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Quarta-feira, 8/3/2006
Digite seu nome no Google
Ana Elisa Ribeiro

O que é Google?

Se você der uma passadinha no site da empresa Google, vai ver que há explicação para esse nome. Segundo eles, Google provém de "Googol", um termo da matemática que designa o 1 seguido de 100 zeros. Essa gracinha verbal tem a ver com a missão da empresa: organizar o montalhão de informações dando sopa pela Rede.

Considerada a maior empresa internacinoal de busca na Internet, a Google fez uma visitinha ao Brasil no final do ano passado para comprar mais tecnologia. Os executivos Larry Page, presidente de produtos, e Sergey Brin, presidente de tecnologia, foram bater papo presencial com professores e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais. E isso não é à-toa.

O Google foi criado em 1998 e tem, hoje, 3.482 funcionários espalhados pelo mundo, a maioria na sede, em Mountain View, na Califórnia. A empresa oferece mais ou menos 8 bilhões de URLs na Web. Na América Latina, o Brasil é o país de localização do Google. A visita a Belo Horizonte foi para comprar a Akwan, uma empresa mineira criada em 2000 por um grupo de professores da UFMG.

Funcionamento e virtude

Ainda me lembro de quando pesquisava pelo Yahoo. A Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveu o Miner, que foi comprado pelo UOL. Achei o máximo. Depois fiz pesquisa pelo TodoBR, também da UFMG. Mas quando o Google apareceu, ah, não teve pra mais ninguém.

O Google funciona ajeitando tudo o que existe na Rede por freqüência de palavras e/ou de acessos. Se alguém pesquisa Carmen Miranda, a chance de cair em um site oficial é muito grande, porque ele é o mais acessado, mostra mais credibilidade e é onde o nome da artista aparece mais vezes. E assim por diante, vai-se pesquisando tudo.

Se eu quiser saber sobre bruxas e escrever "bruxa" no campo de pesquisa do Google, ele me mostrará todos os sites da Rede em que aparece a palavra "bruxa". Imagine que tragédia! Explosão de informação. Impossível pesquisar com um mínimo de precisão. Navegar não é preciso, desse jeito. Mas se eu apuser ali várias palavras relativas a bruxa, além de "bruxa", de maneira a especificar mais minha intenção, o resultado da pesquisa ficará mais próximo do que eu preciso. Capiscou?

Se eu quiser uma letra de música e escrever "estrada", apenas isso, vão aparecer todas as estradas do mundo digital na minha frente. Impossível trafegar por todas elas. Mas se eu fechar o cerco, posso colocar a frase inteira: "entre no meu carro, na estrada de Santos", aí, sim, a letra do Rei me aparece inteira. Posso copiar, colar no Word, planejar uma aula ou cantarolar. As chances de essa combinação inteira ("entre no meu carro, na estrada de Santos") aparecer em outro lugar é mínima. É por essas e outras que o Google é tão extraordinário. E mesmo assim, há quem consiga enganar o motor para ser mostrado em primeiro lugar na lista de procurados.

O que é uma "googada"

"Espera aí, vou dar uma googada aqui e te falo". Era assim que eu falava quando ficava devendo a resposta de algo a alguém. O Google era sempre a ferramenta de busca que me dava a esperança de encontrar algo sobre aquele assunto misterioso. No entanto, procurar não é coisa de máquina. Mesmo com um motor fabulosamente construído como este, quem manda na busca ainda é o leitor-usuário. Há algumas competências que não foram transferidas para a máquina e parece que não serão, ao menos ao longo do meu tempo de vida.

Quando uso o Google, antes de entrar na Internet, preciso querer algo, ter um objetivo, ter uma tarefa para cumprir. Isso é da alçada do leitor. A partir do meu objetivo, inicio uma procura com a ferramenta, mas isso também não resolve todos os meus problemas. É necessário saber procurar. Caso contrário, o Google, minha Mãe Dinah digital, voltará de mãozinhas abanando. Ou pior: responderá que existem milhões de páginas sobre aquele tema na Rede. Ai, meu Deus, e por onde começar? Daí vem aquela preguiça de vasculhar site por site, link por link, atrás de alguma coisa tão vaga quanto comum.

Recapitulando: o motor de busca é um espetáculo, mas tem que saber usar. Meu pai, sábio fazedor de filhos, já dizia: "sabendo usar não vai faltar". Essa frase jamais saiu da minha cabeça. Aliás, é dela que saem também as palavras-chave que ajudarão a encontrar meu site de pesquisa. Sigam meus passos:

1. Primeiro eu preciso saber o que quero procurar. A motivação pode ser qualquer uma: curiosidade infantil, pesquisa escolar, doutoramento, cantada, vontade de ajuntar páginas sobre qualquer coisa. Sei lá.

2. Depois eu preciso preencher o campo do Google com uma ou mais palavras e clicar em "pesquisar".

3. Quando ele vier com a resposta, trará uma lista de links por ordem de freqüência. Como assim? Bem, este é outro caso.

Gmail

Eu tinha um domínio na Internet. Era o patife.art.br. Foi meu lote na Lua desde 2001, quando eu e Lucas Junqueira resolvemos construir um site para publicar bobagens. O Patife foi desativado em 2006, agorinha mesmo. Junto com ele, foi-se meu endereço eletrônico mais conhecido. É claro que deu dó, mas eu tinha boas razões para abandonar o domínio.

Para começar, nosso serviço de hospedagem estava muito caro. Havia outros tão bons quanto, cobrando um terço do preço. Mas minha preguiça de manter o site não me deixava tomar a iniciativa de mudá-lo de lugar. Além disso, migrar meus e-mails armazenados daria muito trabalho.

Nossa hospedagem era um serviço prestado em São Paulo, por uma empresa bacana. Atendimento vip, para fazer jus ao preço, 0800, tira-dúvidas eficiente. Até que um dia a empresa foi comprada por outra, bem maior, e os serviços pioraram em razão inversamente proporcional. Uma lástima. A interface do e-mail ficou tão esquisita que passei a ter preguiça de ler minhas mensagens. Muito importante falar em interfaces gráficas, minha gente. Não basta enfeitar, tem que atender. Fui ficando chateada com a coisa, webmail fora do ar, manutenção toda hora, 0800 ineficiente, atendimento fraco. Para que pagar mais caro? No serviço antigo, a interface do webmail era simples, até feia, mas muito funcional. Neste, bombadão, a interface era bonitinha, mas ordinária. No entanto, o que mais me irritou não foi isso, foi a piora extraordinária do serviço de busca interna do e-mail. Eu já não conseguia mais encontrar as mensagens e os endereços das pessoas. Foi quando me apresentaram o Gmail. Primeiro me deu uma preguiça imensa de mudar de endereço, mas quando me disseram que esta conta era do Google, ah, tudo mudou em minha vida. Logo que recebi o convite, pesquisei um login bonitinho e mandei brasa. Em poucos minutos, transferia meus dados para lá, tinha espaço para nadar de braçada, podia importar dados de todos os tamanhos e cores, meus contatos entravam automaticamente, eu começava a digitar um nome e o navegador apresentava o resto sozinho. Minha avó, assustada, diria que "isso é coisa do capeta".

Bem, melhor mesmo foi o motor de busca. Qualquer mensagem que eu quisesse aparecia em fração de segundo. Tudo à mão. Era a velha e boa sensação de trabalhar numa mesa com tudo ao alcance dos dedos. Coisa de sistema inteligente. Fiquei fã do Google e de tudo o que eles fazem. Meu próximo passo é instalar o desktop. Minha máquina vai ficar dos infernos!

Importância

Li em algum lugar que encontrar alguém no Google, especialmente entre os primeiros links, é boa medida da importância que se tem na Rede. Há quem exagere e pense até em importância no mundo. Não vamos adiantar as coisas. O fato é que vale a pena matar a curiosidade e digitar o nome na pesquisa do Google.

Fiz isso a primeira vez há alguns anos. Apareci lá no topo no Blocos Online, site de poesia da escritora carioca Leila Míccolis. Foi uma sensação gostosa. Pensei: "ótimo, estou fácil, extremamente fácil". E isso foi boa medida de como andava minha vida digital.

Atualmente, me digito no Google e o Digestivo Cultural aparece em primeiro lugar. Bom para nós dois. Depois vem meu blog, semidesativado; o Blocos Online, o Jornal de Poesia, o Portal Literal; eventos importantes: Seminário sobre o livro e a história editorial (Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa), Revolução dos Cravos (com endereços portugueses), Salão do Livro (Belo Horizonte), Primavera do Livro (Rio de Janeiro), entre outros quitutes. Também me vejo perambulando pela Plataforma Lattes, pelas entrevistas do Paralelos e em blogs que nem conheço. Em todo caso, sempre com referência explícita. Bom, não? Sim, é bom.

Digite seu nome no Google e veja no que dá. Aprovação em concursos, lista de colégio, blogs amigos. Veja lá por onde seu nome anda. O Google costuma ser preciso. É um jeito divertido de ser ubíquo. Eis uma característica mirabolante do mundo digital: você está em todos os lugares e não desgasta, não tem cheiro e não solta tiras por aí.

Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 8/3/2006

 

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