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Sexta-feira, 21/9/2018
Alice in Chains, Rainier Fog (2018)
Luís Fernando Amâncio

Rainier Fog, o sexto álbum de estúdio do Alice in Chains, foi lançado no dia 24 de agosto e veio ao mundo cercado de expectativas. Embora a banda não seja um enorme sucesso de audiência, possui seu público cativo e conta com certo respeito na crítica musical. Além disso, o Alice in Chains possui uma discografia consideravelmente pequena para um grupo que existe há três décadas, o que faz o lançamento ser um momento especial.



O álbum é o primeiro da banda pela gravadora BMG e foi produzido por Nick Raskulinecz, parceiro do grupo em seus dois trabalhos anteriores, Black Gives Way to Blue (2009) e The Devil Put Dinosaurs Here (2013). É também o terceiro álbum da nova fase do Alice in Chains, desde que o grupo retomou as atividades após o falecimento de Layne Staley, com William Duvall (vocais, guitarra) se juntando a Jerry Cantrell (vocais, guitarra), Mike Inez (baixo) e Sean Kinney (bateria). O disco abre com “The One You Know”, já conhecida dos fãs, pois foi o primeiro single. Uma canção construída em um ritmo crescente, mas que acaba sendo frustrado no refrão, que soa como um anticlímax. Talvez não tenha sido a melhor escolha para música de trabalho, embora o solo de guitarra e a dobradinha vocal Cantrell/ Duvall façam valer a pena. Em seguida, a faixa título, “Rainier Fog”, atende bem as expectativas. Seu nome faz alusão ao Mont Rainier, vulcão adormecido situado em Seattle, a maior montanha do estado de Washington. É um tributo à cena grunge e aos seus inúmeros músicos falecidos. Só ex-integrantes da banda são dois, Mike Starr e Layne. Os exemplos, infelizmente, vão bem além dos nomes consagrados. A chegada da heroína em Seattle foi avassaladora entre os anos 1980 e 1990.

“Red Giant” reforça o clima sombrio do álbum, que é parte importante da identidade sonora da banda. “Fly”, primeira balada, também tem essa característica. Ela apresenta bastante potencial para ser a próxima música de trabalho, com o equilíbrio entre melancolia e beleza que o Alice in Chains domina como poucos.

“Drone”, quinta música, foge um pouco do estilo do grupo – mas bem pouco. Possui um riff arrastado e recebeu críticas bem favoráveis. “Deaf Ears Blind Eyes” é uma típica canção de meio de álbum, sem grande destaque, mas longe de ser ruim. “Maybe”, em seguida, é outra balada. Começa com uma harmonização vocal que nos remete a ópera rock.

A oitava música do disco também foi liberada anteriormente, “So Far Under”, a mais noventista do disco – curiosamente, composta por William Duvall, que não fazia parte do grupo no período. Um petardo que merece que o volume vá para o máximo. Aliás, o trio final de canções do disco é forte. “Never Fade”, outra liberada anteriormente, possui um refrão bem solar, algo raro na discografia do AiC. Para finalizar, outro momento mais introspectivo com “All I Am”, a faixa mais longa do disco, com duração superior a sete minutos.

É nítido, com Rainier Fog, que o Alice in Chains optou em seu retorno por uma sonoridade mais estável, mantendo uma identidade ao longo dos últimos três álbuns e, consequentemente, sem propor grandes inovações. Para alguns, pode parecer comodismo, a repetição de uma fórmula. Mas a verdade é que, ao dar play em um álbum do Alice in Chains, os fãs tem algo em mente que só a banda sabe entregar. Um som pesado, doce, com guitarras distorcidas e solos simples, mas melodiosos. É uma banda bastante genuína e, em Rainier Fog, mais uma vez não decepciona.




Luís Fernando Amâncio
Belo Horizonte, 21/9/2018

 

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