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Segunda-feira, 5/2/2001
O Papel do Produtor
Juliano Maesano

Como assunto inicial da minha coluna sobre as técnicas (ou artes, como quiserem alguns) audiovisuais, pensei em fazer uma série de explanações sobre Cinema, Televisão e Vídeo. Quem sabe mais pra frente não entramos mais a fundo em estética e conteúdo? Ou filmes atuais e programas de TV? Bem, então eu resolvi falar sobre o cargo de Produtor. Com certeza, essa palavra gera muitas dúvidas aos leigos, junto com as norte-americanas gaffer ou key grip.

Na verdade o cargo de produtor chega a ser meio dúbio até para quem trabalha na área. Vou começar pela história: no início dos anos dourados do cinema (que foi a primeira dessas técnicas audiovisuais) o produtor era o centro de tudo. Essa era a época dos estúdios de Hollywood e seus produtores (antes dos "executivos"). Um produtor, geralmente parte integrante do estúdio, tinha uma idéia ou comprava direitos de peça ou livro, e bancava ou arrecadava fundos para pagar o filme. Contratava roteiristas, atores e o diretor, para realizar. Por isso que até hoje nos EUA quem costuma mandar é o produtor. Ele normalmente muda o roteiro, despede o diretor e faz o que quer. Na Europa e no Brasil sabemos que não é assim. A figura do produtor é raríssima, por isso temos o cinema de autor, que normalmente é o próprio diretor que escreve, dirige e monta o filme, depois exibindo para seus pais e meia dúzia de amigos.

Bem, esses poderosos produtores americanos as vezes incluíam como Associate Producer ou mesmo Producer, nomes de outras pessoas que o ajudaram, seja um investidor, diretor, ator, um cara que emprestou um sítio e muitas vezes uma de suas namoradas. É por isso que o cargo de produtor é meio nebuloso.

Esse produtor, realizador e investidor, hoje é mais considerado como Executive Producer. O produtor de campo (que pega mais no pesado) é o Line Producer. Esse que tem que resolver os pepinos, descolar cafezinho pra galera, coordenar transporte, alimentação, cuidar do dinheiro, ver autorizações, etc... para isso ele conta com seus assistentes de produção, production assistants ou PA's. Exemplo: vamos gravar uma externa prum jornal de TV numa loja de shopping. O produtor tem que marcar o horário, arrumar a equipe e o equipamento (alugar, se não tiver), ver o transporte, o endereço, o lugar pra parar o carro. Chega lá e o segurança enche o saco, todo mundo olha pro produtor. Cadê a autorização? Achou, QSL, pode entrar. Acha a loja certa, conversa com o gerente, faz a social, arranja um lanchinho pra equipe, pega a notinha e arruma tudo pra gravar. No meio da gravação a repórter quer sentar, vai lá e arranja um banquinho. Aquele fundo lá tá feio, vai lá e põe um vasinho bonitinho. Aí precisamos de um elefante rosa pra fazer aquela tomada no estacionamento: abre a agenda e acha o domador, pois agenda de produtor sempre tem que ter de tudo. Nada pode faltar.

Juliano Maesano
São Paulo, 5/2/2001

 

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