A Taça do Mundo é Nossa? | Lisandro Gaertner | Digestivo Cultural

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Segunda-feira, 24/11/2003
A Taça do Mundo é Nossa?
Lisandro Gaertner
+ de 3400 Acessos

Ganhei, por obra e graça de mais uma promoção, dois ingressos para a pré-estréia do primeiro, e possivelmente, último filme dos cassetas. De graça não me recusei a ir. Depois de passar por um trânsito desgraçado na Lagoa-Barra, cheguei no UCI em cima da hora e para minha surpresa todos os 18 cinemas faziam parte do evento. Segundo o que pesquei das conversas dos organizadores circulando pelo local, pelo menos 3 mil pessoas haviam sido convidadas.

Na entrada do enorme complexo consumista-brega-pseudo-cinematográfico, pessoas/modelos/sei-lá-o-quês vestidas com a camisa do brasil e perucas black power entregavam coupons aos espectadores que indicavam a sala em que você assistiria ao filme e um vale, dando direito a uma pipoca e a um copo de coca-cola. Como não podia deixar de ser, filas enormes se formaram em frente às bombonieres para receber o suborno da Globo Filmes, também gentilmente aceito por esse que vos escreve.

Na sala de exibição aonde fui alocado, grupos de adolescentes guerreavam com a pipoca gratuita, algumas pequenas celebridades circulavam e rodinhas de casais de meia idade contabilizam os atores da globo que haviam conseguido ver enquanto esperavam o filme, já atrasado, começar. Quando o atraso já estava quase chegando a uma hora, Lula Buarque e alguns cassetas entraram na sala. Com um certo automatismo, eles repetiram o discurso padrão ( "foi muito legal fazer esse filme"), provavelmente feito nas outras 17 salas, contaram algumas velhas piadas de duplo sentido, reforçaram o impossível ("o filme é ótimo") e saíram satisfeitos por terem feito um mea-culpa antes de tudo começar. As luzes se apagaram.

O filme terminou depois algumas poucas risadas e no salão do cinema um super buffet estava sendo servido. Os espectadores, distraídos por mais esse suborno, se acotovelavam para pegar cervejas, refrigerantes e salgadinhos. Não ouvi um comentário a respeito do filme. Nem bom, nem mau. A Globo sabe fazer as coisas.

De repente, mais uma surpresa. Os modelos da entrada apareceram no salão dançando músicas dos anos 70. Como desgraça pouca é bobagem, o público começou a acompanhar os passos do corpo de baile improvisado, criando um espetáculo que me fez rir muito mais que o filme.

Eu? Só fiquei tempo o suficiente para beber a cerveja correspondente ao que gastei com gasolina e fui me embora.

O filme? Preciso dizer alguma coisa? Se montam um espetáculo desse tamanho esperando que, no boca-a-boca, o filme venha a estourar, ele não deve ser lá essas coisas. E não era.

A Taça do Mundo é Nossa? (II)
Se antigamente o diretor era um gênio e o filme, uma merda, agora o filme é uma merda, mas o buffet da pré-estreía é genial.

A Taça do Mundo é Nossa? (III)
Não dá nem para dizer que eles tentaram imitar o Monty Python. Ainda falta muito para chegar perto de uma imitação ruim.

Debatendo a Impunidade
- Boa noite, voltamos hoje com mais um programa Debatendo. Nosso tema de hoje é Impunidade. Para começar, gostaria de pedir aos nossos convidados que dêem suas opiniões sobre o assunto. Convidado 1, você acha que a impunidade é um grande problema no Brasil?
- Bom, eu acredito que sim.- responde o convidado 1.
- E em qual setor a impunidade é pior? Convidado 2, você poderia responder essa?
- Claro, na minha opinião, nas questões de trânsito a impunidade é pior.
- Mas, por quê?
- Bom, - se intromete o convidado 3- além de ser difícil se determinar as razões de um acidente, as pessoas tendem a deixar esse tipo de crime para lá. Afinal foi só um acidente, não havia intenção de cometê-lo. Ninguém, de caso pensado, quer bater seu carro ou atropelar alguém.
- Concordo, - complementa o convidado 1- e como todo mundo pode vir a cometer um crime de trânsito, o assunto é meio deixado de lado. Deixar um criminoso impune é garantir a sua própria impunidade depois.
- É mesmo - o convidado 2 se exalta.- E quando o criminoso é um famoso, aí é que não vai acontecer nada.
- Graças a Deus! - os 3 convidados suspiram em uníssono.
- Bom, - encerra o papo o apresentador- esse foi mais um programa Debatendo. Quero agradecer a presença de nossos três convidados: Edmundo, Alexandre Pires e Leonardo. E os nossos telespectadores; espero vê-los no nosso próximo programa, aonde continuaremos debatendo diversas questões importantes para o nosso país, pois, de concreto, nada vai acontecer mesmo.

Desemprego artístico
"Artista" gosta de reclamar. Não tenho dinheiro, estou devendo três meses de aluguel, não como há dois dias, fui despejado e estou morando no quarto de empregada da minha ex-mulher. Por outro lado, quando a situação aperta e, só então, eles pensam em arrumar um emprego, ao invés de procurar posições que lhes dêem a renda necessária para a sua sobrevivência, procuram as de menos responsabilidade e com os menores salários. Ué, o Tarantino começou como atendente de locadora e o Bukowski durante anos foi carteiro.

O que fazer então? Meu conselho é: parem de se encantar com a vida de vagabundo e façam dinheiro com as suas habilidades. Vendam muitos livros, peguem bicos de ghost writer, façam traduções, trabalhem no departamento de criação de uma agência publicitária, pintem cartazes ou filmem casamentos e festas infantis. Sei lá, mas parem de reclamar. Se aferroar a ilusão de que é preciso manter a tal da "integridade artística" não é nada produtivo. Por essas e outras, não é de espantar que não tenhamos até hoje uma indústria cultural lucrativa no Brasil. Também com esse tipo de atitude...

Mas o que estou fazendo aqui pregando para o deserto? Ninguém vai seguir esse conselho. Afinal, ser artista no Brasil é passar fome, pedir subsídios ao governo, amigos, mães e namoradas, mas comprar livro na Leonardo da Vinci.

É, o Ultraje tinha razão: Inútil, a gente somos inútil!

Boutique das Ilusões
- Boa tarde, em que posso ajudá-la?
- Boa tarde. Eu ouvi dizer que vocês, como posso dizer...
- Você ouviu dizer que nós vendemos roupas para aspirantes a escritora. Não foi isso?
- Foi isso, sim. Mas como é que funciona?
- Bem, você simplesmente nos diz que estilo de escritora você quer aparentar e nós preparamos o seu visual.
- Que ótimo! Mas tem um problema. Eu não estou bem certa de que tipo de escritora quero ser...
- Isso não é problema nenhum. A maioria de nossas clientes começa com o estilo de vestir e depois pensam em que tipo de escritora querem ser.
- Mas, e se o meu estilo de vestir não bater com o meu estilo literário?
- Não se preocupe com isso. Muitas de nossas clientes passam mais tempo vendendo a imagem do que escrevendo, e deixam que os seus ghost writers se preocupem com o seu estilo literário.
- Ghost Writers? Quer dizer que eu não preciso escrever para ser uma escritora?
- Na verdade, isso até atrapalha. Para que você não fique achando que precisa fazer arte e acabe prejudicando o seu potencial de mercado, é melhor que você se preocupe apenas com o estilo e o ghost writer escreva o que o seu público precisa ouvir.
- Mas e se alguém descobrir isso?
- Bom, para que ninguém desconfie, nós temos essa linha completa de notebooks que você pode ficar carregando de um lado para o outro. Assim, todos vão achar que você estará sempre escrevendo algo.
- Genial!
- E não é só isso, na compra de um notebook você ganha inteiramente grátis um blog com 100 posts já escritos sobre a dificuldade de ser uma aspirante a escritora.
- Meu Deus, era tudo o que eu queria. Então, já posso escolher o meu modelito?
- Claro, que tipo de roupa te agrada mais?
- Hum, eu gosto muito de vestir saia justa.
- Infelizmente, não trabalhamos com saia justa.
- Por quê não?
- Por que até nós temos critérios de qualidade.

Nota do Editor
Lisandro Gaertner é autor do blog Atematica, onde estes textos foram originalmente publicados (com exceção de "Boutique das Ilusões", publicado originalmente no blog Dog God e também no site Paralelos).

Update 2006
Leia também "Mentiras diplomáticas 1: a Copa do Mundo é nossa"


Lisandro Gaertner
Rio de Janeiro, 24/11/2003

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