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Quinta-feira, 16/8/2001
Voltam os Clones
Juliano Maesano

Yara Mitsuishi

Nessa semana a clonagem voltou a ser o assunto em questão. Capas de revista, matérias de jornais e pseudo-especialistas em programas diurnos de TV.

Se você já ligou a televisão em dia de semana à tarde, sabe do que estou falando. Programas que deveriam ser voltados às mulheres parecem ser voltados a idiotas. Além de que o número de mulheres que ficam em casa hoje em dia não é mais o mesmo que antes. Mas tudo isso é assunto para outra coluna, hoje falaremos de clonagem.

Faz anos que criaram uma ovelha, e o óbvio é que todos percebessem que clonar um humano seria um dos próximos passos. Da ovelha iriam para um bezerro, depois para um macaco e finalmente um bebezinho gorducho. Talvez com três rins e um pulmão, no início; mas ainda assim seria um bebê lindo. Afinal, parece que todo bebê é lindo, aos olhos da maioria. (Eu não, tem uns bebês e crianças que são de doer, mas ninguém concorda quando eu falo isso)

Então, com a largada da corrida na criação da ovelha Dolly, diversos malucos começaram a preparar seus projetos para o primeiro ser humano clonado. E agora parece que dois "xaropes" estão finalmente a um passo do início de sua pesquisa, com patrocinadores e reconhecimento por sua causa. Duzentas mulheres estão à disposição para o teste, chamadas de voluntárias. Devem ser voluntárias que imagino estarem com o bolso cheio, pois ninguém ia entrar nessa de graça.

Sabemos que vai levar uns anos, mas vamos acabar vendo um moleque por aí que dirão ter sido clonado. Assim como a ovelha, muitos outros moleques serão sacrificados, pois o próprio "pai" da Dolly assumiu que, durante o processo, muitas e muitas ovelhinhas surgiram com problemas muito sérios. Algumas eram verdadeiras aberrações, e outras que pareciam ao primeiro olhar serem sadias, mostraram má formação de órgãos e outros probleminhas fatais.

Mas é óbvio que nada disso vai impedir ninguém de clonar alguém, não é? Com o tempo eles aprendem a fazer o negócio direito e não erram mais. Ou não erram tanto. E daí teremos, em uns vinte anos, a clonagem disponível no mercado. Com certeza não será barato ainda, mas já vai ser aceita. Afinal, todo esse preconceito se encerrará quando os primeiros clones crescerem e entrarem ativamente na sociedade. Vamos ver que são caras legais, que estudam e trabalham normalmente, entre uma ou outra aparição no Fantástico.

Também teremos programas como o do Ratinho, ou o próprio, que poderão pagar aos mais pobres uma clonagem, realizando seus sonhos em público. Ratinho terá mesmo que fazer isso, já que seu maior filão irá desaparecer com o tempo: os exames de DNA. Já, já, teremos alguns clones e o exame de DNA pode trazer dois suspeitos de paternidade, já que o DNA do clone será igual ao de seu doador. Hahahaha, imagine só. Os exames de DNA que a polícia usa podem ser ineficientes, já que um sangue ou fio de cabelo encontrado no corpo da mãe assassinada pode ser do pai ou do filho, o clone.

As mudanças terão que ser aceitas, mesmo assim. Ou a igreja que tanto condena vai proibir um menino ou menina clonado de ser batizado, fazer primeira comunhão ou rezar a missa? Será que eles não aceitarão um clonado entre seus fiéis? Acho que se ele pagar o dízimo, eles aceitam sim.

Se você acha que a clonagem de humanos é um absurdo ou se você não vê nenhum problema, mande também seus comentários.

Juliano Maesano
São Paulo, 16/8/2001

 

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