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Segunda-feira, 12/9/2011
Feira do Estudante
Daniel Bushatsky

O que você diria a um estudante que irá prestar vestibular no ano que vem sobre a sua carreira? O que você diria sobre carreiras em geral ou sobre o mercado de trabalho?

São estas as respostas que a Feira Guia do Estudante, criada em 2006, tenta responder. A responsabilidade é imensa: como passar uma mensagem realista, que ao mesmo tempo motive os jovens a escolher determinada carreira, mas não os iluda das dificuldades que qualquer profissão escolhida trará.

A última edição, realizada em agosto de 2011, no Pavilhão amarelo do Expo Center Norte, bateu recorde de público com mais de 37 mil presentes. Palestras, gincanas, games, atividades práticas, simulados e testes profissionais proporcionaram aos participantes informações privilegiadas sobre a vida acadêmica, além de ajudá-los nas suas escolhas profissionais. Há também a oportunidade de fazer oficina de redação para tirar o medo do famoso "zero" na prova mais importante dos vestibulares sérios.

Mas será que o oferecido pela Feira é o suficiente para suprir dúvidas e ao mesmo tempo passar a mensagem realista?

Quando estamos terminando o ensino médio temos uma visão distorcida das profissões. Um exemplo é a profissão de advogado, que a maioria acha que somente poderá atuar em três áreas, civil, penal e trabalhista, desconhecendo que hoje há inúmeros campos de especialização. A OAB/SP, por exemplo, tem mais de 96 comissões de estudo para o advogado se aprofundar em temas e especializações diferentes das citadas acima. É um campo enorme de trabalho, que foge do convencional. Pior, muitos estudantes ainda acham que o advogado fará os espetáculos que eles assistem em filmes americanos, diante de júris e da imprensa.

Quem foi à Feira certamente pode ter desmistificado esta visão através das palestras ministradas, bem como conhecido as faculdades de direito, sua grade curricular e as inúmeras carreiras que o bacharel em direito pode seguir sem ser advogado, como juiz, promotor ou delegado.

No mesmo caminho, as outras áreas também demonstraram um leque maior de oportunidades e de conhecimento deste novo mundo a ser desbravado.

O problema é que não obstante a Feira ser extremamente válida, contribuindo para a escolha profissional e o futuro dos jovens, ela não pode e nem se presta à formação dos estudantes propriamente dita.

A maioria chega a este momento de escolha da carreira sem saber exatamente o que ela significa. Você gosta de português e história? Faça Direito! Biologia? Estude Medicina! Matemática? Você sabe responder sozinho.

Falta aos colégios e aos pais explicarem o real mercado de trabalho, o esforço e a competitividade que atinge todas as carreiras, inclusive informando quanto custa sustentar um lar ou pagar uma faculdade.

Nos meus primeiros dias na faculdade de administração de empresas um professor chamou a atenção dos alunos de algo que poderia parecer óbvio: "Isto aqui é um investimento. Vocês vão pagar 48 mensalidades, sair com um diploma e procurar um emprego. Este emprego deverá remunerar vocês mais do que ter colocado o valor das mensalidades em um investimento de renda fixa ou ter feito um curso técnico, por menor preço e tempo. Tempo, como vocês sabem, também é dinheiro".

Aquela frase me acompanha até hoje. Vejo várias pessoas humildes com o sonho de se formar, esquecendo que o diploma de uma faculdade de quinta categoria, não as colocará, provavelmente, no mercado de trabalho. Ou seja, não valerá o investimento feito, e se tivessem optado por um curso profissionalizante, estariam ganhando mais.

Não é o papel da Feira, mas estágios de duas semanas na profissão almejada, avalizada pelo programa do ensino médio, conversas com profissionais atuantes na área sonhada e pesquisas do que eles realmente fazem, poderiam ajudar a diminuir frustrações do futuro. A prática é diferente da teoria, ainda mais aquela idealizada ou com pouca base de conhecimento.

Atrás de tudo isto está o perfil. Quanto mais jovens, menos acreditamos naquela conversa vaga de investigação das nossas características. Temos a falsa e prepotente impressão de que nos daríamos bem em qualquer atividade que escolhermos.

Não é bem assim. O seu perfil e as características exigidas por cada profissão influem muito no desenvolvimento profissional e no sucesso ambicionado. Mais uma vez volto na necessidade das escolas de não só apresentarem as profissões, mas também ajudarem os seus alunos a se descobrirem como profissionais, escolhendo carreiras após refletir sobre pontos fortes e fracos, e se sua personalidade se adéqua ou não àquela profissão.

Se às vezes não acertamos a carreira escolhida, apesar dos esforços, boas surpresas podem também acontecer no caminho que está sendo trilhado.

Boa sorte e lembre-se que se você errou na escolha, sempre é possível mudar! É só uma questão de perfil!

Daniel Bushatsky
São Paulo, 12/9/2011

 

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