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Quarta-feira, 8/1/2003
Mais pressão na caldeira
Hernani Dimantas

Estamos vivendo uma nova desordem. Contínua e inacabável. É muito complicado entender os caminhos tortuosos do caos que se instalou na rede. Este caos significa uma nova forma de expressão da sociedade. Pessoas comuns são livres para publicar suas opiniões e pensamentos. Ferramentas não faltam para isso. Mais importante é participar do debate.

Para o mundo desconectado esse efeito é minimizado. É preciso estar vivendo nos meandros da rede para ter a real percepção dos mercados. O momento que vivenciamos tem mais a ver com conversação entre pessoas do que iniciativas de empresas ou de órgãos públicos para incentivar o uso da rede para fins comerciais ou informativos. A estruturação se faz de baixo para cima e para os lados. Muito diferente do velho estigma do comando e controle.

Assim, não existe uma ordem explicita. Um líder, um patrão ou um chefe. A internet combina com os ideais anarquistas, onde cada um manda no seu próprio nariz. Mas num ambiente moralmente ético. Cheio de etiquetas e não me toques. Existe um novo bom senso. E para se manter incólume nesta selva digital vale a pena investir na reputação.

O novo substitui o velho. A pretensa utopia está constrangendo o arrogante pensamento conservador. Instigando os mercados com um "boom" conversatório. Pessoas falando mais, buscando mais conhecimento. Criando e recriando a vida.

Esse discurso parece retórica, mas é realidade. Uma onda colaborativa está cada vez mais penetrando na forma de a sociedade produzir. Primeiro aconteceu a revolução dos softwares livres. E agora a onda é a distribuição livre do conhecimento humano. De um para todos e de todos para um. Este processo é quase embrionário, no entanto já temos resultados expressivos. Imagine os anos vindouros. Serão decisivos para a humanidade.

É lógico que isso é uma tendência que caminha concomitantemente com a forma como os poderosos vêm tocando o rebanho humano. E não pensem que essa transição será indolor. O pau vai pegar. As empresas, acostumadas com o lucro fácil, não vão entregar esse poder de mão beijada. Elas vão apertar o cerco, formando um lobby impetuoso para retardar o processo. Abaixo o software livre... viva a propriedade intelectual. Uma simulação "nonsense" de um estado de sítio virtual.

Mais pressão na caldeira. Os mercados estão em ebulição. Fervilhando idéias e criatividade. Não serão lobbies ou leis que vão cercear a liberdade. Este movimento é rude e independente. A resistência está entrincheirada nos computadores espalhados pelo mundo. Um verdadeiro tsunami evolucionário.

Os velhos poderosos estão assustados com esse novo paradigma. Mas eles não dão tiro no pé. Precisam desta tecnologia para sua própria sobrevivência. Não apostam no retrocesso ou no luditismo. Sabem que terão que enfrentar a ira dos mercados digitais.

No entanto, essa nova tecnologia é avessa às ferramentas responsáveis pelo gigantismo da sociedade moderna. A comunicação de massa não é eficiente no mundo conectado. Nem tampouco o emburrecimento provocado da população, pois uma sociedade mais inteligente começa a despertar. Paradoxalmente, não acredito em perdas reais de um lado ou do outro. Um rearranjo dos mercados está em elaboração. Nada planejado. Um novo sistema está nascendo. Onde os vencedores serão sempre humanos.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor, que é editor do Marketing Hacker.

Hernani Dimantas
São Paulo, 8/1/2003

 

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