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Segunda-feira, 1/11/2010
Dilma e o Big Mac
Daniel Bushatsky

Estou pensando em importar um Big Mac da China. Aposto que chega mais barato do que custa aqui no Brasil.

Segundo o famoso índice Big Mac, calculado pela revista The Economist, o Iuane, moeda chinesa, está 41% desvalorizado em relação ao dólar. Somado ao trabalho escravo e à ditadura existente, entende-se o porquê de o sanduíche lá ser tão barato.

Outro produto que estou pensando em comprar é uma bolsa Louis Vuitton, modelo Speedy 35. Desta vez penso em comprar em Londres. A cidade inglesa tem o produto quase 50% mais barato que aqui em São Paulo. Incrível, não? Acho que são os impostos que fazem a diferença, até porque um empregado inglês deve ganhar mais do que um brasileiro e a Libra Esterlina é mais valorizada que o Real. O Big Mac lá custa 1 dólar e 60 centavos a menos do que no Brasil. Ou seja: com a diferença, posso sair com minha bolsa e tomar uma casquinha de creme no McDonald's.

Salários, impostos, escravidão, outras questões que importam são o câmbio valorizado e a entrada de investimentos externos no Brasil ― o país saiu fortalecido da crise mundial. Esses fatores são responsáveis pela entrada de dólares e, também, pela saída. O IOF ajuda, mas são eles que determinam.

É assim que o Big Mac no Brasil é o segundo mais caro do mundo, perdendo somente para o suíço, que custa incríveis 6 dólares e 78 centavos.

Nessa linha de raciocínio, fico pensando quantos Big Macs valem o nosso atual presidente, a campanha eleitoral e os principais candidatos a presidente da república.

Lula vale um "nš 1", ou seja, 1 Big Mac, 1 coca, mas como ele é anti-imperialista, 1 guaraná e "uma" fritas média. Isto porque, mesmo que ele se diga de esquerda, desde que assumiu, manteve a política econômica de FHC e, fora deslizes na política externa, sempre foi bem tradicional. É verdade, pensando melhor, que talvez as fritas viriam frias e o guaraná sem gás: ninguém em sã consciência alia-se ao presidente do Irã ou diz que prisioneiros políticos são iguais a prisioneiros comuns.

A campanha eleitoral não valeu um Big Mac, nem o chinês. Onde foram parar os debates agressivos, as campanhas convincentes, os slogans criativos? O que significa "Serra é do bem" ou "Scaff é o cara"? Deve ser difícil transmitir conteúdo, mas as propagandas exageraram. Até o último sábado, véspera do segundo turno, se ouvia o programa eleitoral gratuito ― que de gratuito não tem nada ―, não sabia identificar de quem era a campanha: Serra ou Dilma?

Serra mereceu um "McLanche Feliz". Não é possível que alguém que estivesse perdendo pudesse ser tão "frouxo". A revista Veja fez mais campanha para ele do que ele próprio. Ela denunciou os tentáculos do PT, enquanto ele fez aquela cara de apatia sem se esforçar o mínimo para conseguir o que quer. É a típica criança tímida. Capaz de que fique sem o brinquedo da promoção.

Dilma não merece comentários. Ela não iria ao McDonald's e nem o Ronald McDonald seria bonzinho com ela. Em tese, ele só é legal com quem não se faz de alienada. Mas as últimas reportagens de Veja, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo trazem justamente o que o Ronald não permite. Nem o Papai Noel levaria presente no final do ano. O Papai Noel não é ingênuo a ponto de acreditar que ela não sabia da Erenice ou dos dossiês encomendados ao Secretário Nacional de Justiça, Pedro Abramovay.

Mas se ela não vai ao McDonald's, aonde ela iria? Ao The Fifties!

Como Lula, ela diria que a lanchonete americana faz parte do capitalismo ianque e, como Lula, ela não sabe que o The Fifties é uma homenagem aos anos 50 dos Estados Unidos, onde a moda era ir à lanchonete tomar milk-shake e comer hambúrguer. Talvez ela não entendesse a decoração "retrô" e fosse à noite ― sempre imaginei que é à noite que as coisas erradas acontecem ―, para ninguém ver.

Só espero que a vencedora da eleição se atente ao índice da The Economist, porque atrás dele tem muito mais do que só dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, no pão com gergelim. É o reflexo da economia do Brasil.

Aliás, a mesma economia de 12 anos atrás, quando o PT acusou FHC de populismo cambial para assegurar a sua reeleição. O dólar atualizado com a inflação brasileira e americana vale o mesmo que há 12 anos. Será que o PT também está fazendo populismo cambial? Para o índice Big Mac, sim!

Finalizando: com essa vitória de Dilma, espero que ela se renda às McOfertas ou à especial tortinha de maçã, mais conhecida como McTortinha de maçã, pois não dá para governar sem elas. E lembre-se sempre de que "Just do it"; ops, errei, esse é slogan da Nike.

Lembre-se sempre de que nós brasileiros torcemos pelo seu sucesso.

Espero que ela também seja do bem!

Daniel Bushatsky
São Paulo, 1/11/2010

 

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