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Quarta-feira, 10/9/2008 Tritone: 10 anos de um marco da guitarra rock Rafael Fernandes ![]() Sérgio "Serj" Buss, em foto de Paulo Koglin À primeira vista pode-se pensar que foi um projeto como o G3, criado por Joe Satriani, que em geral é acompanhado por Steve Vai e um outro guitarrista escolhido a cada turnê (já foi John Petrucci, Yngwie Malmsteen, Robert Fripp, entre outros). Mas o G3 é um projeto de shows, em que cada guitarrista faz uma apresentação solo reduzida, com sua banda, e que no final se juntam para uma jam. Tudo é registrado e acaba virando CD e DVD. Com o Tritone não foi assim. O que aconteceu foi a união dos três guitarristas que se propuseram a fazer um CD compondo juntos, interferindo nas idéias alheias e, mesmo nas canções criadas individualmente, todos aparecem com destaque. O resultado é ótimo, muito coeso nas composições e sons. E tem grande influência dos próprios guitarristas do G3, mas sem ser cópia ou pastiche. ![]() Edu Ardanuy Na época do lançamento, os músicos despontavam como os melhores do país, aparecendo com destaque nas revistas especializadas. Edu Ardanuy e Sérgio Buss moravam em São Paulo e Frank Solari em Porto Alegre. Edu já se solidificava como o grande guitarrista de rock do Brasil; no mesmo ano ficou entre "os 10 melhores" (do violão e da guitarra) numa eleição da versão nacional da revista Guitar Player, com votos dos próprios músicos, ao lado de nomes como Guinga, Heraldo do Monte e Toninho Horta. Com sua banda, o fabuloso Dr. Sin, fazia uma turnê de divulgação do ótimo disco Insinity, lançado no ano anterior. Buss colhia os frutos da sua formação no Musicians Institute em guitarra e gravação, e de uma passagem como assistente de estúdio de Steve Vai (tendo inclusive participado de uma turnê com ele); e começava uma carreira na criação de trilhas comerciais. Solari, no mesmo ano de Just for fun..., foi semifinalista do 1º Prêmio Visa de MPB, versão instrumental, e lançou um trabalho solo bastante criativo, Um círculo mágico que juntava rock, fusion, world music e até choro. ![]() Frank Solari Hoje os três estão finalmente estabelecidos como grandes no Brasil. Edu Ardanuy é tido como deus por grande parte dos aspirantes a guitarrista do país e impõe respeito mesmo perante os mais rigorosos músicos. Vendo e ouvindo seu tocar dá pra entender o porquê: continua evoluindo, surpreendendo, numa mistura explosiva de pegada furiosa, virtuose e melodia, sempre com novos "truques" para apresentar. No ano passado lançou um grande disco com o Dr. Sin, Bravo, e há alguns anos promete seu aguardado disco solo. Sergio Buss mudou-se para Curitiba e continua com seu trabalho de produção de trilhas. Também em 2007 lançou um disco brilhante: Liquid piece of me, em que demonstra apuro de sons, músicas marcantes e maturidade difíceis de encontrar em discos de guitarra ― até porque, mais que um disco de guitarra, é simplesmente de música. Frank Solari, depois de lançar o disco Acqua, em 2004, passou algum tempo morando e fazendo shows na Europa. Voltou recentemente ao Brasil e prepara um disco com um costumaz parceiro, o baixista André Gomes. Just for fun (And maybe some money...) foi gravado todo no estúdio caseiro de Sérgio Buss, o Private Torture Room. Na época, apenas quem trabalhasse com música e conhecesse áudio poderia gravar um disco assim. Hoje sabemos que qualquer um está apto a fazê-lo ― claro que com resultados variados. Just for fun... conta com a participação do baixista Sergio Carvalho em todas as músicas e as baterias são programadas; se em 1998 apresentava um ótimo som por serem samplers, hoje já parecem ligeiramente datadas, apesar de não comprometerem o resultado. Da mesma forma, as guitarras ainda hoje aprensentam um som bom, fruto do conhecimento técnico de Buss.
Rafael Fernandes |
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