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Segunda-feira, 19/3/2012
Parque de Diversão Brasil
Daniel Bushatsky

Andei reparando que o Brasil é um enorme parque de diversão. Não somos a Disney, e sim o Parque de Diversão Brasil, que não conta com muitos brinquedos e eles também não são lá muito modernos. Se passam por manutenção? O que você acha? É melhor não pegar os brinquedos mais violentos. Prefira o tiro ao alvo, acertando a latinha, você leva um ursinho de pelúcia.

Tem também outras diversões:

Montanha-russa: não obstante o Brasil ter o mesmo número deste brinquedo do que o Canadá, país infinitamente menor em quantidade de pessoas, temos exemplares interessantes do brinquedo em nossas rodovias. Quem já pegou a Tamoios? Suas curvas são o resultado do trabalho de nossos engenheiros contra a física, o conforto e segurança na descida da serra;

Trem fantasma: se o conceito deste brinquedo é um carro passando por um trilho na escuridão, enquanto acontecimentos estranhos e repentinos ocorrem, é só comparar o que aconteceu em plena Avenida 23 de Maio, em 03 de março de 2011. Um taxi, com passageiros (carrinho lotado), passava pela altura da Rua Santo Amaro, quando um pedaço do concreto de um viaduto caiu em cima do automóvel. O motorista e os 4 passageiros tiveram ferimentos leves;

Show de horror: como todo bom parque, não poderia faltar um show de horror. Pela grande oferta de artistas, no Parque Brasil, a cada dia temos uma nova atração. A última foi protagonizada por um homem, em Grajaú, que esfaqueou a mulher e fez a mãe e os dois filhos reféns, sem motivos aparentes. Logo em seguida, o Parque Brasil fez outra apresentação, desta vez, com o seu "balcão de informação TAM", que para variar atrasou inúmeros vôos, pois precisou que seus funcionários fizessem o "check in" manualmente (no dia anterior já tinha deixado os passageiros presos dentro do avião por 8 horas e ainda enviou bagagens de alguns deles para Londres)! Para saber mais sobre estes espetáculos é só ler a reportagem do dia 03 de março de 2012, no caderno Metrópole, C6, no Jornal Estado de São Paulo;

E, como não poderia deixar de ser, "nosso" Parque Brasil tem duas atrações especiais:

Show de talentos: onde a presidente da república é parodiada chorando em um discurso!

E a segunda, é a queda livre de crianças, sem cinto de segurança ou trava elétrica e, lógico, sem supervisão dos funcionários do parque. Este brinquedo, muito popular, somente tem um inconveniente, pode gerar a morte do seu usuário. Como este brinquedo não sofre manutenção há 10 anos, o parque de diversão criou seu similar na água para caso haja algum imprevisto. O brinquedo aquático é uma espécie de boliche, onde jet-skis, pilotados por pré-adolescentes, derrubam crianças na areia. O inconveniente é o mesmo do primeiro brinquedo: também pode gerar a morte!

A grande popularidade do nosso Parque Brasil está assentada em dois pilares: impunidade e falta de supervisão/vigilância.

A impunidade é latente. Poucos são condenados pelos crimes que cometem, em uma legislação burocrática e em um judiciário moroso. Se condenados, as penas são tão suaves e já previstas na maioria dos casos no balanço patrimonial da empresa ou no planejamento financeiro da pessoa, que não fazem nem cócegas. Gostaria de saber como as empresas se comportariam se fossem condenadas a pagar 20 milhões de reais à família da criança morta em um de seus brinquedos. Ou seja, se queremos uma Disney, precisamos aumentar a punição!

O segundo pilar que precisa ser mudado é o da falta de supervisão. Onde já se viu um país querer que as coisas funcionem, sem polícia efetiva e bem paga? Para mudar a mentalidade, afora educação de base, será necessário repressão policial (não ditadura!). Somente com investigação, supervisão e vigilância em conjunto com penas severas poderão dar tranqüilidade de que pedaços do viaduto não caiam em nossas cabeças!

Espero que possamos comer churros e algodão-doce mais tranqüilos, mas para isto precisamos nos equiparar ao parque com as orelhas do rato! Precisamos de educação, vigilância e punição!

Caso contrário, não adianta pedir o dinheiro de volta: é sentar e relaxar! Ops, cair!

Daniel Bushatsky
São Paulo, 19/3/2012

 

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