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Quarta-feira, 13/3/2002
Crimes de guerra
Daniela Sandler

A representação de guerras e confrontos sociais tende a reduzir os fatos a esquemas simplificadores. Divide os envolvidos em “bons” e “maus”, traçando a geografia maniqueísta do simplismo político, histórico e moral. Fora a parcialidade causada por envolvimento ou identificação com um dos “lados” (será o velho desejo de ter um time pelo qual torcer?), o simplismo é motivado pelo desejo de explicar e entender racionalmente. Mas certas situações, por sua complexidade, só podem ser “entendidas” logicamente se alguns de seus aspectos essenciais forem ignorados, numa espécie de cegueira seletiva. Resultado: a explicação final satisfaz os anseios pela moral da história, mas não faz jus à situação que pretende explicar.

A Guerra da Bósnia, assim como as disputas no Oriente Médio ou a luta entre os Estados Unidos e os terroristas, figura entre os eventos históricos dos quais explicações racionais simples não dão conta. Não há como dividir as forças conflitantes entre boas e más; não há como resumir essas histórias numa linha, num sumário de intenções unidimensionais; não há como confiar em noções simples de causa e efeito. Nada disso significa, no entanto, que não se possa tomar partido criticamente.

Para ter algum entendimento sobre esses conflitos, é preciso ter coragem de encarar suas contradições e de confrontar a todo momento as limitações do pensamento justo. É necessário aceitar que nenhum veredito resultará na divisão clara entre certo e errado, bom e mau, culpado e inocente. Que toda versão do conflito, e toda ação sobre ele, carregará implicações problemáticas e injustas. Não apenas essas disputas não podem ser entendidas pela lógica pura, como – mais seriamente – não podem ser resolvidas pela razão apenas. O recurso ao raciocínio cartesiano leva à inação ou ao absurdo – que, muitas vezes, dão no mesmo.

O filme Terra de Ninguém (No Man’s Land, Bósnia-Herzegovínia, Danis Tanovic, 2001), em cartaz em São Paulo, é um exemplo brilhante da recusa ao simplismo, da coragem crítica e reflexiva e do reconhecimento de que, apesar das falhas inevitáveis, é imperativo assumir um ponto de vista e colocá-lo em ação – assumindo também a responsabilidade sobre suas conseqüências. Não há solução fácil ou perfeita, da mesma forma como não há explicação fácil ou perfeita – a não ser o auto-engano.

Ambigüidade e sarcasmo

Terra de Ninguém, indicado para o Oscar como Melhor Filme Estrangeiro, já abocanhou o Globo de Ouro na mesma categoria (derrotando, entre outros, o brasileiro Abril Despedaçado, de Walter Salles). É até curioso que concorra com a elogiada fabulação romântica de Amélie, oferecendo o seu oposto: a demonstração de que boas intenções não bastam, sobre o pano-de-fundo sujo, suado e sangrento da guerra.

O filme se recusa a fazer agrados. Na seqüência inicial, um dos personagens conta uma piada de humor negro: a diferença entre o pessimista e o otimista é que o primeiro acha que chegou ao fundo do poço, enquanto o segundo sabe que as coisas ainda podem ficar piores. A anedota, com a reversão da expectativa óbvia e a reconfiguração inesperada de significados aparentemente familiares, resume o espírito do filme, que rejeita conclusões instantâneas ou imediatistas e busca nas contradições e complexidades a análise crítica de seu tema.

Em vez de maniqueísmo, o filme opta pela ambigüidade. Exige mais do espectador – quem fizer julgamentos apressados será surpreendido a cada passo da trama com desfechos inesperados, que põem em dúvida as impressões iniciais sobre o caráter dos personagens e as premissas irrefletidas, apriorísticas sobre a guerra. Como no front, é preciso estar atento todo o tempo: cada ato, cada frase são sinais valiosos, revelando a fraqueza insuspeitada (própria ou inimiga), o perigo oculto, o ponto cego na linha de mira, as falhas fatais.

A recusa das opções fáceis começa pelas decisões estéticas. A representação das cenas e personagens é realista, como se o filme estivesse apenas captando fatos – diferentemente, por exemplo, do alegórico e estilizado Underground, de Emir Kusturica, que também trata da Guerra da Bósnia. No entanto, o enredo e diálogos de Terra de Ninguém são simbólicos, carregando significados e representações muito mais amplos que suas circunstâncias específicas. A tensão entre o registro realista e o simbolismo demanda a reflexão constante sobre o que é mostrado na tela. Tanovic se nega a servir de bandeja um filme de consumo fácil, com o risco de que muitas de suas sutilezas não serão percebidas.

A ambigüidade está presente também na (in)definição do gênero do filme. O humor que impregna Terra de Ninguém, arrancando gargalhadas da platéia em quase toda a sua duração, pode definir a obra como comédia (negra). Mas, ancorando no sarcasmo sua presença crítica, o modo cômico não suplanta a trama trágica. Se, em boa parte das cenas, a crítica é atingida pelo riso, e ainda que seja possível reagir à cena final com um sorriso irônico, o desfecho da história não faz concessões. O filme é talvez um dos menos piedosos em relação à tristeza, brutalidade e seriedade da guerra.

Responsabilidade

Terra de Ninguém incorpora, em sua execução, a complexidade de seu conteúdo. Demonstra que, sob a aparente simplicidade esquemática com a qual a maioria das pessoas vê eventos como a Guerra da Bósnia, há um emaranhado de forças e elementos conflitantes que não podem ser negligenciados. Recusando a versão simplista e simplória dos fatos, escava suas contradições e nuances, revelando sua complicação e mantendo, ao mesmo tempo, sua integridade.

O diretor aceita a responsabilidade pelas conseqüências de seu posicionamento político e de suas decisões, em vez de buscar soluções imediatistas e reasseguramentos morais. Para além dos valiosos insights que lança sobre a Guerra da Bósnia, o filme exemplifica a postura urgente (e escassa) que poderia ser de ajuda inestimável para entender e transformar outros conflitos, presentes e aparentemente insolúveis.

A trama do filme é sucinta e simbólica: na terra sem dono entre as linhas de batalha sérvias e bósnias, um soldado bósnio e um soldado sérvio perdem-se e acabam juntos, isolados e feridos numa trincheira abandonada. Fora de seus respectivos domínios, longe da proteção de seus exércitos, e sob o fogo cruzado das duas linhas inimigas, os dois tentam se salvar. Mas, além de sua relação contraditória, pontilhada por ódios e intersecções, a situação se complica com a entrada de outros elementos: a imprensa estrangeira, as forças de paz das Nações Unidas, e o traiçoeiro terreno minado em que se transformou o campo de batalha.

Cada personagem adiciona à ação do filme a dimensão representativa das diferentes forças envolvidas – nacionais e internacionais, civis e militares. Há o oficial francês a serviço das forças de paz da ONU, idealista e desejoso de entender seu papel no conflito e de colocar em ação suas boas intenções. Há também seu superior, um oficial britânico instalado em confortável mansão, distante do front e da poeira onde seus subordinados estão estacionados. Outra britânica tem papel igualmente significativo: a correspondente estrangeira da rede televisiva internacional, com seu sotaque britânico-pasteurizado e a mistura de idealismo e sensacionalismo associados à imprensa.

Esses papéis são desdobrados em suas dimensões múltiplas e contraditórias: nada, ou quase nada do que fazem, se desenrola como previsto ou planejado. Os julgamentos iniciais sobre cada um deles são constantemente postos em cheque não só pelo resultado de suas ações, mas pelas facetas contraditórias que revelam, obrigando o espectador a reconfigurar, constantemente, suas opiniões. No fim, a complexidade de caráter – e da própria trama – torna impossível a definição certeira de personagens e atos como heróicos ou desastrosos, decisivos ou impotentes, bons ou maus.

Eu te odeio, mas não leve para o lado pessoal

Um dos clichês sobre a Guerra da Bósnia é o espanto diante da briga entre povos tão próximos, que compartilhavam não apenas a terra mas também sociabilidade, cultura e afeições: em suma, por que se matam, se são praticamente irmãos? E dá-lhe histórias de amigos de infância lutando em exércitos inimigos ou romances proibidos à Romeu e Julieta.

Terra de Ninguém questiona essa versão sentimentalista: sem negar a proximidade e similaridade entre os inimigos, rejeita a sua conotação samaritana e a promessa de salvação que ela subentende. Sem concessões piegas, e frustrando mais uma vez as expectativas dramáticas da platéia, o filme admite – com realismo, que muitos confundirão com pessimismo – as imposições da realidade.

Após as hostilidades mútuas iniciais, o soldado bósnio, Čiki (pronuncia-se Tchiki), e o soldado sérvio, Nino, parecem chegar perto de uma trégua. Os dois páram de discutir, relaxam as armas, e começam a conversar. Descobrem que uma antiga namorada de Čiki morava na cidade natal de Nino, de quem ela havia sido colega de escola. Čiki oferece cigarros a Nino. Os dois unem seus esforços num plano para conseguir ajuda externa e escapar da trincheira. A tensão diminui.

Nino estende a mão a Čiki e se apresenta. Em vez de corresponder, Čiki deixa-o com a mão estendida no ar e retruca, sarcástico: “O que você quer agora? Trocar cartões de visita, telefones? A próxima vez em que a gente se ver será através das lentes de mira de uma arma.” Mais tarde, Nino assente: “Você tem razão.” Ceder à lenda fraternal é escapismo. O que não significa a ausência de conflito interno em relação à guerra: Čiki acaba se desculpando por ter rejeitado Nino tão rudemente. Seus destinos estão emaranhados no presente e no passado por contingências históricas paradoxais. É como se um dissesse ao outro: Eu te odeio, mas não leve para o lado pessoal.

Enquanto a coisa fica nesse pé, há esperança de salvação. Mas os conflitos sociais penetram a esfera individual. Balas voando em fogo cruzado fazem odiar o “lado inimigo”, mas o ataque próximo e individual – o estupro da irmã, o incêndio da casa, a facada – transformam a guerra em duelo, o conflito político em disputa pessoal. Os ódios coletivos e individuais se misturam, e a bandeira nacional vira escudo confortável para justificar os impulsos particulares. É aí que a razão cessa por completo de fazer efeito – e a destruição é levada ao extremo.

Mito fraternal

A insistência nas ligações fraternas entre os povos combatentes, que Terra de Ninguém problematiza de modo nuançado e eficiente, ignora as nuances muitas vezes sutis das relações sociais, a textura intrincada de agrupamentos nacionais, étnicos, políticos, e seu contexto e contingências. Dizer que são todos iguais é passar um rolo compressor sobre as circunstâncias históricas, que freqüentemente se sobrepõem às escolhas individuais. Ainda que houvesse relações pacíficas e intercâmbios amistosos entre sérvios, bósnios e croatas, ou entre cristãos e muçulmanos, a relação se transforma uma vez que a briga começa.

A pressão material, bruta e inegável da guerra é mais forte que o livre-arbítrio na definição das próprias ações, opiniões e identidade. Ainda que a guerra tenha sido atiçada e fomentada por interesses políticos alheios à maioria da população, uma vez que a luta se espalha, a configuração de forças e interesses muda. Os efeitos reais da guerra – aldeias queimadas, limpeza étnica, mutilação, morte – confinam a gama de decisões ao espectro bélico: defesa, ataque, fuga. Provocam o ódio “fratricida” tanto ou mais que as ficções identitárias. Quem era irmão vira inimigo.

Essa consideração leva a outro ponto cego do mito fraternal: ele presume uma história estática, imutável, imune a mudanças externas e internas (se é que uma história assim definida não é um oxímoro). Assume que, já que sérvios, bósnios e croatas conviveram em relativa paz por meio século, não faz sentido que tenham começado a se matar “de repente”. Daí o susto e surpresa embutidos na constatação das histórias de amizades passadas e semelhanças presentes entre os inimigos.

Balcanização

Essa linha de pensamento, que nega a transformação (e o fato de que nem toda transformação é progressiva), endossa também a idéia de que há essências eternas de caráter ou índole, próprias a um povo ou grupo social, sob os rótulos de “nação”, “religião”, “etnia”, “cultura”, “língua”. Acaba levando a uma conclusão aparentemente paradoxal ao mito fraternal, mas que bebe da mesma fonte: a crença de que o dito meio século de paz nos Bálcãs era ilusório e artificial, de que as relações amistosas nunca existiram de fato, e de que sérvios, bósnios e croatas estavam fadados a se engalfinhar.

Essa versão, além de seu “essencialismo” reducionista, dá força ao conceito generalizado de que os Bálcãs são uma espécie de terra amaldiçoada, de gente louca e sangrenta. A força desse clichê é visível na sua adoção como vocábulo para expressar conflitos violentos e fragmentadores: a “balcanização”, aplicada a lugares e grupos sociais. Essa visão, difundida e muito pouco criticada, em nada ajuda a sanar os conflitos e a dissolver as fantasias de identidade que movem as batalhas. Pelo contrário: reforçam o estereótipo, e dão uma boa desculpa para lavar as mãos, livrando as consciências.

É porque eu tenho uma arma nas mãos

Terra de Ninguém revela a impossibilidade de “simplesmente” atribuir a culpa a quem começou a briga. Ao mesmo tempo, insiste na possibilidade – na necessidade, aliás – de adotar um ponto de vista claro, de escapar ao raciocínio circular que considera todos os envolvidos em ações violentas igualmente “culpados”. Esse raciocínio vem, paradoxalmente, da busca por desculpas “justas” para escusar ou acusar cada um dos combatentes. A conclusão lógica é culpar ou isentar os dois lados, algo na linha “quando um não quer, dois não brigam”. O tema é central ao filme, pois liga-se à decisão da ONU de manter sua “neutralidade” e não intervir no conflito local. As forças de paz das Nações Unidas limitaram-se à observação e à ajuda humanitária, numa atitude descrita pelos mais benevolentes como autocontraditória ou absurda – e vista por muitos como hipócrita.

Uma cena emblemática mostra os dois soldados discutindo sobre a origem da guerra. Čiki, o bósnio, insiste com Nino que foram os sérvios a iniciar o conflito, e que os atos de guerra dos bósnios são justificados por legítima defesa. “Foram vocês que começaram.” “Não, foram vocês.” “Não. Não fomos nós.” “Foram sim.” A disputa só se resolve pela força: de posse da arma, Čiki força Nino a admitir a culpa. A cena é revertida, mais tarde, quando Nino desarma Čiki e fá-lo dizer que foram os bósnios que iniciaram a guerra. “Por quê?” “Porque eu tenho uma arma e você não.”

Por um lado, o episódio põe a nu a futilidade das explicações e tentativas de entendimento diante do poder das armas e da força física. Quem decide o conflito é o rifle, não a razão. E, para quem está enfiado numa trincheira, com o corpo furado por uma bala e diante do soldado adversário, é impossível analisar a situação de outra maneira.

Mas a cena não aponta simplesmente para a ignorância da lei do mais forte. Em outras passagens, o filme sugere que é possível identificar as origens do conflito, e que por conseguinte é impossível ser neutro, ainda que não se faça nada. O filme indica, sim, que cada um dos lados envolvidos na carnificina deve arcar com sua parcela de responsabilidade, independentemente das origens do conflito. No entanto, o filme rejeita a versão de que essas “parcelas de responsabilidade” tenham igual valor ou dimensão, e distingue sutilmente entre ataque deliberado e defesa necessária.

O diretor usa um recurso inteligente para demonstrar esse ponto de vista: em vez de expressá-lo apenas com filmagem original, recorre a documentação feita na época do conflito, endossando sua validade para além de seu próprio roteiro. A filmagem de época revê um dos nós-na-garganta da Guerra da Bósnia: a neutralidade das Nações Unidas mencionada acima, seu status como “observador independente”. Na prática, isso significou o não-reconhecimento do direito dos bósnios à própria defesa, igualando-os a seus agressores – como se a tal parcela de responsabilidade fosse a mesma para todos.

Ilusão de neutralidade

Essa posição complicada fornece um dos principais elos dramáticos do roteiro, quando o oficial francês, para quem a paralisia das forças de paz é absurda, decide entrar na terra-de-ninguém e resgatar os soldados encurralados. Quando ordena que seus subordinados entrem no tanque que irá levá-los à trincheira, um deles retruca que eles têm ordens de não fazer nada. O francês responde: “Se você quer ficar aí parado tentando descobrir o que é que veio fazer aqui, que fique. Eu vim aqui para tentar evitar que a gente daqui se mate.”

Não é à toa que esse e outros bordões saiam da boca do oficial francês. Além de remeter ao papel da França no conflito bósnio, que incluiu uma visita de François Mitterrand a Sarajevo, é impossível não pensar nos ideais humanistas e universalistas da Revolução Francesa e do Iluminismo, herança libertadora e, essa sim, fraternalista. É o francês que diz uma das frases mais marcantes do filme: “Diante de tantas agressões como essa, é impossível falar em neutralidade. Não fazer nada é tomar partido.” Ou seja: a decisão de não interferir por parte da ONU favoreceu a guerra dos sérvios e a destruição dos bósnios. Esse argumento, aliás, foi feito por um outro francês, o filósofo Bernard Henri-Lévy, no impressionante documentário Bosna!.

A solução não é simples. O francês idealista é forçado à conclusão de que boas intenções não bastam – seja porque ele nada contra a corrente, tendo de enfrentar a oposição da maioria (e os empecilhos involuntários causados por terceiros, como os repórteres), seja por sua impotência diante da fúria quase incontrolável da “gente local”.

Talvez alguns interpretem o filme como fatalista – os pessimistas, aqueles que cruzarão os braços. Mas, voltando à anedota inicial do filme, se o otimista sabe que as coisas ainda podem ficar piores, sabe também que ainda há espaço para a ação e a transformação, ainda que imperfeitas. O francês é, de certa forma, o porta-voz do diretor – que, se acreditasse na inutilidade de seus esforços, não teria nem mesmo feito o filme (afinal, a guerra já acabou). Se a mensagem do filme tem alguma validade, está na sua ressonância presente e futura diante de conflitos semelhantes, na recusa das explicações fáceis e das falsificações moralistas, no enfrentamento corajoso e responsável das complicações da realidade. Espero que Terra de Ninguém encontre sua merecida audiência, atenta às suas inúmeras sutilezas críticas (metade das quais não coube nesta coluna) e disposta ao entendimento complexo da realidade. Cá e lá.

Para quem se interessa

Outros filmes sobre os conflitos nos Bálcãs:

Antes da Chuva (Pred Dozhot, Milcho Manchevski, Reino Unido, 1994)

Barril de Pólvora (Bure Baruta, Goran Paskaljevic, França, 1998)

Bela Aldeia, Bela Chama (Lepa Sela Lepo Gore, Srdjan Dragojevic, Iugoslávia, 1996)

Bosna! (Bosna!, Alain Ferrari e Bernard Henri-Lévy, Bósnia-Herzegovínia, França, 1994)

Little Villages Burn Nicely (Gori, gori, oganche, Roumiana Petkova, Bulgária, 1995)

Underground (Bila jednom jedna zemlja, Emir Kusturica, Iugoslávia, 1995)

Bem-vindo a Sarajevo (Welcome to Sarajevo, Michael Winterbottom, Reino Unido, 1997)

Daniela Sandler
Rochester, 13/3/2002

 

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