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Sexta-feira,
5/9/2014
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Escritor: jovem, bonito, simpático...
>>> O autor jovem está em alta. Quem observou foi a minha colega de Digestivo Eugenia Zerbini. Ela esteve na última Flip e se surpreendeu com a ênfase dada, na apresentação de alguns escritores, à sua qualidade de "jovem". Era "jovem escritor" pra cá, "jovem escritora" pra lá. O mito da juventude, tão explorado pelo marketing e pela moda, seria o novo filão do mercado editorial, concluiu ela, espantada quando soube de uma agente literária especializada na faixa etária mais baixa. "Mas você já tem 30 anos!", imaginei a tal agente argumentando a um candidato a fazer parte de seu "cast". E o coitado se arrependeria de ter preferido ler alguns clássicos antes de começar a escrever o primeiro romance.
por Marta Barcellos
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Adolescentes e a publicação prematura
>>> Não vejo muito problema no exibicionismo literário quando quem o pratica é um adulto enganando a si mesmo quanto a suas possibilidades de sucesso. Sim, a maioria desses livros tem capa pretensiosa, título chamativo e um conteúdo que deveria ter sido melhor trabalhado. E essa não é a pior hipótese. Para economizar com revisão, certas gráficas metidas a editoras se gabam de não interferir no texto original, de não mexer numa vírgula do que o gênio pagante digitou. O resultado é deplorável, porém, se agrada ao autor sem senso crítico, só me permito protestar quando esse autor é um adolescente. E vejam bem que não protesto contra o adolescente, mas contra os pais.
por Carla Ceres
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Marcador de página inteligente
>>> Seria o fim das leituras interrompidas? Na era dos gadgets, acabo de ler uma notícia sobre a invenção de um marcador de páginas inteligente. Trata-se do Tweet for a read. O aparelhinho envia um tweet ao leitor quando um livro começa a empoeirar na estante, sem que a leitura seja concluída. A cada semana o leitor poderá se surpreender com um puxão de orelhas de Machado de Assis, Dostoiévski ou Clarice Lispector, implorando por um novo reencontro literário. Antes mesmo de ser colocado à venda, tem sido grande a procura pelo marcador.
por Wellington Machado
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Wilhelm Reich, éter, deus e o diabo (parte I)
>>> Descobridor de uma suposta energia cósmica primordial, que denominou orgone, a energia que daria animação à vida, Reich desenvolveu a partir dessa descoberta pesquisas sobre os mecanismos que guiam a profunda relação entre as emoções, o comportamento das estruturas celulares plasmáticas e o funcionamento do cosmos. Materialista em sua abordagem da existência, para Reich "a essência da vida é o funcionamento vital em si, que não tem nenhum significado ou finalidade transcendental".
por Jardel Dias Cavalcanti
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Noites azuis
>>> Noites azuis, porque nelas todos podem ser qualquer coisa ou ninguém, perder a sua identidade sob a falta de claridade, no alto breu, misturar-se às sombras. Esgueirar-se na imundície das calçadas ou lançar-se ao asfalto orvalhado. Tem algo a ver com os mortos esta distensão de tempo em que basta uma presença humana para habitar o mundo, duas presenças para abrir um diálogo, ou então, esta celebração do puro silêncio de uma rua na madrugada. Apenas porque é tarde e não se percebe mais a aparente imobilidade do pensamento.
por Elisa Andrade Buzzo
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O Bigode
>>> Desde o dia em que assisti o filme O Bigode, de Emmanuel Carrère, tenho pensado sobre a verdade. Afinal, o que é a verdade? Ela existe? A verdade só tem esse estatuto se nós o damos. O que é verdade para mim pode não ser para você. E isso não quer dizer que um dos dois esteja mentindo. Acontece que não há nada que envolva o humano que seja objetivo. Tudo é sempre influenciado pela nossa percepção, pelo que acreditamos, pelo que sabemos, e, para complicar ainda mais, pelo que não sabemos também. Nosso inconsciente tem papel de protagonista nas nossas verdades e mentiras. Por isso sempre que mentimos dizemos muito de nós. Qual foi a história escolhida? A desculpa dada? O que omitimos? Tudo isso tem ligação com algo de nós que desconhecemos.
por Carina Destempero
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A jornada do herói
>>> Publicado em 1949, O herói das mil faces foi um livro que revolucionou o estudo sobre as mitologias e religiões. Influenciado por Freud e Jung, Joseph Campbell vasculhou dezenas de culturas em busca de semelhanças entre seus mitos e os significados dos mesmos. O resultado foi esquematizado em doze passos, seguidos pela maioria dos protagonistas das narrativas analisadas. O resultado, além do impacto sobre o estudo mitológico, teve uma consequência inesperada: esse esquema foi usado por George Lucas para construir o roteiro de Guerra nas Estrelas. Esse fato deixou claro que o livro servia não apenas para explicar mitologias antigas, mas funcionava bem para analisar narrativas contemporâneas.
por Gian Danton
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Bonecas russas, de Eliana Cardoso
>>> Bonecas russas, lançado em julho pela Companhia das Letras, marca a estreia literária de Eliana Cardoso. Na capa colorida, destaca-se, além do título e do nome da autora, o lembrete: novela. Eliana Cardoso, mineira de Belo Horizonte, é economista, phd pelo lendário Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês). Trabalhou para o Banco Mundial na China, Índia, Paquistão, entre outros países da Ásia. Foi professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e desde 2000 é colunista do jornal Valor Econômico. Como boa leitora, optou por tornar-se escritora. Bonecas russas conta histórias de mulheres. Mulheres que se alternam nos papéis de mãe, irmã, prima, enteada, ora aceitas, ora rejeitadas. Apaixonadas, desencantadas, enganadas, assassinas... Enfim, complexas. Multifacetadas.
por Eugenia Zerbini
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Proposta Decente?
>>> O fato é que, infelizmente, ainda não inventaram uma forma menos rústica de fazer a sociedade funcionar, produzindo bens e serviços que beneficiem a todos, alguns bem mais que outros. Não é fácil. Cinco dias na semana, 12 horas por dia se contar o tempo gasto na condução, nossa vida, da tenra juventude até as portas da velhice pertence a quem nos paga o salário. Sorte sua se gosta do que faz. Se não gosta, também não está mal porque o desemprego seria pior. Ninguém disse que a vida é um passeio no parque - se for, é para poucos. Os demais fazem o possível. Então quando um dos homens mais ricos do mundo diz que trabalhamos muito, que a semana de trabalho deveria ter três dias, todo mundo aplaude.
por Marilia Mota Silva
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Lares & Lugares
>>> Si o leitor soubesse o que foi esgotar a paciência até a última gota com prestador de serviços que não foi prestativo nem fez serviço algum que preste; si o leitor testemunhasse o recurso em causa própria aos parcos conhecimentos adquiridos para suportar negligência de locatária cínica; si o leitor pudesse ver o estado da unha de nosso anelar esquerdo, roída e ferida numa crise de licantropia; enfim, si o leitor houvesse participado de parcela de nossa vida nos últimos dois meses, entenderia o entusiasmo com que empunhamos a vassoura e o rolo de pintura nas semanas em curso.
por Ricardo de Mattos
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O turista imobiliário
>>> Tem gente que mora a vida inteira na mesma casa, outros já perderam a conta dos endereços. Particularmente, acredito que o movimento de mudar - de moradia, de emprego, de interesses - é salutar, de tempos em tempos. Por isso, andei pensando em trocar de apartamento, naquele tipo de negócio em que é preciso praticamente sincronizar a venda do imóvel próprio com a compra de outro. Eu tinha uma turva lembrança da encrenca que isso era, mas mesmo assim não desanimei: parecia bastante factível. Porém, percebi que a ideia de escancarar o aconchego de meu lar para a curiosidade de estranhos me agradava bem menos do que espiar o apartamento alheio. Estaria eu descobrindo a minha faceta de turista imobiliário?
por Marta Barcellos
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Tectônicas por Georgia Kyriakakis
>>> A artista baiana de Ilhéus radicada em São Paulo Geórgia Kyriakakis faz jus a atenção cuidadosa da crítica, de estudiosos, de apreciadores em geral da cena artística no Brasil nas duas últimas décadas. Com uma trajetória que se inicia na segunda metade dos anos de 1980, é responsável por intensa atividade: presença constante em diversas mostras individuais ou coletivas no Brasil e no exterior. Destaco aqui as exposições "Coordenadas", no Espaço ECCO (2011), e "Meridianas" (2013), na Funarte, "Beelden uit Brazilie", no Sterdelijk, Holanda (1996). Ativa, antenada nos movimentos e debates recentes, criadora de proficuidade destacada, o reconhecimento de sua intensa atividade nos anos recentes se refletiu no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea em 2012.
por Humberto Pereira da Silva
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Miguel de Unamuno e Portugal
>>> Creio que os amantes da obra de Miguel de Unamuno - e eu sou um deles - concordarão que Por tierras de Portugal y España é, dentre seus muitos títulos, um dos que mais gosto temos em retornar. Trata-se de um livro de relatos de viagem, tão comuns na época de Unamuno, quando elas eram raras e relatos de escritores eram uma oportunidade para as gentes do mundo conhecerem outras terras, outros povos, outras culturas, outros personagens, através do olhar particular do grande escritor. E eu, assim como muitos outros, conheci muito de Espanha a partir daquela leitura de Unamuno.
por Celso A. Uequed Pitol
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Duas distopias à brasileira
>>> Nada como os imprevistos cotidianos, as falhas de caráter e as divergências de opinião dos cidadãos para minar qualquer utopia. Por mais isoladas das "más influências externas" que estejam, as tentativas de construir sociedades ideais descambam para a violência, a corrupção e a luta desleal pelo poder porque seres humanos ideais não existem e, além disso, o paraíso de uns costuma ser o inferno de outros. Até hoje, esses sonhos de harmonia só resistiram e terminaram bem no campo literário, no qual continuam interessantes como obras de arte ou por retratarem os contextos históricos dos quais se originaram.
por Carla Ceres
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Gullar X Nunos Ramos: o dilema da arte
>>> A noção de "belo" na arte se esvaiu, por exemplo. A "essência do belo", reivindicada por Platão no Filebo, atribui à obra de arte a necessidade de harmonia (nas cores, temas, proporções, volumes etc.) e, principalmente, de provocar no espectador o prazer em vê-la. A figura de Eros, no Banquete, representa o amor à beleza. "As coisas são belas porque conduzem a alma para além do corpo", uma beleza que "conduz à ascese", dizia Platão. As obras contemporâneas não contemplam mais a noção de beleza e muito menos provocam a ascese do espectador. Provocam, sim, um estado de estupefação, em alguns casos.
por Wellington Machado
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Julio Daio Borges
Editor
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