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Quinta-feira, 28/5/2015
Blog de Expedito Aníbal de Castro
Expedito Aníbal de Castro
 
O Crime da Faca

Nos últimos dias o Brasil vivenciou, com tristeza, o crime da faca. Quando alguém importante se tornou alvo da faca, o país inteiro repudiou a mesma. Parecia que a faca, sozinha, havia cometido vários crimes, culminando no assassinato do médico cardiologista. Quem estava por trás da faca não era tão importante quanto a faca. Aliás, imediatamente, a Câmara dos Deputados desenterrou um projeto que tornava crime o porte de objeto tão hediondo. No Brasil, onde a Presidente chora com dó dos menores que deveriam estar na escola ou no lazer, não se procura a razão do crime, mas o objeto que possibilitou sua realização.

A frieza, a covardia, a maldade, a torpeza do crime somente foram analisados ontem, quando a mãe do assassino entregou o filho à polícia. Que lição para a Presidente ! É assim, senhora Presidente, que uma mãe ou outra pessoa qualquer, de bem, toma providências contra o crime. Ela, a mãe, certamente é uma mulher pobre, talvez carente de educação, mas que sabe, Sra. Presidente, que seu filho cometeu algo muito errado e, além de saber, ela sabe que o filho sabe. Ele tem dezesseis anos, pode votar, dirigir, pode casar, com anuência dos pais, portanto sabe, muito bem, o que é tirar uma vida, uma vida por uma bicicleta. Caro ou barato? Perguntem aos familiares do médico. Caro ou barato é uma pergunta fora do contexto? É ser frio demais, diante das circunstâncias? Já vi crimes por vinte reais, por um quilo de carne. A vida do ser humano, neste país de corruptos, corruptores, traficantes, estupradores, está se tornando cada dia mais barata. Vai contrariando a inflação; é o único bem que está caindo de preço.

Nosso Código Penal, de 1940, coloca a maioridade penal aos 18 anos. Estava correto. Nasci em 1952 e, nunca, até depois que o PT assumiu o poder, vi tanta falta de moralidade em todos os setores da vida pública e particular. Eu, e não era somente eu, todos os meus colegas também, respeitávamos nossos professores e, logicamente, a recíproca era verdadeira; até hoje tenho meu Diretor como um ídolo; respeitávamos nossos pais e apanhávamos, tanto no colégio quanto em casa. Não conheço um sequer, dos meus colegas, que tenha se tornado assassino por causa disso. Esse respeito se estendia às autoridades de uma maneira geral, aos mais velhos, às senhoras casadas, aos sacerdotes, etc. Hoje as escolas públicas estão repletas de meninos e meninas que não têm respeito por ninguém, nem por eles mesmos e as escolas particulares já exigem dos professores um jogo de cintura maior com as pequenas contravenções dos alunos.

Desarmaram o cidadão; tiraram-lhe todo direito de defesa em prol de uma criminalidade mais baixa. Ora, se temos de um lado, milhões de pessoas indefesas e, do outro, alguns milhares armados e violentos, já se pode prever o que vai acontecer. A criminalidade cresceu consideravelmente depois do Estatuto do Desarmamento. E mata-se como se mata um animal asqueroso, sem dó, sem piedade, cruelmente, com requintes de torpeza. O Estatuto do Desarmamento tornou-se obsoleto pelos próprios fatos e estatísticas que estão aí para qualquer um observar. Poucos meses atrás a rede Globo mostrou as cidades mais violentas do mundo, entre elas Fortaleza, onde moro, em sétimo lugar e outra capital nordestina com classificação pior que a de Fortaleza. É isto que queremos para nosso país? Qual pai vê seu filho sair para uma festa ou para namorar ou para comprar um remédio, e fica tranquilo?

Quando, finalmente, independente da idade do assassino, irão ser analisados a frieza, a covardia, a maldade, a torpeza, antes de que seja analisado o objeto que permitiu fosse realizado o crime? Quando as polícias terão armamentos modernos e salários condizentes com o perigo da profissão? Por falar nisso, morei em Rondônia, porto Velho, de 1986 a 1988, na qualidade de Superintendente da Caixa Econômica Federal. Certa vez fui fazer uma visita à Polícia Federal. O Superintendente mostrou-me, então, as lanchas usadas pela polícia e comparou-as com as usadas pelos traficantes, as chamadas voadeiras. Fazia dó a comparação. Não sei se algo mudou de lá para cá.

Finalmente, fica a triste constatação de que foi a faca que praticou o crime.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
28/5/2015 às 18h17

 
A Mãe - Máximo Gorki II

Como sabemos, os revolucionários tinham uma séria restrição a Deus. Que Deus era esse que dava tudo a alguns e nada a quase todos? Portanto, são várias as passagens nas quais tal sentimento é expresso de maneira clara:

É preciso transformar Deus, purifica-lo ! Vestiram-no de mentiras e de calúnias, mutilaram-lhe o rosto para nos matarem a alma.

- Cristo não tinha vontade firme. "Afasta de mim esse cálice", dizia Ele. Reconhecia César. Deus não pode reconhecer o poder dum homem sobre os outros, é Ele que é todo o Poder. Ele não partilha a sua alma, Ele não diz: Isto é divino, aquilo é humano.... Mas Cristo admitia o comércio, admitia o casamento. E maldisse a figueira, o que é injusto; se era estéril, acaso era sua culpa? Se a alma não tem bons frutos, a culpa não é sua... Fui eu, acaso, que semeei nela o mal? Então !

Já a Mãe, fervorosa cristã ortodoxa, rezava sozinha em seu quarto, quando de preocupações maiores:

Depois de terem partido, fechou a porta e, ajoelhando-se no meio do quarto, pôs-se a rezar enquanto a chuva caía lá fora. Rezava sem pronunciar palavras. Unia num só pensamento todos os que Paulo tinha posto na sua vida. Via-os passar entre ela e as santas imagens, e eram todos tão simples, tão estranhamente próximos uns dos outros, e tão sozinhos !

A vida da Mãe foi mudando significativamente, à medida que as reuniões se sucediam. O filho foi preso por desconfiarem de que era ele que distribuía os panfletos revolucionários na fábrica. Havia premente necessidade de que alguém substituísse Paulo nessa tarefa, por dois motivos: primeiro, a necessidade mesma de que os operários continuassem sendo informados; segundo, se os panfletos parassem de ser distribuídos, ficaria provado que Paulo era seu distribuidor. Dois emissários procuraram a Mãe e esta aceitou a missão com resignação e, também, por ser ela uma pessoa insuspeita. A partir daí a Mãe passa a fazer parte do grupo, ficando responsável pela distribuição dos papéis. Procurou, também, aprender a ler, sozinha, com vergonha, escondendo seu analfabetismo.

André, um personagem que fica morando na casa da Mãe e que é quase como um irmão para Paulo, continua liderando as reuniões e recebendo a afeição de Pelágia. O trecho a seguir mostra como o grupo continuava após a prisão de Paulo:

A vida decorria rápida, com os seus dias de rostos variados, claros ou sombrios. Cada um trazia qualquer coisa de novo que já não inquietava a mãe. Cada vez mais frequentemente, vinham desconhecidos, à noite; conversavam com André a meia voz, com ar preocupado. Saiam mais tarde, a gola levantada, o chapéu caído sobre os olhos, sem ruído, no meio das trevas, para não despertarem a atenção. Sentia-se que cada um deles continha a sua excitação, que todos desejariam cantar e rir, mas que, sempre apressados, não tinham tempo para isso. Uns, irônicos e graves, outros alegres, cheios de força desbordantes da mocidade, outros ainda pensativos e calmos....todos tinham aos olhos da mãe qualquer coisa de obstinado, de segurança em si próprios. Embora cada um deles tivesse os seus traços singulares, todos se fundiam, para a mãe, num só rosto magro, animado por uma resolução calma, um rosto claro com olhos escuros, um olhar profundo, acariciante e severo, o olhar de Cristo a caminho de Emaús.

Gorki escreve soberbamente e torna-se gostoso lê-lo. Suas descrições são bastante adjetivadas, mas seus personagens são, na maioria das vezes, passivos, ou seja, seguem a Escola Naturalista. São os fatos que movem os personagens e não estes que produzem aqueles. Quando a mãe se tornou a distribuidora de panfletos, não foi ela que procurou tal encargo, mas este lhe foi praticamente imposto pelas circunstâncias e pela pressão dos emissários. Veremos, mais à frente, que Paulo portará a bandeira do movimento, no dia primeiro de maio. Não que ele o deseje, mas porque o papel de herói se impõe a ele. O amor, entre ele e uma colega revolucionária, é logo no início, descartado por Paulo, porque o movimento não permitia ter outros compromissos.

Com a saída de Paulo da prisão, a mãe desabrocha de alegria. Ela já entende o movimento e sente-se orgulhosa em fazer parte dele. Recebe com orgulhos os elogios do filho e dos companheiros deste.

A mãe pôs-se a rir. Com o coração cheio de uma doce euforia, sentia-se embriagada de felicidade, mas já um sentimento de avara prudência lhe fazia desejar ver de novo o filho dentro da calma que lhe era peculiar. Era felicidade demasiada para ela e queria que essa alegria, essa primeira grande alegria de sua vida, se fixasse para sempre no seu coração e aí ficasse, viva e forte, como tinha vindo. Temendo ver diminuir essa felicidade, apressava-se a escondê-la o mais depressa possível, tal como um passarinheiro que tivesse apanhado por acaso uma ave maravilhosa.

Chega a Primavera e, ao invés de termos uma descrição de alegria, de flocos de neve ainda caindo e enchendo de luz os dias, temos escuro, lama, sujo.

A Primavera aproximava-se, a neve fundia descobrindo as imundícies e as escórias que tinham dissimulado sob a sua brancura.. Cada dia, a lama se tornava agressivamente aparente, o bairro todo parecia vestido de sujos andrajos. Durante o dia, os tectos pingavam, as paredes cinzentas das casas fumegavam, e depois, ao crepúsculo, formavam-se por toda parte estalactites de gelo, dum branco sujo. O sol mostrava-se cada vez mais frequentemente. Indecisos, os regatos começavam a murmurar e corriam para o pântano.



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Postado por Expedito Aníbal de Castro
22/5/2015 às 16h19

 
A Mãe - Máximo Gorki I

Os escritores russos, de maneira geral, conseguem transmitir, em suas obras, um ambiente triste, frio, escuro, às vezes, lúgubre. Máximo Gorki, pseudônimo de Alexei Maximovitch Pechkov não é diferente. Todos que nasceram na época do czarismo e participaram, em maior ou menor grau, da revolução operária, sofreram física e psicologicamente a perseguição do sistema.

Gorki nasceu na pequena cidade de Nizhny Novgorod em 1868. Aos dez anos perdeu a mãe e passou a ser criado pelo avô que era tintureiro. Não era exatamente um lar para a criança de uma inteligência incomum que iniciou uma vida nômade, fazendo todo tipo de trabalho. Certa vez, trabalhando num navio, tomou emprestado um livro de um dos colegas, interessando-se, a partir daí, pela literatura. A vida lhe proporcionaria todo tipo de vivência que serviria como base para suas obras. Aliás, o nome Gorki significa o amargo.

Gorki logo se tornou ativista político e iniciou sua produção literária perfilando-se, como muitos outros, na Escola Naturalista, ou seja, transmitia uma realidade crua mostrando que o indivíduo era, tão somente, consequência do ambiente e da hereditariedade. Veremos, na análise da obra, o quanto Gorki se esforçava para mostrar isto ao leitor. Em 1887, aos 19 anos, tenta o suicídio. O tiro não o matou, mas perfurou seu pulmão o que provocou, mais tarde, uma tuberculose. Em 1890 foi preso em virtude de suas atividades políticas.

A Mãe, obra que o tornou conhecido internacionalmente, mostra a vida de uma senhora Pelágia Vlassova , seu filho, Paulo e os jovens revolucionários que rondam em torno dos dois. A vida na Rússia daquela época era bastante sofrida. Trabalhava-se doze horas em uma fábrica qualquer, outras horas eram gastas na bebida que, de alguma maneira, ajudava a suportar o sofrimento. As mulheres, então, eram objetos de uso e de maltrato por parte dos maridos e, às vezes, dos próprios filhos homens. O frio era intenso e as pequenas comunidades viviam de uma maneira que todos sabiam da vida de todos. A neve se tornava lama e o caminhar era difícil, as casas pequenas e as paredes sempre tinham ouvidos.

O marido de Pelágia, que morre logo no início da obra, é assim descrito pelo autor:

Assim era a vida do serralheiro Miguel Vlassov, homem carrancudo, peludo, de olhos desconfiados escondidos sob espessas sobrancelhas, e um sorriso maldoso. Era o melhor serralheiro da fábrica e o hércules do bairro, mas ganhava pouco porque era grosseiro com seus chefes; todos os domingos batia em alguém; toda a gente o detestava e o temia........O rosto coberto dos olhos ao pescoço por uma barba negra e as mãos peludas mantinham o terror geral. Eram sobretudo temíveis os olhos, pequenos e penetrantes, que verrumavam as pessoas como se tivessem uma ponta de aço; quando se lhe encontrava o olhar, sentia-se a presença duma força selvagem, inacessível ao temor, pronta a castigar sem piedade.

Observa-se, aí, a capacidade descritiva do autor, seja do físico, seja da alma de seus personagens. Sobre A Mãe — ele sempre a chama assim — e sobre o filho — Paulo — ele desce a detalhes ainda mais minuciosos, mesmo porque, à medida que a trama se desenvolve, mais se vai conhecendo de cada um. A Mãe observa o filho a iniciar-se no movimento proletário, nas leituras obscuras, para ela que sequer sabia ler; observa com preocupação, pois antevê onde vai terminar essa opção. O filho não é como os outros jovens: não bebe, não namora, não se permite lazeres, não bate nela. Pelo contrário, à medida que flui a narrativa, o filho se mostra atencioso e carinhoso. Isto aproxima a Mãe das reuniões que o filho mantém com um numeroso grupo de jovens que, paulatinamente, vai sendo conhecido por Ela.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
21/5/2015 às 17h00

 
Gênio

Hoje li quatro textos dos novos blogueiros, como eu, que versavam sobre a leitura ou sobre o hábito de ler ou da dificuldade de ler. A leitura inebria, nos embala, nos faz conhecer terras distantes, pessoas diferentes. A leitura proporciona o saber, o conhecer, e, por isso mesmo, nos torna mais humanos, mais simples, mais humildes.

Harold Bloom, crítico literário norte-americano, escreveu, entre outras obras, o livro Gênio: são oitocentas e vinte e oito páginas de puro prazer. Texto leve, fácil, relaciona cem autores que, segundo ele não encerra, em absoluto, os "100 melhores", na avaliação de quem quer que seja, inclusive na minha. Apenas estes autores são aqueles sobre os quais desejei escrever.

Harold Bloom, a exemplo de Mário Vargas Llosa, ou o inverso, também combate a Civilização do Espetáculo e as instituições acadêmicas obsoletas, que, desde 1967, vêm cometendo um suicídio lento. O autor divide o livro em dez conjuntos, trazendo cada conjunto a denominação de um Sefirot (plural de Sefirah) cabalístico. Cada conjunto reúne dez gênios (escritores) segundo a explicação que ele oferece para a palavra gênio e sua própria concepção da mesma palavra.

Harold Bloom é, ao mesmo tempo, judeu — cabalista — e gnóstico. Ele entende que A Cabala é uma ciência especulativa que depende de linguagem extremamente figurada. Dentre as principais figurações ou metáforas da Cabala destacam-se os Sefirot, atributos a um só tempo, de Deus e de Adão Cadmo, ou Homem Divino, feito à imagem de Deus. Mais à frente ele diz: Proponho, para o entendimento de noção de gênio, uma definição simplificada de gnosticismo: trata-se de um conhecimento que liberta a mente criativa dos ditames da teologia, do historicismo e de qualquer divindade que se anteponha àquilo que existe de mais criativo no eu. Um Deus alienado do eu interior é um Deus Carrasco, conforme o chamou James Joyce, o Deus que gera a morte. O gnosticismo, como religião do gênio literário, repudia o Deus Carrasco.

O autor passa, então, aos conjuntos de gênios. O primeiro conjunto nos trás em primeiríssimo lugar William Shakespeare, para quem também dedicou uma outra obra sua: Shakespeare e a invenção do Humano , outro tijolaço mais hermético que Gênio. Como me afeiçoei aos escritores russos, fiquei um tanto triste pois no primeiro conjunto ele aborda Tolstoi, no terceiro, Anton Tchekhov e, somente no último, Dostoiévski (meu preferido) únicos autores russos mencionados.

Além das duas obras já citadas, merecem ser lidas: Onde encontrar a sabedoria e Cânone Ocidental.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
18/5/2015 às 16h59

 
Fundos de Pensão das Estatais - CPI

Iniciei minha vida profissional na Caixa Econômica Federal, em novembro de 1972. Fui aprovado no primeiro concurso público que a Caixa promoveu, entre os primeiros lugares e, embora morando no Ceará, fui, juntamente com mais cinco colegas, chamado para assumir em São Paulo. Estávamos no auge da ditadura e o intercâmbio inter-regional era uma exigência da mesma. Em 1974 pedi demissão e fui trabalhar em uma empresa particular. Em 1976, já no Ceará, fui aprovado para o Banco Central do Brasil e, em 1979, novamente para a Caixa Econômica Federal.

Nos anos de 1972 a 1974, nós, empregados da Caixa, contribuíamos para uma Seguradora da Caixa, chamada Sasse. Quando voltei, em 1979, já havia sido criada a FUNCEF, para a qual contribui durante mais de trinta anos, até minha aposentadoria. A FUNCEF tem como objetivo complementar o valor da aposentadoria do INSS. Sempre procurei contribuir com o valor máximo possível pois pensava não só na minha família, como em ter uma terceira idade tranquila.

Como eu, milhares de colegas que hoje estão aposentados ou se aposentando, fizeram a mesma viagem para terras distantes e conseguiram tornar a Caixa Econômica Federal a potência que ela é hoje. Como eu milhares de colegas, homens ou mulheres, contribuíram por dezenas de anos para o Fundo de Pensão dos Empregados da Caixa Econômica Federal o que fez desse fundo, também, uma potência, a ponto de alguns governantes tentarem distorcê-lo.

Agora conseguiram ! A FUNCEF acumula um prejuízo de 5,5 bilhões de reais, é isso mesmo, bilhões, não escrevi errado. Tivesse a FUNCEF aplicado todo seu patrimônio no aplicativo que menos rende, a poupança, e não teria um centavo de prejuízo, embora não tivesse lucro. O valor desse prejuízo, comparado relativamente com o da Petrobrás, é muito maior. O comentário é de que esses recursos foram aplicados em obras públicas, principalmente na hidrelétrica de Belo Monte. Mas o assalto aos fundos de pensão não ficou por aí: comenta-se que o Postalis, fundo de pensão dos empregados dos Correios, adquiriu títulos públicos da Venezuela, e que o PREVI, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil e o PETRUS, fundo de pensão dos empregados da Petrobrás estão na mesma situação.

Mas o problema não termina aí. Quem vai pagar o prejuízo? Os aposentados que, apartir de janeiro de 2016 terão uma drástica redução em suas aposentadorias. Mas... e os responsáveis pela aplicação? Caso não haja uma CPI que desvende quem aplicou, sob ordens de quem, nada será apurado. Já há colegas doentes de preocupação. São milhares de famílias que mudarão drasticamente seu modo de vida. Houve algo parecido com o fundo de pensão dos empregados do BNB, décadas atrás e, segundo consta, mais de vinte cometeram suicídio.

A MÍDIA tem sido extremamente aguerrida na descoberta de fraudes e corrupção, neste governo que, ao que tudo indica, quer destruir o Brasil e é a ela e aos POLÍTICOS HONESTOS que dirigimos nosso apelo: que seja criada uma CPI para investigação da administração dos fundos de pensão das estatais.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
12/5/2015 às 16h43

 
Seres assim ..........

Exatamente a dois anos e seis meses atrás, uma das minhas filhas chegou com o marido e, por acaso, eu estava andando com minha esposa, e nos encontramos, os quatro, na calçada. Minha filha, abruptamente, puxou um par de sapatinhos e nos mostrou. Eu e minha esposa ficamos, vamos dizer assim, sem entender o que significava aquilo. Depois de alguns instantes sem que disséssemos nada, ela perguntou ansiosa: Vocês ainda não entenderam ? Caímos na real: ela estava grávida. Foi uma alegria desorganizada: abraços, telefonemas, o mundo inteiro deveria saber da notícia. Era o primeiro neto. Passaram-se quatro meses e soubemos que era uma menina. Felicidade geral.
Nesse meio tempo, a esposa do nosso filho mais velho também ficou grávida. Outra alegria desorganizada . Seria de qual sexo? E ficamos aguardando que fosse menino. Quatro meses mais tarde nosso filho ligou e, quase que se desculpando, deu a notícia: outra menina.
Não imaginávamos o quanto nossas vidas mudariam. Quando a Maria Cecília nasceu, minha esposa passou dois meses na casa de minha filha, ajudando e ensinando o básico sobre recém nascidos. Eu já tinha perdido, totalmente, o jeito de como segurar um bebê. Somente depois do terceiro mês fui capaz de coloca-la nos braços.
Janice (minha esposa) voltou e foi concluir o enxoval da outra netinha. Em seguida, após o parto, foi para a casa de minha nora, também por quase dois meses. Só consegui segurar Maria Dalila depois dos três meses, também.
Enquanto isso, eu ia quase todos os dias a casa de minha filha para passear com Maria Cecília, na posição de cadeirinha para que ela fizesse cocô. E não é que ela fazia?
Seres assim, puros, inocentes nos fazem ver o mundo de outra maneira. Nos fazem mais sensíveis, mais compreensivos, menos estressados, muito mais alegres. A mudança interior é profunda. Hoje, Maria Dalila, fica de segunda a sexta com uma babá em nossa casa. Ela é de uma alegria contagiante; ri de tudo, brinca de tudo e, às vezes, ninguém sabe quem é mais criança, se ela ou a babá. Só ouvimos as risadas. Maria Cecília vem todas as sextas-feiras e quando os pais necessitam sair à noite ou nos dias não úteis. Ela é mais compenetrada, embora bastante simpática, alegre e sensível, extremamente sensível. Algumas músicas, tipo O cravo e a rosa fazem-na chorar. Às vezes fico admirado da maturidade dela. Ambas transmitem um amor que só os avós podem perceber. Seres assim têm uma missão importante neste nosso planeta maluco: mostrar que, apesar de tudo, o AMOR ainda é possível, amor puro, infantil, ingênuo, não importando que os outros nos vejam como bobos.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
30/4/2015 às 22h51

 
Impeachment, sim !

O PT iniciou sua vida política com um código de ética rigoroso, exigindo posturas rigorosamente exemplares de seus filiados e dos políticos dos demais partidos. Eram alvos permanentes de suas críticas os políticos Collor, Renan, Sarney, Jáder Barbalho e tantos outros. O PT foi o partido que mais se empenhou no impeachment do Presidente Collor e, se todos estão lembrados, o motivo do mesmo foi o fato de o Presidente ter recebido um carro de presente, corrupção passiva. Em seu programa o PT expressava uma defesa inabalável dos trabalhadores e seus direitos, inclusive o tão famoso Fator Previdenciário, tão prejudicial aos aposentados.

Durante o ano de 2014 o governo do PT acordou, com as diversas distribuidoras de energia, uma redução na tarifa de maneira que essa redução se refletisse nas contas de energia. O preço da gasolina, apesar dos altíssimos preços do petróleo no mercado internacional, permaneceu estável. Os bancos estavam todos de portas abertas para empréstimos e financiamentos; o programa Minha Casa Minha Vida estava de vento em poupa; o PAC se arrastava mas ainda estava vivo e o PRONATEC, pupila dos olhos da Candidata, recebia recursos suficientes, pelo menos até a campanha. A inflação dava seus saltos mas moderados e o PIB, embora um pibinho, era positivo. Vivia-se quase no céu.

A campanha eleitoral de 2014, para quem a analisa hoje, foi hilária. Segundo a candidata do PT, os oposicionistas desejavam um Banco Central independente para elevarem os juros; estes mesmos candidatos jamais destinariam os recursos necessários para o FIES e o PRONATEC; iriam cortar direitos dos trabalhadores; iriam parar com o Minha Casa Minha Vida e acabar com o Programa do Bolsa Família. A candidata rechaçou a acusação de destinar boa parte dos recursos do Brasil para outros países como Cuba, Venezuela, Equador, Argentina e outros. A operação Lava a Jato já apresentava seus primeiros resultados e a Candidata defendia-se dizendo que tudo seria devidamente apurador e os corruptos punidos. Ela conseguiu mostrar aos brasileiros mais humildes e dependentes do bolsa família que os outros candidatos estavam ali para prejudica-los.

Nos deparamos, em 2015, com um vergonhoso estelionato eleitoral, com um Ministro da Fazenda chamado para consertar as contas públicas, com uma redução drástica nas despesas do orçamento federal, com cortes de gastos na área da Educação, com redução significativa no Minha Casa Minha Vida, aperto no crédito, inflação galopante, perspectiva de um pibão negativo, corrupção grassando em todos os setores da economia, Petrobrás quase falida e muitas notícias péssimas que ainda virão.

Como se pode observar, houve evidente má fé do governo do PT nas medidas adotadas em 2014 pois objetivavam enganar o povo brasileiro quanto à economia do país. O governo fez a Petrobrás amargar um gigantesco déficit ao adquirir petróleo caro e vender gasolina com prejuízo. Causar prejuízo a uma empresa estatal, com o fim específico de obter vantagens eleitorais, burlando a boa fé do povo , deve, sim, ser motivo de impeachment. Há mais que razões para tal.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
29/4/2015 à 00h30

 
Seres assim ..........

Exatamente a dois anos e seis meses atrás, uma das minhas filhas chegou com o marido e, por acaso, eu estava andando com minha esposa, e nos encontramos, os quatro, na calçada. Minha filha, abruptamente, puxou um par de sapatinhos e nos mostrou. Eu e minha esposa ficamos, vamos dizer assim, sem entender o que significava aquilo. Depois de alguns instantes sem que disséssemos nada, ela perguntou ansiosa: Vocês ainda não entenderam ? Caímos na real: ela estava grávida. Foi uma alegria desorganizada: abraços, telefonemas, o mundo inteiro deveria saber da notícia. Era o primeiro neto. Passaram-se quatro meses e soubemos que era uma menina. Felicidade geral.
Nesse meio tempo, a esposa do nosso filho mais velho também ficou grávida. Outra alegria desorganizada . Seria de qual sexo? E ficamos aguardando que fosse menino. Quatro meses mais tarde nosso filho ligou e, quase que se desculpando, deu a notícia: outra menina.
Não imaginávamos o quanto nossas vidas mudariam. Quando a Maria Cecília nasceu, minha esposa passou dois meses na casa de minha filha, ajudando e ensinando o básico sobre recém nascidos. Eu já tinha perdido, totalmente, o jeito de como segurar um bebê. Somente depois do terceiro mês fui capaz de coloca-la nos braços.
Janice (minha esposa) voltou e foi concluir o enxoval da outra netinha. Em seguida, após o parto, foi para a casa de minha nora, também por quase dois meses. Só consegui segurar Maria Dalila depois dos três meses, também.
Enquanto isso, eu ia quase todos os dias a casa de minha filha para passear com Maria Cecília, na posição de cadeirinha para que ela fizesse cocô. E não é que ela fazia?
Seres assim, puros, inocentes nos fazem ver o mundo de outra maneira. Nos fazem mais sensíveis, mais compreensivos, menos estressados, muito mais alegres. A mudança interior é profunda. Hoje, Maria Dalila, fica de segunda a sexta com uma babá em nossa casa. Ela é de uma alegria contagiante; ri de tudo, brinca de tudo e, às vezes, ninguém sabe quem é mais criança, se ela ou a babá. Só ouvimos as risadas. Maria Cecília vem todas as sextas-feiras e quando os pais necessitam sair à noite ou nos dias não úteis. Ela é mais compenetrada, embora bastante simpática, alegre e sensível, extremamente sensível. Algumas músicas, tipo O cravo e a rosa fazem-na chorar. Às vezes fico admirado da maturidade dela. Ambas transmitem um amor que só os avós podem perceber. Seres assim têm uma missão importante neste nosso planeta maluco: mostrar que, apesar de tudo, o AMOR ainda é possível, amor puro, infantil, ingênuo, não importando que os outros nos vejam como bobos.


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Postado por Expedito Aníbal de Castro
23/4/2015 às 13h29

 
Minha Terra

Devo confessar que amo profundamente minha terra natal e gostaria de ter o dom de poder cantá-la em versos. Por lá passa o Rio Jaguaribe, maior rio seco do mundo — somente fica caudaloso na época das chuvas — e que dá nome ao vale por ele banhado: Vale do Jaguaribe . A cidade que amo, Limoeiro do Norte é uma grande ilha deste vale, pois o rio divide-se em dois quando a encontra. Ela é conhecida como princesa do vale por seus bons colégios e por concentrar várias outras instituições que as demais cidades do vale não possuiam. Isto graças ao seu primeiro bispo, Dom Aureliano Matos que trouxe Hospital Maternidade, Colégio Diocesano, Rádio Educadora Vale do Jaguaribe, Seminário Diocesano e outras.

Foi nessa terra maravilhosa que vivi minha infância e minha adolescência. O Colégio onde estudei, o Diocesano, ficava em frente à minha casa. Quando chegava, após as aulas, fazia os deveres e corria para o sítio que se prolongava por mais de um quilômetro até atingir o rio. Ali eu criava as mais incríveis fantasias, muitas vezes baseadas nos livros e revistas que lia. Ficava ali, meu paraíso, até o sol começar a se por. Era a hora mais triste para mim. Eu devia voltar para casa. Essa hora, até hoje, ainda é triste.

Como disse, não tenho o dom de poeta, mas Limoeiro do Norte produziu muitos, entre eles Napoleão Nunes Maia Filho, Luciano Maia, Virgílio Maia, três irmãos que fazem parte da Academia Cearense de Letras, Irajá Pinheiro e, jamais poderia esquecer, o Padre Francisco de Assis Pitombeira, meu eterno professor e diretor. Portanto, vai aqui um poema de Luciano Maia .

Da Confissão da Terra e da Água

Juro que não queria (não lastimo)
Esta morte, que aos poucos me conforma.
E devo confessar, no meu silêncio
(sem suplicar amparo ou conforto)
Que me seculariza o solo adusto
Um grito (ausente) que não cala a dor
Das noites de paixão sob o Cruzeiro
Buscando inexauríveis mananciais
Na arquitetura hídrica do sonho

E reparti as minhas vãs palavras
Por essas pedras mudas, sob o sol
O peito ardendo em fogo inapagável
Dessangrando artérias sobre o solo
As sílabas do vento emudecendo
À secular sangria das vertentes
Tutelares da Terra Nordestina.

Mas sempre guardo do verdor efêmero
Das bem-vindas visitas das neblinas
O som e o brilho (nuvens sedutoras!)
Da água fascinante, que suspira
Pedindo (a se mirar no espelho mágico
Da terra que lhe abraça o corpo úmido)
Para ficar no leito que ressurge
De carinhoso verde revestido
Dos vales cearenses (seus amantes).

Luciano Maia

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
24/3/2015 às 15h01

 
o movimento do dia 15 de março de 2015 (2)

O dia 15 de março de 2015 será visto, no futuro, como o dia da maior manifestação pacífica em toda história do Brasil. Famílias inteiras, o pai com os filhos nos ombros, a esposa segurando uma bandeira ou cartaz, os avós como que para apoiar o movimento e a família, estavam todos lá. Eu fui com minha esposa, dois dos quatro filhos, nora, futuro genro e uma tia de 78 anos. Dizer que senti um imenso prazer, é muito pouco. Cada um de nós sentia em cada bandeira, em cada cartaz, em cada outro, a esperança de um Brasil melhor, onde saúde, educação e segurança de qualidade, sejam pressupostos de qualquer administração futura. Mas não era apenas isso: ali estava uma geração que se despedia e outra geração que em pouco assumirá os destinos do país. No meio, uma geração praticamente perdida, para a qual os doze últimos anos foram politicamente desperdiçados. Doze anos nos quais a corrupção grassou desenfreadamente; nos quais o slogan "Pátria Educadora" significou uma redução de sete bilhões de reais no ministério respectivo e o FIES foi de água abaixo, deixando milhares de estudantes sem a mínima condição de cursar a tão sonhada faculdade; nos quais brasileiros morreram às portas ou mesmo dentro dos hospitais, por falta de médicos, de macas, de remédios, embora sejam enviados para Cuba centenas de milhões de reais pelos médicos "emprestados"; nos quais o cidadão foi desarmado em prol de um menor índice de violência, e os bandidos continuaram armados e a violência aumentou significativamente; nos quais o judiciário subordinou-se ao executivo liberando todos os "mensaleiros"; nos quais o Ministro que vai presidir o julgamento dos envolvidos no maior escândalo de corrupção já visto no mundo, o da Petrobrás, foi advogado do partido que hoje está no governo, partido cujos alguns integrantes também estão envolvidos no escândalo; nos quais muitos e muitos milhões de dólares foram enviados para Cuba — construção de um porto -, para Venezuela e para mais outros países, enquanto boa parte dos brasileiros muitas vezes não tem o que comer; nos quais a meritocracia foi substituída por cotas que levam em consideração apenas a cor da pele; nos quais foi anunciado um programa chamado PAC — Programa de Aceleração do Crescimento cujas obras hoje estão totalmente paralisadas; nos quais uma candidata, em sua campanha para reeleição, prometeu tudo de bom para o povo e, após vencido o pleito, adotou medidas totalmente contrárias às prometidas, cometendo, assim, o maior estelionato eleitoral já visto. É este o BRASIL que a geração da terceira idade não quer deixar para seus netos.

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Postado por Expedito Aníbal de Castro
18/3/2015 às 17h26

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