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Terça-feira, 24/12/2002
A felicidade não se compra
Clarissa Kuschnir

Sino batendo, o desenho de uma carruagem em meio à neve, e o Papai Noel logo nos créditos iniciais do filme... Todo final de ano, TVs de diversos países passam o clássico de Frank Capra, "A Felicidade Não Se Compra", que para mim é o filme que revela o verdadeiro espírito de Natal.

Capra consegue enviar uma mensagem positiva a todas as pessoas (aliás, sou suspeita para falar: sou fã do diretor que buscava temas sociais e se preocupava com o ser humano em geral). Outro grande filme dele, que lida com a situação humana, é "Do Mundo nada se leva" (1938).

Apesar da fita ser do ano de 1946, "A Felicidade Não Se Compra" condiz bem com a realidade de muitas pessoas, hoje em dia, no mundo. A dificuldade que se passa, a vontade que muitos têm de acabar com suas vidas - por não se sentirem capazes de pagar as contas, por estarem desempregados ou com salários baixos, entrando em desespero, etc.

No filme, justamente, o diretor prova que nenhum homem é fracassado, já que pode dar a volta por cima seja qual for a sua dificuldade ou condição.

Bom, vamos à história (porque aí, você, que ainda não viu o filme, poderá entender melhor do que se trata...).

O personagem principal é George Bailey (interpretado pelo magnífico James Stewart), que no dia de Natal recebe a visita de um anjo de guarda enviado por Deus. Bem na hora em que George está desesperado para se jogar no rio, na pequena cidade onde mora. Uma luz aparece na vida dele e o pesado fardo que está carregando parece ser bem mais leve do que pensava. Essa é uma das partes mais emocionantes do filme, que até arrepia (mesmo quem não acredita em anjos da guarda...).

O anjo da guarda mesmo, encarnado em forma humana, aparece mais para o final do filme - para dar aquela impressão de que tudo pode ser resolvido. A vida de George Bailey é narrada em flashbacks por Deus, para o anjo da guarda. Assim ele conhece quem deve salvar, uma personalidade cheia de bondade, sempre em beneficio das pessoas e da família.

Como herdeiro da empresa de seu pai, George faz empréstimos a todas as pessoas que necessitam realizar o "sonho da casa própria", sem garantias. Nisso ele entra em constante conflito com o poderoso banqueiro, Potter, que a todo custo quer abocanhar todos os bons negócios da cidade (inclusive a empresa de George). Potter chega a oferecer um emprego estável para George, mas esse acaba não aceitando - o que irrita ainda mais o banqueiro.

George é a síntese de diversos personagens dos filmes de Capra, como Jefferson Smith de "A Mulher faz o Homem", Longfellow Deeds de "O Galante Mr. Deeds" e o mendigo Jonh Doe de "Adorável Vagabundo". Enfim, é um homem comum, que sacrificou muitas coisas na vida, em prol dos interesses das pessoas de sua cidade. Até a própria lua de mel ele de aproveitar para agradar os seus clientes. (E não pense que ele deixou de obter recompensas na hora em que precisou; muito pelo contrário, ele pode não ter tido o mesmo retorno financeiro, mas na hora do desespero foi acolhido de forma solidária, pela população de sua pequena cidade.)

"A Felicidade Não Se Compra" continua sendo um dos mais belos contos de Natal em meio há vários filmes que surgem a cada ano nessa época. Os últimos estantes do filme derrubam lágrimas de emoção do expectador. Esse é um dos presentes mais encantadores que o diretor italiano Frank Capra e a indústria cinematográfica pode ter feito até hoje, para provar que todos os homens têm seus valores acima de tudo.

Clarissa Kuschnir
São Paulo, 24/12/2002

 

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