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Segunda-feira, 17/10/2016
O bom e velho formato site
Fabio Gomes

Em 17 de outubro de 2002 - há 14 anos, portanto -, entrava no ar o meu primeiro site, o Brasileirinho, dedicado ao jornalismo musical e com foco na MPB, em especial o samba e o choro. Penso ser oportuno, então, fazer nesta data uma reflexão sobre o 'formato site' a partir de minha experiência na área (assim como já fiz aqui anteriormente com o 'formato blog').


Milton Moura, Luiz Carlos da Vila e eu
em debate sobre a História do Samba
- Salvador, 2007
(Foto: Adenor Gondim)

O Brasileirinho não foi meu primeiro projeto de site, foi apenas o primeiro que deu certo (antes dele, ali por 1999, pensei em ter um site com meu acervo fotográfico - já contei esta história em meu blog de Foto & Cinema). Me formei em Jornalismo pela UFRGS em 2001 já com a ideia de ter um programa de rádio semanal voltado para o samba e o choro. Cheguei a produzir um programa-piloto finalizado em CD, gravado e editado profissionalmente em estúdio, porém as rádios de Porto Alegre que procurei não se interessaram nem em me contratar para produzi-lo, nem em me vender horário para que eu produzisse de forma independente. Então me ocorreu que eu poderia aproveitar o fato de ter registrado um domínio com o nome que o programa teria - Brasileirinho, inspirado no clássico de Waldir Azevedo - e veicular diretamente na internet minha proposta de jornalismo musical independente.

Comecei então a publicar no Brasileirinho artigos que eu já tinha escrito sobre figuras da MPB, charges, entrevistas e dicas de shows, filmes, teatro e outros sites. Quando passei a produzir textos inéditos, em especial resenhas dos shows que assistia em Porto Alegre, esbarrei numa dificuldade: as atualizações do site eram semanais, devido ao acerto que eu havia feito com o webdesigner que contratei para criar o site. Então às vezes acontecia de a resenha entrar no ar duas semanas depois do show. Acabei assumindo eu mesmo a tarefa de ser o webmaster do meu próprio site no começo de 2003, usando os conhecimentos adquiridos num curso de criação de sites publicado em fascículos (ainda existe isso? risos).

Creio ter feito um bom trabalho, pois já em 2004 aconteceram dois fatos significativos. Primeiro, o Brasileirinho foi escolhido pela Representação Regional do Iphan no Rio Grande do Sul para representar o estado na fase nacional do Prêmio Rodrigo Mello Franco, do MinC. Segundo, e talvez o mais importante, meu trabalho no site motivou um convite do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo para ministrar um curso de Jornalismo Cultural na capital paulista.

Por vários motivos, não pode aceitar de imediato o convite do Sindicato. Quando enfim pude fazê-lo, no ano seguinte, já havia também o convite da Fundação Getúlio Vargas para que eu fizesse o curso também em Belém (foi minha primeira viagem ao Norte). Acabei criando novo site, chamado justamente de Jornalismo Cultural, para veicular meus textos sobre outras artes como o cinema, o teatro e até vertentes da música que não a MPB. O site nunca chegou a ter a audiência e repercussão do Brasileirinho, mas acabava gerando mais renda porque era nele que eu divulgava o curso, tanto na versão à distância (antes do YouTube, curso à distância era curso feito por e-mail mesmo ;) quanto na presencial, que fez com que eu fosse nos anos seguintes a Joinville, Blumenau e Rio Branco, onde nova mudança aconteceu.

Na capital do Acre, cobri em 2008 um festival de música independente, tendo pela primeira vez contato com a sonoridade amazônica, que raramente chegava ao Sul do país. Isto, mais o interesse de artistas de Belém em meu trabalho como assessor de imprensa e as inúmeras inscrições que eu recebia do Norte para o curso à distância de Jornalismo Cultural me levaram em 2009 a criar novo espaço para falar da música da Amazônia - o Som do Norte. Mas já não como site, e sim blog.

O Som do Norte teve de imediato imensa repercussão, o que fez com que eu acabasse deixando um pouco de lado os dois sites. O Jornalismo Cultural não chegava a ser atualizado com frequência, talvez eu postasse um texto/mês; dinâmica bem diferente da atual, em que, convertido em blog desde agosto de 2011, é atualizado quase diariamente (inclusive com material veiculado originalmente nos dois sites mencionados). Já o Brasileirinho chegou a receber bastante material de artistas do Pará até a criação do Som do Norte, sendo pouco atualizado depois disso, o que me levou a anunciar o encerramento das atividades há exatos 5 anos e por fim tirá-lo do ar há um mês.

Comparando a quantidade de sites e de blogs que criei, deve-se concluir que prefiro este formato àquele? Não necessariamente. Ali por 2009, eu dizia que um site equivalia a um jornal, atualizado regularmente, mas com menos frequência que um blog, que seria como um programa de rádio, que permite atualizar a informação a qualquer momento. Hoje, penso que quem cumpre a função de rádio são as redes sociais, ao passo que quem está mais para um jornal são os blogs, já que os sites passaram a "se comportar" como...livros! Sim. Como eu já disse no texto sobre os blogs citado no começo, se você quer postar conteúdo com frequência, o mais indicado é criar um blog; se você começa a postar muuuuito texto num site, em algum momento terá que resolver a questão de como o internauta localizará todo o conteúdo nele publicado - este foi o grande problema que acabei tendo no Brasileirinho.

Por isso os sites hoje são mais recomendados para uso institucional, tanto por empresas quanto artistas. Ali você encontra histórico/biografia, fotos, vídeos, agenda (no caso de artistas), as principais informações de contato e, quase sempre, o link para um blog, onde então irá acessar atualizações frequentes.

Só pra fechar, o fato de eu ter tirado recentemente do ar meu primeiro site não significa que eu desacredite hoje do formato. Ao contrário, meu próximo site inclusive deverá tornar realidade o antigo sonho de 1999: será uma página 'institucional' do meu trabalho com foto & cinema, linkado com o blog. Quando entra no ar eu não sei, mas o domínio já está registrado!

Fabio Gomes
Macapá, 17/10/2016

 

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