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Terça-feira, 29/8/2006
Mas afinal, o que é podcasting?
Daniela Castilho

É uma boa pergunta, não? Vamos tentar responder.

O termo podcasting apareceu pela primeira vez no dia 12 fevereiro de 2004 num artigo do jornalista Ben Hammersley, no jornal britânico The Guardian e foi cunhado com a junção de duas palavras em inglês: Broadcast, que significa transmissão e iPod, nome do player de MP3 desenvolvido pela Apple de Steve Jobs. Ou seja, originalmente, podcasting era o termo que designava o arquivo de áudio gerado em um iPod e distribuído via internet.

Posteriormente, na tentativa de desvincular o nome do iPod da Apple do "sistema de distribuição de áudio via syndication", o uso do termo podcasting foi generalizado de tal forma que ficou complicado tentar explicar o que é e o que não é podcasting. Na Wikipedia, por exemplo, a definição de podcasting deixa bem claro que o elemento principal que o diferencia de qualquer outro sistema de distribuição de áudio via internet é o fato dele ser distribuído através do syndication (XML, RSS feed) - e não que o elemento principal é o iPod. A Wikipedia assinala que qualquer arquivo de áudio distribuído via syndication é considerado podcasting - mesmo que seja conferências de empresas, áudio-aulas, cursos de línguas, relatórios de empresas. Se é áudio distribuído via RSS fees, é podcasting.

O iPod da Apple é basicamente um driver móvel que pode armazenar qualquer tipo de arquivo de computador (imagens, dados, etc) com a capacidade adicional de tocar MP3 - pode ser ligado no aparelho de som do carro, por exemplo, ou a um par de fones de ouvidos. Existem vários outros similares de outras marcas a preços muito mais convidativos que a peça de griffe da Apple.

Para fazer um podcasting você não precisa de um iPod da Apple. Você pode gravar o áudio com qualquer gravador, digital ou analógico, depois gerar o seu MP3, colocar em um servidor que gere o XML/RSS feed - existem dúzias de servidores gratuitos de podcasting pela web - e depois linkar esse XML no seu site, seu blog ou linkar em um sistema de distribuição de RSS/feed como, por exemplo, o Feedburner.

O arquivo de áudio do seu podcasting precisa estar armazenado em um servidor conectado 24 horas por dia à internet - porque o ouvinte pode decidir a qualquer momento fazer o download do arquivo de áudio - que gere o XML necessário para o feed. O podcast não é "ao vivo", é "gravado", pode ser distribuído em streaming ao invés de download, mas é necessário que o servidor onde você armazenou seu arquivo de áudio seja um servidor de streaming.

O podcasting não é exatamente uma rádio on-line - embora muita gente esteja chamando o podcasting de "rádio on-line". Uma rádio pressupõe programação, horários, transmissão 24 horas. As rádios on-line já existiam na internet muito antes da Apple inventar o iPod - ou do jornalista Ben Hammersley inventar o termo podcasting. Rádios on-line têm usado sistemas de audio streaming para poder transmitir o dia todo, podem ter sua programação gravada ou transmitir ao vivo. O mais antigo (de 1999) e mais famoso sistema para streaming de rádios on-line via internet é o Shoutcast, que foi desenvolvido pela Nullsoft, pertencente ao grupo AOL. O Shoutcast oferece software, servidor e streaming gratuitos para quem quiser criar uma rádio on-line em seu próprio computador. Os arquivos que serão servidos não precisam ser enviados para o servidor, eles são servidos diretamente do computador do "dono da rádio" para todos os ouvintes, on-line, através do servidor da Shoutcast. O dono da rádio também pode transmitir ao vivo, se tiver um microfone conectado ao seu computador. Escutar as rádios servidas pelo Shoutcast também é gratuito - basta um player que toque MP3 para ouvir as rádios, pode ser Winamp, Itunes, XMMS, Zinf.

O podcast é interessante para quem quer manter arquivos de áudio armazenados em um servidor para consultas do usuário quando quiser, mas se o objetivo do usuário for ter uma rádio on-line, o Shoutcast - ou outros servidores gratuitos de streaming, como o Peercast, criado em 2002 - são muito mais recomendáveis.

Agora que descobrimos o que é podcasting, a grande pergunta é: ele vai durar?

Provavelmente não.

Todas as vezes, nos últimos doze anos de internet, que alguma novidade tecnológica apareceu, foi alardeada como sendo "a revolução da internet" ou a "nova coqueluche da internet". Modismos à parte, fãs de tecnologia à parte, a internet em si é que é a revolução - muita gente já tentou regulamentar e "governar" a internet, mas essa rede viva prossegue ingovernável e não-regulamentável. A internet é uma fonte inesgotável de informações - também gera lixo eletrônico na mesma proporção - com uma volatilidade altíssima: um site que ontem estava no ar, hoje já desapareceu sem deixar vestígio, uma tecnologia que até hoje de manhã era "de ponta" é substituída em menos de 24 horas por outra mais eficiente ou mais barata.

A grande qualidade da internet é ter possibilitado que qualquer pessoa conectada a um modem com um mínimo de recursos de informática tenha se transformado em um ávido consumidor de informações, um editor de notícias, um produtor de arte e cultura.

O que trafega na internet é passageiro. A internet é que continua.

O podcasting é distribuído por RSS e, com certeza, uma hora outra tecnologia mais eficiente será desenvolvida. O podcasting não é tão eficiente quanto o audio streaming, consome muita banda de tráfego e exige grande capacidade de armazenagem - o audio streaming permite que se transmita ao vivo, sem precisar gravar e armazenar tudo.

Enquanto não é substituído por outra tecnologia, vamos nos divertindo com podcastings - e com autocastings, blogcastings, podcatchers, mobilecasting, narrowcastings, peercastings, vodcastings, phonecastings, skypecastings, webcastings, videocastings e streaming media. (quer a lista completa com explicações? Wikipedia!) Eu particularmente, prefiro ler a ouvir; sou mais usuária de blogcastings que streaming media, mas quando vou ouvir alguma coisa, prefiro audio streaming porque detesto fazer download, logo, fujo dos podcastings; sou mais fã de música on-line do que de programas falados de rádio, adoro os videocastings... mas aí já entramos no terreno das preferências pessoais.

Por falar em videocasting, já viram o YouTube? Parece ser a mais nova coqueluche da internet.

Nota do Editor
Daniela Castilho é designer, diretora de arte e assina o blog MadTeaParty, onde este texto foi originalmente publicado.

Daniela Castilho
São Paulo, 29/8/2006

 

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