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Terça-feira, 25/9/2001
Pílulas III
Sol Moras

Yara Mitsuishi

Ler para Entender

Quando não inventa nada melhor, o ser humano copia. Vejam a idéia genial que o jornalista Elio Gaspari me deu semana passada sobre o atentado nos EUA:

"O antiamericanismo, assim como o antissenegalismo, é uma modalidade a serviço do complexo de inferioridade. Cava-se na suposição de que aquilo que acontece de errado no Brasil ou no Senegal é culpa dos americanos. Antes fosse. É problema dos brasileiros e dos senegalenses. Foi o governo brasileiro que pôs à venda o patrimônio da Viúva. Para sua surpresa, as empresas americanas interessadas em comprá-las ficaram muito aquém do esperado. É o governo brasileiro que está oferecendo aos americanos a base aérea de Alcântara. É no Brasil que a expressão 'interesse nacional' tornou-se insulto. Os Estados Unidos são o que são porque nunca fizeram esse tipo de coisa."

Ler para Aprender

Na STV, antiga TV SENAC, canal 54 da NET, Ricardo Soares apresenta "Literatura", programa de cenário colorido que discute as letras. Entre indicações e leituras feitas pelos atores Nelli Sampaio e Luis Carlos Rossi, Ricardo ajeita os óculos e conversa com representantes dos vários segmentos da escrita. Teve o Fausto Wolff e o seu nariz escarlate falando dos vermelhos soviéticos. Foi lá também a Fernanda Young, sempre pronta a cativar os editores dos suplementos de cultura com seu português casto e seu casual visual. Ricardo Soares ensina sem ser mala, e diverte sem ser debilóide. Um programa inédito toda terça-feira, 21h30.

Ler para Apreender

"O patriotismo não passa de uma grosseira cascata: é uma palavra que apenas comemora um roubo. Não há um palmo de terra no mundo que não represente o entra-e-sai de sucessivos proprietários."
Mark Twain.

Look at Me

Sou vizinho de Daniel Gonzaga, filho do Gonzaguinha e neto do Gonzagão. Que honra. Acontece que de seu apartamento saem as piores frequências já registradas pelo ouvido humano, e nos piores horários. Quero rebatizar esse herdeiro: Joselito Gonzaga, o sem-noção do baião.

Look the Whole Picture

Temos no Brasil alguns criadores de sacis. Entre eles está Naná Vasconcelos, pernambucano e inventor sonoro. Esse saci crescido já gravou com a sinfônica de Berlim, fez a trilha de "Daumbailó" do Jim Jarmush e há quase 30 anos representa a música brasileira, ou o que se entende por isso, no exterior. Embaralha o "fascistóide" que o Ariano Suassuna volta e meia profere em nome do Dostoiévski: "Para ser universal, o artista deve ter um profundo sentimento regional." Essa fronteirização limita o pensamento. Um artista se expressa. POnTo. Um artista expressa. PONTo. Um artista reage. poNTO. Um artista age. PONTO. Naná vem do Nordeste, toca berimbau, cabeça, tronco e membros, usando pedais de delay e reverb da Boss, fábrica americana. Seu som contempla as possibilidades infinitas da percussão, usando a tecnologia como potencializadora dessa força. O ritmo, ele ensina, não é exclusividade baiana, africana ou brasileira. O ritmo é. E só.

New Look

O que fizeram com o cabelo do Jorge Perlingeiro?

Just Look

Uma delícia é o programa do Olivier Anquier no GNT, "O Diário do Olivier". Nessa semana, nos é ensinado os tipos de maçãs produzidas no Brasil (Gala, Fuji e Golden) e o maior produtor nacional da fruta (Fraiburgo, Santa Catarina). Na outra parte, somos brindados com pratos e expressões. up up up. Struddel de maçã. ap ap ap. Maçã de forno. ep ep ep. Tortinha de maçã. ip ip ip. Esse mestre das onomatopéias culinárias vem da França, então cuidado com a mateiga. ops ops ops.

Look to Yourself

"As pessoas que falam muito mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades."
Millôr Fernandes.

Para ir além
http://sol_moras.blogspot.com/

Sol Moras
Rio de Janeiro, 25/9/2001

 

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