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Segunda-feira, 12/3/2001
Patriotismo
Juliano Maesano

Escapo do tema encomendado pela chefia e me aventuro pelos caminhos sociais e psicológicos, mesmo sem ter gabarito algum para falar sobre tais assuntos. É que dois fatos recentes me chamaram a atenção e, como acho que tenho espaço para falar o que eu quiser, me intrometo nesses temas.

Nosso povo me chama a atenção. Quando digo povo, me incluo dentro da massa brazuca. Como de praxe, nunca cansamos de falar mal de nosso país, de seus problemas, de suas injustiças e barbaridades. Para os que são de São Paulo, isso também se aplica à cidade, que já passou por poucas e boas. Eu sou assim mesmo, confesso: falo mal, destruo nosso povo, políticos, governo e todo mundo junto. Mas não me venha falar mal de São Paulo, ou do Brasil, se você não é daqui.

Isso acontece com todo brasileiro e, com certeza, com todos os outros povos do mundo. De repente, nos vemos explicando a um estrangeiro que o Rio, ou São Paulo, não são cidades violentas, que isso é coisa da imprensa internacional. (Quem vê pensa que não falamos coisas piores, sobre nós mesmos.) E quando um americano acha que nossa capital é Buenos Aires? Ou então que vivemos em árvores, como macacos? Viramos bicho! Não imaginam eles que nossos compatriotas, nos jogos de TV, também não sabem quais são as capitais de vários países básicos, como Afeganistão ou Costa do Marfim. (Países tão importantes para nós quanto o Brasil para o norte-americano médio.)

Um dos fatos que despertou nosso patriotismo, e nos fez virar bicho, foi a história do Canadá. Meu Deus, até eu que adorava esse país (inclusive preenchi ficha de imigração pra lá), odeio-os hoje mortalmente. Como podem nos sacanear assim? Eles acham que são o quê? Não precisamos de metade de nossa população para socar esses idiotas. Destruímos esses branquelos babacas.

É assim que fiquei com todo esse papo da carne brasileira, Canadá, Embraer, etc. O que piorou a situação foi ver um diplomata, canadense, dando uma de malandro na TV, dizendo que havia tomado sua decisão por causa de uma certa carta (carta que foi extraviada)... Para completar, zombou do nosso correio, uma das únicas coisas que ainda funciona neste país! O homem deve ter ficado doido mesmo.

Junto com ele, vemos o francês Bové, que vem se meter a zoar nossas plantações. Veja bem, os sem-terra até podem fazer isso (invadir prédios e o escambau), mas não me venha com essa de francês querendo se meter com nossas terras, não. É querer sair na mão, rapidinho.

Bové-Canadá. Ambos têm ligação com a França. Ao menos, os envolvidos no problema Brasil-Canadá são de ascendência francesa, do chamado "Canadá Francês". Eu e os franceses não nos bicamos. Nunca gostei de lá, de nada de lá. Nem deles. Acho até que a Binoche, que muitos adoram, tem cara de tonta.

Já estive no "Canadá Francês" e no "Canadá Americano". Já convivi com canadenses das duas linhagens. Os franceses são iguais a seus ascendentes. Querem se separar, se acham espertos, coisa e tal. Mal notam que são um país de merda, sem a ajuda dos EUA. (Seria como a Cidade do Leste, sem Foz do Iguaçu.)

Não à toa, dizem que quando um alemão bate o pé, cinco franceses saem correndo.

Juliano Maesano
São Paulo, 12/3/2001

 

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