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Quinta-feira, 17/11/2005
Internet: uma revolução
Jardel Dias Cavalcanti

A sensação que a maioria dos usuários da internet teve na sua primeira relação com o universo virtual foi a de estar entrando em um campo aberto, sem fronteiras de espécie alguma, rumo a universos amplos e prontos para serem explorados de dentro de suas próprias casas.

A idéia do cosmopolitismo, iniciada com as primeiras grandes navegações, parece ter se tornado real para todos. Não existe provincianismo para o usuário da internet, no sentido de uma limitação existencial ao espaço pequeno e medíocre de uma visão de mundo fechada pela falta de informações mundiais que agora podem ser trocadas, conectadas, colocadas em choque umas com as outras. A idéia de que os muros foram, enfim, destruídos, arrasados, para que nós pudéssemos nos conectar rapidamente (em tempo real, como se diz) a pessoas e informações produzidas em todas as partes do planeta alterou a nossa percepção temporal e existencial, abrindo possibilidades comunicacionais inimagináveis há menos de vinte anos.

Abriu-se a possibilidade de você, estando diante da pequena tela de um computador, poder ampliar seu espaço de conhecimento sobre tudo o que quiser: todas as artes, a ciência, fatos históricos presentes, culturas de toda e qualquer região do mundo, alimentação, saúde, política, centros de pesquisa, etc.

Não existe mais região alguma do planeta que não tenha sua página publicada na internet. Páginas estas produzidas por pessoas dos mais variados setores da comunidade humana: cientistas, guias turísticos, prefeituras, jornais, centros culturais, ONGs, grupos radicais políticos e religiosos, democratas, artistas, pacifistas, socialistas, fascistas, galerias de arte, museus, sindicatos, enfim... tudo o que você imaginar ou desejar conhecer poderá encontrar na internet.

Acesso imediato a jornais do mundo todo, visitas a exposições de arte de qualquer região do planeta, acesso a segredos culinários das mais remotas localidades, audição de músicas, conferências, rádios, comunicados políticos até de natureza terrorista, passeios por fotografias de cidades históricas importantes, mapas e imagens de satélites produzidas por agências espaciais tecnologicamente sofisticadas, acesso a revistas eróticas de todas as tendências e de todo o mundo, possibilidade de copiar livros das mais importantes bibliotecas do mundo, assim como ter acesso a publicações dos maiores centros de pesquisa de todos os países,... se tivesse que citar todas as possibilidades abertas pela internet não teria fim este texto, que, por sua vez, será lido neste espaço virtual que desfrutamos agora e que é aberto a todos que assim o desejarem (já que o Digestivo Cultural não cobra ingressos por suas informações).

Para além das relações abertas para a troca infinita de conhecimentos de toda espécie, a internet ainda possibilita a interação humana também em suas mais variadas facetas: amizade, afeto, desejo, afinidades culturais, políticas e religiosas, etc. Podemos encontrar nossos pares para qualquer circunstância desejada. Encontrar um amor, um parceiro sexual para nossas fantasias mais estranhas possíveis, alguém que queira criar um grupo literário, formatar uma cooperativa econômica, discutir sua própria situação existencial formando assim um laço de amizade, uma torcida pelo time de futebol, pela atriz venerada, pelo cantor admirado... e por aí vai.

Eu ainda me recordo das primeiras vezes em que acessei a internet. Precisava fazer pesquisas para a minha tese de mestrado em história da arte francesa e tive o prazer de poder pesquisar acervos museológicos e bibliográficos internacionais, como consultar especialistas também internacionais, tudo numa velocidade espantosa, assustadora, rompendo fronteiras antes quase que intransponíveis. Também me lembro da primeira vez que entrei numa sala de bate-papo, com trocas de afetos, desejos e conhecimentos com pessoas distantes, mas que ali, naquele pequeno espaço da tela, me permitiam e se permitiam a explorar a imaginação em situações as mais diversas e inusitadas possíveis.

Conversas em tempo real com pessoas de outras partes do mundo que queriam trocar informações sobre a cultura e a vida de outros países... amizades se expandindo para além da minha humilde vizinhança.

Depois o contato com os sites de artistas, revistas literárias, de história e filosofia, aulas de inglês virtuais, aulas de violão, técnicas de massagem, busca por imagens fotográficas, obras de arte ou imagens amadoras, exercícios para perder a barriga ou prolongar o orgasmo, apreciação de vinho, leituras de jornais franceses, italianos, espanhóis, ingleses, rádios e vídeos também produzidos em diversos países, etc.

Embora exista ainda a tentativa de censura ao uso ilimitado deste meio, como na China e Coréia, por exemplo, ou mesmo em países mais liberais, que criaram ferramentas para estipular e controlar a idade de uso para algumas entradas como sites eróticos (crianças só querem mesmo ver mulher pelada?) e de jogos "violentos", embora essa censura ainda exista as possibilidades de conexão a informações livres são enormes.

O mundo se expandindo, as idéias se abrindo, a vida se ampliando. Uma revolução para mim e para todos, aqui e agora. Não existe mais pessoas indiferentes à internet, todos estão lá, expondo suas opiniões, exibindo suas facetas artísticas, econômicas, exibindo seu cotidiano, procurando uma comunicação mais ampla.

Jardel Dias Cavalcanti
São Paulo, 17/11/2005

 

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