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Quinta-feira, 8/9/2011
É hora de estudar fora
Carla Ceres

Vivemos um momento perigoso. Qualquer boato borboleteando pela rede pode causar um efeito manada nas bolsas e um terremoto na economia mundial. Depois, venha tsunami ou marolinha, a recuperação de países e indivíduos dependerá consideravelmente de seus níveis educacionais.

Estamos otimistas com os oba-obas do pré-sal, da Copa, das Olimpíadas... Enquanto a Europa e os Estados Unidos sofrem, o Brasil importa profissionais de nível superior. Nossa nova classe média delicia-se consumindo produtos tecnológicos e recusa-se a admitir que a prosperidade possa acabar. Mas pode. Outros países, como a Irlanda, passaram por isso.

Mais do que nunca, o melhor investimento é em educação de qualidade. Continue estudando, mantenha seus filhos em boas escolas e, quando possível, envie os mais interessados para uma temporada de estudos no exterior.

Favor não confundir "estudar no exterior" com "mandar os moleques pra Disney". Crianças na Disney só falam inglês se quiserem. Passeiam monitoradas por acompanhantes e ninguém avalia seu aproveitamento. Estudar fora sozinho não é para crianças, a menos que você consiga mantê-las num colégio interno confiável. Também não é para jovens que mal falam o idioma do país de destino. Para aproveitar a experiência ao máximo, o aluno deve ter um conhecimento linguístico de nível intermediário ou superior.

Sim, passeios turísticos, diversão e, em certos casos, trabalho remunerado podem fazer parte de uma viagem de estudos. Alguns universitários com inglês fluente, por exemplo, optam por fazer um curso nos Estados Unidos e trabalhar legalmente, na Disney, ao mesmo tempo. Voltam para seus países com uma experiência de vida riquíssima.

O contraindicado é trabalhar até a exaustão como imigrante ilegal e, nas horas de folga, reunir-se com pessoas de seu próprio país. Aliás, uma das preocupações das escolas de idiomas internacionais é não concentrar estudantes que falem a mesma língua na mesma classe ou na mesma casa.

O acesso fácil à internet e aos celulares, embora tranquilize as famílias, também pode prejudicar o aprendizado. O objetivo principal de uma viagem ao exterior costuma ser a imersão no idioma estrangeiro. Voltar o tempo todo ao idioma original atrapalha. Contatos com a família e os amigos do país de origem devem ser poucos e breves. Primeiro viver, depois tuitar.

Entre os brasileiros, os cursos de inglês nos Estados Unidos fazem sucesso, mas, se o inglês de seu filho já é fluente, escolha outro idioma. Espanha, Alemanha, França e Itália têm ótimas escolas e cursos. Isso sem falar na Suíça, especialista no ensino de línguas. Agora, se o inglês do garoto fica no mais ou menos, corra! De preferência, mande-o para a Inglaterra. Custa caro, mas compensa.

Na Inglaterra, há estudantes do mundo todo e seu filho não se arrisca a voltar com um sotaque de faroeste. Já nos Estados Unidos, costumam predominar estudantes brasileiros e hispânicos. Isso fará maravilhas pelos apreciadores do portunhol. Se, ainda assim, você preferir os Estados Unidos, uma boa escolha seria a região da Nova Inglaterra.

Mais importante do que o país de destino é a escola escolhida. Embora as autoridades ligadas à educação procurem supervisioná-las, escolas péssimas costumam surgir. Pesquise e investigue. Desconfie de cursos muito em conta e não acredite que uma temporada somente convivendo com uma família estrangeira, sem frequentar um estabelecimento de ensino traga os mesmos resultados que um bom curso.

Boas escolas costumam contar com biblioteca e laboratório multimídia; promover palestras, passeios e excursões; oferecer cursos complementares em áreas como negócios, cultura, direito e teatro; fazer avaliações; fornecer certificados de aproveitamento; entrar em contato com a família hospedeira caso o aluno resolva desaparecer da escola.

Muitas famílias complementam sua renda recebendo estudantes estrangeiros em casa. Essa forma de hospedagem, embora limite a liberdade do aluno, que deve comportar-se de forma responsável e gentil em casa alheia, acelera a aprendizagem do idioma e favorece a compreensão de traços culturais. A opção por um hotel ou alojamento estudantil garante uma certa autonomia, mas não a possibilidade de matar aula sem avisar antes. Escolas estrangeiras não hesitam em chamar a polícia se um aluno, mesmo que adulto, desaparece.

Quanto à segurança, os pais podem ficar tranquilos. Jovens gentis, prudentes e dispostos a compreender pessoas de outras culturas ficam sempre bem. E valem cada centavo investido em sua educação.

Nota do Editor
Carla Ceres mantém o blog Algo além dos Livros. http://carlaceres.blogspot.com/

Carla Ceres
Piracicaba, 8/9/2011

 

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