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Quarta-feira, 22/1/2003
Espaço Novo, Vida Nova!
Rennata Airoldi

Caros leitores, desejo à todos vocês um 2003 iluminado! Desculpem a informalidade e a breve ausência no início deste ano. E que ano! Já começamos bem. Pelo menos no que diz respeito ao Teatro Paulistano. Só para esclarecer os fatos, vou retomar algumas informações do ano que passou. Em 2002, sem dúvida, um dos grandes acontecimentos foi a "II Mostra 'Cemitério de Automóveis' de Teatro". Foram três meses no Porão do Centro Cultural São Paulo, onde 79 atores contribuíram artística e afetivamente para a realização de 26 peças de Mário Bortolotto, ou ainda textos adaptados por ele.

Devido a um trabalho árduo e de grande expressividade nos últimos cinco anos, o grupo "Cemitério de Automóveis" foi um dos 23 grupos contemplados pela Lei de Fomento ao Teatro. O Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo visa investir em artistas ou grupos que tenham uma pesquisa e um trabalho contínuo na cidade. Aprovada em 2002, a Lei 13.279-02 é praticamente um presente merecido da Secretaria Municipal da Cultura para os diversos grupos de pesquisa teatral de nossa megalópole. Assim, através desta lei e da aprovação do projeto, foi possível ao "Cemitério de Automóveis" concretizar um sonho: ter sua própria sede. Um espaço para a pesquisa, desenvolvimento do trabalho, cursos e apresentações.

Desta forma, no dia quatro de janeiro, inaugurou-se o "Espaço Cemitério de Automóveis" na Bela Vista. Lugar escolhido à dedo, onde funcionava um antigo teatro. Bastou uma leve reforma e um afetivo mutirão para tornar o espaço adequado para a reestréia da peça "O Herói Devolvido". O texto de Marcelo Mirisola, adaptado por Mário Bortolotto, já deu o que falar na Mostra do ano passado. Com algumas substituições no elenco, mas mantendo o essencial, é um boa oportunidade para aqueles que não assistiram, não perderem mais essa chance. A peça é polêmica devido as cenas picantes e proibida para menores...

"O Herói Devolvido", que abre a nova casa do grupo, estará em cartaz até o dia 26 de Janeiro. Sextas e sábados, às 21h30; e aos domingos, às 20h30. Na semana seguinte, reestréia, neste mesmo horário, "Análise Comportamental e Crítica da Música Eduardo e Mônica", texto de Adolar Gangorra e direção de Fernanda D'Umbra. (Peça que também esteve em cartaz na Mostra). É hilária e imperdível para os fãs do legendário Renato Russo e sua Legião Urbana. Os ingressos continuam a preços populares: R$ 5,00 e R$ 2,50 (meia entrada). Ou seja, dinheiro não é problema!

Segundo a atriz e produtora do grupo, Fernanda D'Umbra, o espaço será aproveitado para cursos e oficinas nos quais os alunos terão sempre oportunidade de apresentarem os resultados no próprio Teatro. Assim, recomendo a todos aqueles que estudam, já estudaram ou se identificam de alguma forma com o trabalho do grupo, que fiquem atentos à todas as novidades.

A sede do "Cemitério de Automóveis" fica na Rua Conselheiro Ramalho, número 673, e o telefone para informações é (11) 3285- 2850. Para os que não conhecem o trabalho do grupo, é um boa oportunidade de entrar em contato com eles. No momento, o núcleo principal do "Cemitério" está em temporada no Rio de Janeiro, no Espaço Sérgio Porto, e dizem as boas línguas, com muito sucesso.

A melhor notícia aqui é que, além de grupos como o "Cemitério", que mantém um teatro alternativo na cidade, muitos outros foram igualmente agraciados. Grupos que desenvolvem um trabalho sério de pesquisa, cada um na sua praia, e que proporcionam cultura e novos olhares sobre nossa sociedade. Melhor ainda é poder afirmar que 2003 já começou com o pé direito uma vez que, a nova fase da Lei de Fomento já está em andamento e novos grupos serão contemplados. Para 2003 há uma reserva orçamentária de R$ 9.250.000,00 para o programa. A verba destinará R$ 2.850.000,00 para o pagamento dos contratos assinados em 2002 e está prevista a liberação de 6 milhões de reais para este ano. Só assim, o bom teatro de grupo adquiri a estrutura necessária para sobreviver às, muitas vezes, grandiosas mas vazias produções. São iniciativas como esta que não deixam nossa Arte morrer. E, como falamos no Teatro, a cada estréia, em 2003, muita Merda ao Teatro!

Rennata Airoldi
São Paulo, 22/1/2003

 

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