|
Segunda-feira, 2/11/2015 Você é África, Você é Linda: abaixo o preconceito! Fabio Gomes ![]()
Selma é a responsável direta pela minha ida a Jequié; a conheci em Taquaruçu, distrito de Palmas, durante a realização do Mutum - 1ª Mostra de Música Instrumental e Cultura Popular do Tocantins, em julho. Instalada numa mesa próxima ao palco do evento, Selma confeccionava turbantes, contribuindo para, como definiu, africanizar as moças que foram assistir aos shows. Não pude, na ocasião, fazer nenhum registro de seu trabalho, pois a bateria de minha câmera descarregou ainda antes do primeiro show, e eu havia deixado o carregador em Palmas (acontece né!). Ao saber da participação de Selma em movimentos sociais, propus levar a Jequié a minha mostra de curtas As Tias do Marabaixo, que ficou então agendada para agosto. Não foi possível minha ida a Jequié em agosto, mas como diz o ditado, há males que vêm para o bem: como a viagem foi transferida para setembro, isso permitiu que eu estruturasse a Oficina, e Selma conseguiu apoio com a UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) para realizá-la em Jequié.
Lá estando, resolvi então fazer o registro do trabalho de Selma, que não pudera fazer em Taquaruçu. Mesmo sem experiência anterior em cinema, Selma e Elmira toparam a ideia, improvisando na hora os diálogos. Às duas, meu mais sincero agradecimento, bem como à UESB, em cujas instalações foram realizadas as filmagens.
Geralmente, curtas realizados durante oficinas de cinema não são divulgados ao público, já que a rapidez com que são feitos (afinal, a bem da verdade trata-se mais de um exercício de aula) por vezes compromete o apuro técnico. Sou o primeiro a admitir que, sim, Você é África, Você é Linda tem falhas, principalmente por ter sido filmado com câmera na mão e possuir roteiro improvisado; também é visível a diferença de intensidade de cor, variação que se pode notar mais no começo do filme, já que foram usadas imagem captadas por duas câmeras diferentes. Penso mesmo em, mais adiante, refilmar este argumento, com mais tempo e recursos. O que me animou a apresentar publicamente este curta, assim como está, é sua forte mensagem contra o preconceito - relatos como o da personagem interpretada por Elmira (de ter sofrido preconceito em função de seu cabelo crespo e cacheado desde a mais tenra infância) são, infelizmente, extremamente comuns em nosso país. Mas, assim como o preconceito não nos dá trégua, também não podemos dar trégua ao preconceito!
Fabio Gomes |
|
|