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Sexta-feira, 31/12/2004
2005 vai ser um ano ótimo (deixa comigo!)
Paulo Polzonoff Jr

Para Claudia Letti

Dois mil e cinco não só vai ser um ano ótimo como já está sendo. O cúmulo do otimismo vem dos astros, que confabulam em meu favor. Até o Paulo Coelho me mandou uma carta dizendo que o Universo é todo meu este ano, que eu devo seguir o meu caminho, a minha lenda pessoal, estas coisas. Uma mãe de santo de quem eu jamais ouvira falar mandou dizer: "Mizifí!!!". E, por fim, um padre e um pastor se abraçaram num beijo apaixonado quando me viram. Tomei banho de pipoca, água benta, sal grosso e azeite. O ano que vem vai ser maravilhoso, não há dúvidas. Todos os anos eu procuro deixar registradas as minhas resoluções de Ano Novo. Não me envergonho. Confessei várias vezes e esta é mais uma: a simbologia da virada do ano é mais forte do que eu. Sei que, a rigor, a mudança de 2004 para 2005 nada tem de especial. Nem uma aurora borealzinha aparece no céu para nos encantar. É um dia como outro qualquer mudando para um dia como outro qualquer. Terça-feira para quarta-feira, por exemplo. Mas, convenhamos, este tipo de lógica não tem graça alguma.

Para começar uma resolução profissional: vou trabalhar. Não que eu não esteja trabalhando. Tenho feito trabalhos aqui e ali, alguns muito interessantes e estimulantes. Mas ano que vem eu vou estar trabalhando em algo que me dê algum tipo de rotina e, mais importante, que me dê alguma perspectiva de futuro. Porque não fui criado para viver o aqui e agora, infelizmente, e o futuro é um fantasma que me persegue, também infelizmente.

E assim que eu arrumar um bom emprego, vou entrar para a faculdade. Não, não se assustem que eu não quero mudar de profissão. Em 2004 me descobri um jornalista, um repórter - e um bom repórter. Quero escrever grandes reportagens que estão na minha longa lista de pautas. Mas quero, também, voltar a estudar. Sempre fui um bom aluno, sempre gostei de estudar e acho que hoje a falta de método e principalmente rigor me atrapalham. Vou fazer faculdade de história ou de gastronomia.

Mas estas coisas dependem de um emprego, assim como viajar. Há quatro anos aguardo ansiosamente uma oportunidade de voltar à Europa para, agora mais maduro, aproveitar melhor a viagem. Tenho também vontade de conhecer Nova York, por causa do MET, mas não tenho como conseguir um visto sem o emprego, novamente ele.

No que depende apenas de mim, vou emagrecer. Por conta da minha inatividade, andei engordando nada menos do que dez quilos. É muita coisa. Também pudera: em Curitiba eu caminhava todos os dias. Aqui, não. Também quero me alimentar melhor, agora que me descobri um verdadeiro apreciador de saladas - é sério!

Há três ou quatro anos que eu coloco entre as minhas resoluções de Ano Novo ler Guerra e Paz. Este ano eu até comecei. Espero que ano que vem eu termine a leitura do livro que algumas pessoas consideram uma "vida dentro da vida".

Por falar em literatura, ano que vem termino o meu primeiro romance - que não será publicado nem no próximo ano nem no outro nem no outro. Se tudo der certo, também continuarei escrevendo alguns contos (contos mesmo, não crônicas disfarçadas de conto) e inicio meu segundo romance, que está explodindo aqui na minha cabeça já. Mas tudo isso sem pretensão alguma de publicar. Talvez, se a condição permitir, faço uma edição caseira para os amigos.

Também em 2005 pretendo ir para Curitiba visitar os amigos que não vejo há meses. Quero beber café no Express e sentir um friozinho que nem precisa ser tão intenso. Quero comer testículo no Stuart e tomar Submarino no Alemão, com Einsbein. Quero comer pinhão e ir a Santa Felicidade.

Ano que vem também espero que seja uma ano de uma verdadeira revolução espiritual. Não, não estou planejando me tornar evangélico. Quero apenas restabelecer um contato com o Inominável, com o Oculto e Belo. Não sei ainda como fazer isso. Sei apenas que não será freqüentando nenhuma igreja. Há quem ria, mas a verdade é que descobri que não sei mais rezar. Simplesmente me esqueci de como se conversa com o Divino.

No que depender de mim, 2005 vai ser um ano ótimo: vou mais ao Maracanã, torcer para o Flamengo nem que seja na segunda divisão; vou tomar cafés na Colombo e caçar raridades na feirinha da Praça XV; vou mais à praia e também andarei de bicicleta na Lagoa; prometo não ficar tão paranóico com meu extrato bancário e espero, realmente espero, que ano que vem eu não duvide da exatidão das minhas decisões passadas.

Agora vou ali respirar fundo para o ano que se anuncia (aqui em casa eu comemoro o Ano Novo em 8 de dezembro): deixa comigo que vai dar tudo certo.

Nota do Editor
Paulo Polzonoff Jr. assina hoje o blog O Polzonoff, onde este texto foi originalmente publicado. (Reprodução gentilmente autorizada pelo autor.)

Paulo Polzonoff Jr
Rio de Janeiro, 31/12/2004

 

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