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Quinta-feira, 30/8/2001
O Rapto da Sabina
Juliano Maesano

Yara Mitsuishi

Peço desculpas antecipadas pelo conteúdo de minha coluna. O assunto já cansou todo mundo, mas tive a infelicidade de estar meio livre para assistir televisão justo no maldito dia em que libertaram a filha de Silvio Santos. Mal eu sabia o que estava por vir...

Uma enxurrada totalizando mais de 30 horas assistindo às mesmas cenas e ouvindo as mesmas idiotices. Silvio teve azar, seria melhor que ficassem com a filha dele. Farei breves comentários sobre o que presenciei perante minha tela de TV, que capturava meu interesse mesmo havendo uma força lutando contra a curiosidade.

Em primeiro lugar, pra quem viu as coletivas dos delegados, do Secretário de Segurança de São Paulo ou da própria menina em sua sacada: além de ouvir algumas idiotices, éramos obrigados a rir com o desespero do pessoal da "técnica". Entre discursos, mentiras e descrições sobre o caso, sempre dá pra ouvir a voz de um assistente de câmera ou de áudio:

- Ô, olha o cabo ! Olha o cabo !
- Abre o microfone ! Abre no canal dois !
- Olha a câmera, meu ! Olha aê, porra !

É demais, não é? Eu me divirto. Em alguns canais menos favorecidos (vide RedeTV!) isso acontecia mais, pois nem dinheiro para levar um microfone direcional ou um boom ele tinham...

Bom, sobre o crime em si, virei um especialista no ocorrido hoje mesmo, após ouvir diversas versões conflitantes dos envolvidos. Um diz que pagou resgate, outro não. Um diz isso, outro aquilo. Normal... mas o interessante mesmo são as declarações da "suposta vítima".

Digo "suposta vítima" pois me pareceu que as maiores vítimas foram mesmos os bandidos, que tiveram que suportar essa menina chata por uma semana. Ela é praticamente insuportável. Parece que tava numa balada, na maior farra. Imagine se fosse um filho do SS? Ia voltar de olho roxo e cheio de hematomas. Mas a menininha não, nem meteram a mão na cara dela..... não sei como, ela fala tanta merda.... ops, desculpem.

Quando tudo já estava bem, a figura vai dar uma coletiva em sua varanda. Ela só fala em Deus. Não haveria mal nenhum nisso, mas logo percebe-se que a menina é uma fanática, facilmente comparada aos nossos amigos do Oriente Médio, que adoram explodir seus corpos em nome de seu Deus. De cada dez palavras que falava, morrendo de rir, onze eram: "Deus". O coitado lá em cima deve estar com a orelha vermelha.

Depois de tanto falar como foi super legal estar sequestrada, a coitada passou a excretar mais idiotices, criticando seu próprio pai, um dos maiores empresários do país. Disse que ele devia encontrar o caminho de Deus e parar de fazer as coisas que faz. Justamente nesse momento SS resolve sair de dentro de casa e se juntar à filha. Chegou na hora certa, pois devia estar vendo tudo lá de dentro.... Silvio conseguiu calar as idiotices da filha e ser muito sensato. Ficou claro ali que sua relação com a esposa e as filhas andava abalada por conta dele ser judeu e as outras, evangélicas.

Não haveria mal nenhum em ter mulher e filha evangélica, imagino eu. Mas a filha mostrou que o papo lá na casa do patrão devia ser insuportável. Além delas torrarem todo o dinheiro dele em causas evangélicas, ainda queriam se meter com a religião do chefão? Ou dizer como ele deve ou não agir? O tio Silvio não aguentou mesmo e deu o pé na esposa.... e a filha mostrou que há um certo conflito por ali.

Mas o interessante mesmo foi ver a alegria da menina. Não era a alegria de estar solta, isso foi claro: era a alegria de ter sido sequestrada. Garanto que suas amigas (a Paty, a Sheila "Amiga" e outras patricetes) devem estar morrendo de inveja. Parece ter sido mais legal que qualquer viagem pra Camburi, Ilhabela ou Porto Seguro. Até a pousada era arrumadinha....

Vale aqui uma observação: e a briguinha entre Rio e São Paulo, vocês viram? Ironias e comentários idiotas mostram que até os homens do Estado ainda padecem desse mal eterno...

Se você gostou ou não da coluna, conte o que achou do caso.

Juliano Maesano
São Paulo, 30/8/2001

 

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