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Terça-feira, 15/7/2008
Fórmula 1 via Twitter
Cristiano Dias

Quando a internet apareceu, os tais especialistas, preocupadíssimos, avisaram que o computador ia nos deixar cada vez mais isolados. A geração do "não sei o nome do meu vizinho" seria consolidada e viveríamos grudados na frente da tela. Como se o fato de uma pessoa morar ao meu lado fosse mais importante do que, por exemplo, seu gosto musical ou preferência política.

Só que, com o aparecimento das redes sociais, as pessoas acabaram usando a internet para consolidar seus relacionamentos off-line, nem que seja para conhecer novas pessoas com interesses parecidos, amigos dos seus amigos. Se você não pode se encontrar sempre com sua galera para algum evento, pode hoje cada vez mais usar ferramentas on-line para se divertir com eles. Se você mora em um cantão da cidade ou do país onde mais ninguém gosta daquilo que você adora, pode literalmente encontrar sua turma por aí, on-line.

É o que deve acontecer durante o próximo GP de Fórmula 1, quando a galera do Twitter deve se "encontrar" mais uma vez para comentar em tempo real a corrida. Foi o que aconteceu algumas semanas atrás, durante o GP do Canadá, que por si só já foi uma das corridas mais emocionantes do ano e que, com o uso "sala de chat" do Twitter e ferramentas como o Summize, aumentaram a dose de diversão da corrida.

O Twitter é um dos melhores exemplos de ferramentas que vão se moldando de acordo com o uso que a comunidade dá à plataforma (infelizmente, o pessoal do Twitter tem andado mais ocupado resolvendo os problemas causados pela explosão na popularidade do serviço, e nenhuma novidade apareceu nos últimos meses). O site foi inicialmente pensado como uma extensão daquela caixinha "escreva seu textinho engraçado aqui" do MSN e outros programas de mensagem instantânea. Da rua você escreveria "estou comendo um delicioso sushi, vocês deveriam provar" e seus amigos seriam avisados via SMS, pelo site e de algumas outras maneiras. Os usuários resolveram, logo de cara, esquecer essa "limitação conceitual" e usar o Twitter como microblog. O próximo passo foi trazer para o Twitter uma prática já comum em fóruns e comentários de blogs, o arroba.

Como no meio de uma discussão on-line eu normalmente não tenho como responder a uma pessoa diretamente na interface, os usuários desenvolveram uma sintaxe mais ou menos assim:

@João Eu concordo só em partes, acho que o buraco é mais embaixo.

@Maria Nunca tinha pensado nisso...

Ou seja, em vez de ficar perdendo tempo escrevendo "Respondendo ao João.", "Respondendo à Maria.", o comentarista simplesmente colocava o @, que em inglês é pronunciado "at", ou seja, é meio como "em cima do que o João está falando." ou simplesmente "para o João.".

Como no Twitter o espaço é curto (os textos são limitados a 140 caracteres, o limite de uma mensagem SMS), o arroba virou obrigatório nas conversas. Os desenvolvedores do Twitter viram o aumento no uso do truque e facilitaram a vida do usuário: um nome "arrobado" vira um link para a página da pessoa "arrobada" e o sistema colocaria um link para o último texto do "arrobado", na esperança de meu texto ser uma resposta àquele tweet.

O próximo passo foi dado com as chamadas hashtags. Funciona assim: se eu estou falando da Uefa Euro 2008, coloco em alguma parte do meu texto o código "#euro2008", facilitando a identificação imediata do assunto. O Twitter respondeu com a função de acompanhar palavras-chave (com ou sem o # na frente) pelo Google Talk. Se eu digo ao Twitter "track Vilago", sou avisado no GTalk sempre que alguém citar o nome da minha empresa, mesmo que eu não siga aquela pessoa. Mas essa funcionalidade depende de eu estar com o GTalk aberto no momento do envio da mensagem (e depende que a integração Twitter-GTalk esteja funcionando, coisa que não tem acontecido ultimamente).

Hora de jogar mais uma ferramenta no molho, o Summize, que, junto com outros concorrentes, é uma espécie de Google do Twitter, indexando freneticamente os milhões de textos jogados no sistema a cada segundo. É só buscar por coisas como "#F1" para acompanhar em tempo real o que está sendo dito no mundo todo sobre o assunto. Adivinha qual o país mais fala sobre cada corrida a cada domingo?

Sempre que uma nova mensagem é lançada o Summize atualiza a tela automaticamente ou emite um aviso, dependendo de como você estiver acessando. Isso é outra vantagem dessa plataforma: você não precisa ver a corrida com o notebook fritando seu colo (mas muita gente faz assim mesmo); pode ficar confortavelmente olhando para o celular para dar risadas com os comentários do pessoal e sacanear as tiradas do nosso ídolo maior, Galvão Bueno.

As imagens que ilustram este texto foram capturadas na conversa durante o GP do Canadá. Espero ver a sua lá em breve.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado em seu blog.

Cristiano Dias
São Paulo, 15/7/2008

 

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