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Segunda-feira, 12/1/2009
Jornalista e empreendedor?
Marta Barcellos
+ de 4000 Acessos

Em setembro de 2008 completei cinco anos fora de uma redação de jornal. Antes disso, foram 18 anos ininterruptos, quase todos com carteira assinada e alguma estabilidade. Quando resolvi sair do meu último Emprego, desses com caixa alta, muita gente se espantou.

Aos poucos, porém, comecei a observar o interesse dos amigos e conhecidos pelos meus novos caminhos. Eu não ia mesmo para assessoria de imprensa? Não tinha mesmo virado mãe e dondoca? Então ― perguntavam discretamente, olhos brilhando ―, me explica: como é essa "coisa", de ser jornalista e empreendedora???

Apesar de ter estudado cuidadosamente o meu plano B, antes do tal primeiro passo, ficava receosa de me celebrar como exemplo. Mas isso fugia um pouco do meu controle, quando começava a falar sobre o assunto, de tão empolgada e convicta que estava.

Além disso, acredito que, se houvesse mais jornalistas produzindo conteúdo fora das redações, esse mercado se consolidaria, se tornaria mais profissional. Claramente existe uma demanda crescente, tanto dos veículos como das empresas.

Mas em geral os jornalistas "freelam" dois, três meses, reclamam da instabilidade e logo sucumbem aos apelos do agitado mercado da "comunicação corporativa".

Hoje, apesar de feliz e adaptada, tento segurar a minha vontade de convencer os amigos a sair de redação e não ir para assessoria de imprensa. Lembro que cada caso é um caso, e que os jornalistas não costumam se notabilizar pelas características consideradas fundamentais para um empreendedor ou profissional autônomo ― tipo disciplina, automotivação e algum espírito sonhador.

Ao contrário, o estereótipo do jornalista, pelo menos o da minha geração, era o de um sujeito tão crítico que se tornou cético (o oposto do sonhador/crédulo), um tanto desorganizado, e que precisa de uma boa pauta, ou um bom chefe, para sair da depressão e revelar todo o seu talento.

Mas o fato é que muitos desses jornalistas da antiga, quando vão para assessorias, se revelam grandes empreendedores ou executivos. Ou seja, o estereótipo é apenas isso mesmo, um estereótipo.

Além disso, o mundo do trabalho está mudando (não, coleguinhas, a crise de Empregos não atinge só as redações). Os especialistas no assunto garantem que, no futuro, a maior parte das pessoas trabalhará como prestadora de serviços, outros se revelarão empreendedores e montarão pequenos negócios, e só uma minoria continuará nas grandes empresas.

No caso dos jornalistas, acredito que o futuro já começou. É fácil se adaptar? Nem sempre. Não seria melhor, ou mais seguro, continuar batalhando espaço no conhecido ambiente dos Empregados, que podem reclamar dos chefes ou patrões? Depende.

Da última vez que uma amiga, de redação, me sondou sobre o sucesso da minha empreitada, acabei fazendo uma lista de prós e contras, seguindo os tópicos que ela mandou por e-mail. Reproduzo abaixo o tal roteiro ― minha modesta contribuição para ajudar os interessados no assunto. E, claro, continuo disponível para os bate-papos, inclusive os sigilosos.

"Vamos lá, amiga

Sobre solidão: Ela realmente existe. A internet ajuda a aliviar, e, sempre que não estou com um prazo no pescoço, faço o máximo de social possível, combino almoços com os amigos. Tenho também uma estagiária, que é uma gracinha, então a gente leva aqueles papos mulherzinha, fundamentais no dia a dia. Agora que tenho um computador extra, convido os eventuais prestadores de serviços para ficarem comigo no escritório, mas nem sempre eles topam.

Quantidade de trabalho: Não falta. Para quem tem talento, e alguns relacionamentos, os clientes ou freelas estão sempre aparecendo. Comecei fazendo muitos freelas, alguns meio mal pagos, e agora tenho pego projetos grandes, tipo livro e relatório anual. Mas às vezes sinto falta de fazer matérias, e aceito freelas novamente, mesmo que a grana não seja lá essas coisas.

Na verdade, o problema é selecionar, saber dizer não com jeitinho, ir montando uma carteira de clientes que seja interessante, descobrir o que pode ser terceirizado ou não. A minha estratégia é diversificar, para não trocar patrão por um clientão, ou seja, ficar na mão de alguém. Cliente às vezes torra o saco, que nem chefe. Então tem que pesar a grana e a realização, antes de dizer sim.

Qualidade de vida: É relativa. Tem época de muuuita ralação. Nos dois últimos meses do livro, eu simplesmente não vivi. A melhor parte é a liberdade de planejamento. Eu ralei à beça com o livro, mas pensava: com essa grana fico um tempo sem pegar projetos grandes, vou ao cabeleireiro no meio da tarde. É como se eu escolhesse o meu plantão, como e quando quero fazer. Mas o que realmente faz a qualidade de vida é o seguinte: a gente não tem que engolir coisas com as quais não concorda ― se aceita o trabalho, se compromete e pronto.

Empreendedorismo: Não dá para ter aquela postura de jornalista, meio arrogante, querer que os outros se adaptem ao 'nosso jeito de ser'. A postura é mais próxima de um assessor, eu acho. Tem que fazer média com o cliente, controlar custos (juro que isso passa a ser prazeroso), respeitar prazos, anotar tudo, fazer proposta, cobrar custos extras do cliente, planejar, planejar, planejar. Isso tudo além das tarefas de antes: sair, entrevistar, escrever, fazer tudo que um jornalista faz normalmente, só que para o freela ou para o projeto do cliente.

Burocracia: É um saco, mas vale a pena ter tudo certinho, abrir empresa, conta jurídica, pagar impostos, vigiar o contador, entender o que muda com o Supersimples. E tem que trabalhar o suficiente para isso se pagar.

Realização: Tenho aprendido muito mais agora do que na minha fase final em redação, quando tudo parecia se repetir, e de forma superficial. De repente, você se percebe muito mais versátil do que imaginava, vê um mundo de possibilidades e aprendizados. Mas talvez isso tenha a ver com perfil, com a possibilidade de descobrir novos interesses. No meu caso, apesar de gostar de jornalismo diário, eu me ressentia de não ir mais fundo nos assuntos. Em um livro, isso chega ao cúmulo. Acho que a maioria dos jornalistas não teria saco de ir tão fundo em alguns assuntos. Com o texto é a mesma coisa. Tem que gostar de burilar, reescrever, não se importar com aquelas fases de edição/revisão intermináveis, mais comuns em revista.

Agora, tem muito jornalista, principalmente aí em São Paulo, que consegue viver só de freela mesmo, pingadinho, porque cada vez mais os jornais e revistas investem em projetos especiais e precisam de colaboradores, sem vínculo. Este tipo de relação, entre o freelancer e os editores desses cadernos, é bem bacana, moderna, boa para os dois lados. Mas só funciona se você tiver consciência de que ele é um 'cliente'. Ou seja, tem que caprichar, respeitar o prazo, o que foi combinado. Lembre-se: você não tem mais carteira assinada e não deve ficar esperando que essa seja uma relação paternalista, ficar falando dos seus problemas pessoais para justificar um atraso, por exemplo.

Grana: Quem tem um bom salário e carteira assinada certamente terá uma redução salarial, pelo menos nos primeiros anos. Mas se houver o tal espírito empreendedor, acredito que dá para ganhar dinheiro, sim, montando um bom plano de negócios e fazendo jornalismo. Eu, até hoje, não tenho certeza se tenho o tal espírito empreendedor que faz ganhar muito dinheiro (outro dia um amigo me garantiu que não existe empresa que não quer crescer muito, como eu defini a minha). Mas até o prestador de serviços, o autônomo, é um empreendedor e precisa pensar como um, para se viabilizar.

Automotivação: Não é fácil. Quando voltei das minhas últimas férias prolongadas (agora não consigo mais, só posso tirar alguns dias e emendar feriados), deu uma preguiça. Eu precisava retomar contatos e projetos, e não conseguia pegar no telefone. Claro que se eu tivesse uma pauta para cumprir ou um chefe me motivando/pentelhando, teria voltado ao pique rapidinho. Reclamando, é claro."

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pela autora. Originalmente publicado em seu blog, Espuminha de leite.


Marta Barcellos
Rio de Janeiro, 12/1/2009

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