranças.
No calendário, mudaram-se as datas.
Mas, que vestígios são esses
no miolo do pão, esfriando sempre?
(Do livro Travessias
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6/4/2019 às 09h12
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Direções da véspera IV
Fora-se o brilho dos tempos dourados.
Em esquiva das penas, o viajante sorvia
insânia. E se alimentava da própria carne.
Naqueles lugares de angústia, – entre mortos
e feridos – salvou-se a Arca de Noé.BR>
Os homens? Se salvariam?
Alguns perderam a memória. Outros,
na pele gravaram lembranças.
No calendário, mudaram-se as datas.
Mas, que vestígios são esses
no miolo do pão, esfriando sempre?
(Do livro Travessias
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6/4/2019 às 09h12
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Direções da véspera III
Da terra de origem, guardei objetos
e imagens. Travesseiro. Cartas.
Minha figura-de-proa carregando emblemas.
Contando estórias de garrafas.
Ressuscitando moribundos.
Valeu a pena esse rosário de travessias
desbravando as entranhas? Valeu a pena
esse rosário de navios desbravando becos?
Meu reino e meu cavalo por um verso!BR>
Fugindo da cólera dos deuses, a poesia
se arrebenta nas calçadas. Sobrevive?
(Do livro Travessias)
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17/3/2019 às 10h40
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Direções da véspera II
Do exílio, ficou o gosto das travessias.
O ermo das ruas aguardando os notívagos.
Ficou a tela da TV – mostrando guerras
e delícias – em compactos segundos.
Nosso reino pelo Cavalo de Tróia.
Nosso reino por um chope gelado.
Minha face por um castelo de festas.
Minha bolsa pelo aluguel do quarto.
Meu espelho pela minha imagem.
Nesse desajeito dos meus cabelos,
enlouquecem delírios de realidade.
(Do livro Travessias)
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24/2/2019 às 17h23
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Direções da véspera I
Foram-se os dourados da década travestida
de ouro. Por angústias, os dias se ressarciam
nas aventuras e músculos do Sheik de Agadir.
Nesse tempo, o anjo torto ensimesmou-se.
Nesse tempo, ser gauche tornou-se crime de guerra.
Mais tarde, disseram-me que:
saiu-de-moda. No desajeito da fala,
procuro meu verbo perdido.
Naufragando em papel, minhas palavras.
No desajeito destes versos, vagueiam
sonâmbulos da cidade prometida.
(Do livro Travessias)
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10/2/2019 às 18h08
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Direções da véspera (Introdução)
Às mãos do pai, vinha o endereço da casa
de aluguel, na ruazinha cheirando a peixe.
Enfim, ao meio dia recolhia-se o lixo.
Mas, ao giro das chaves, nada me respondia.
Do outro lado da fechadura, meu olhar galgando
calçadas. Quarto de todos era a sala de oração.
E, ultrapassando o umbral, as moscas
rememoravam a última praga do Egito.
Porta de entrar e sair, quem te abriu
ou te fechou nas direções da véspera?
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
28/1/2019 às 11h01
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Direções da véspera (Introdução)
Às mãos do pai, vinha o endereço da casa
de aluguel, na ruazinha cheirando a peixe.
Enfim, ao meio dia recolhia-se o lixo.
Mas ao giro das chaves nada me respondia.
Do outro lado da fechadura, meu olhar galgando
calçadas. Quarto de todos era a sala de oração.
E, ultrapassando o umbral, as moscas
rememoravam a última praga do Egito.
Porta de entrar e sair, quem te abriu
ou te fechou nas direções da véspera?
(Do livro Travessias)
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13/1/2019 às 10h28
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Canções de amor
Queridos amigos e leitores,
Será uma grande alegria encontrá-los
no lançamento do meu livro
CANÇÕES de AMOR
19 de dezembro
Livraria Prefácio
Rua Voluntários da Pátria, 39, Rio de Janeiro/ RJ
a partir das 19 horas
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17/12/2018 às 21h50
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Casa de couro V
Mala grande? Era a casa imaginada navio.
Em águas do banho, eu imaginava oceanos.
Roteiros de ida-e-volta. Âncoras no quintal.
Na infância, a guerra era clarão. Fortalezas
de pedra (os quartos): minhas portas ao noviciado
das fábulas. Na cama desfeita, ficaram lágrimas
da despedida. No bolso do casaco,
o forro descosturado.
Casa de couro. Casa d’água.
Dentro da mala, eu construía balsas.
Minha morada flutuante.
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
25/11/2018 às 11h00
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Julio Daio Borges
Editor
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