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Terça-feira, 11/2/2003
Jack Nickolson arrasa em As Confissões de Schmidt
Clarissa Kuschnir

Jack Nickolson prova que tem talento de sobra para viver o personagem Warren Schmidt no seu mais recente filme, "As Confissões de Schmidt".

O ator de 66 anos (seu personagem tem, no filme, a mesma idade), não tem o que reclamar: sua atuação lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor ator; e é provável que o Oscar também venha para as suas mãos pela terceira vez como ator principal (a primeira foi por "Um Estranho no Ninho" e a segunda por "Melhor é Impossível"). Sem contar que Nickolson recebeu um Oscar de ator coadjuvante, por "Laços de Ternura", e foi indicado 11 vezes pela Academia. Portanto, azões não faltam para vê-lo em tela grande.

"As Confissões de Schmidt" também recebeu o Globo de Ouro de melhor roteiro. Foi mais que merecido. Sem contar as indicações para melhor filme, diretor e atriz coadjuvante.

O filme é baseado no romance About Schmidt, de Louis Begley, lançado recentemente no brasil. Warren Schmidt é um homem comum que acabou de se aposentar de uma empresa de seguros, chamada Woodmen. É também casado e pai de uma filha. Tudo parece perfeito para ele, quando, de uma hora para outra, sua esposa (há 42 anos) morre e ele se vê completamente perdido e desamparado. Para completar, sua filha mora em outra cidade e está prestes a se casar com um sujeito de que ele não gosta.

A situação deixa Warren sem rumo na vida e ele tenta procurar nela um novo sentido. Então decide fazer uma viagem em seu moderno e confortável ônibus-trailer: uma viagem que ele havia planejado com sua falecida esposa. Pelo estado do Nebraska, seguindo até Denver, onde sua filha mora.

Durante a viagem, Warren vai parando em diversos lugares, conhecendo museus, etc. Retorna para cidade onde nasceu e até para o lugar onde era sua casa (agora uma loja de pneus).

Para contar todas as suas aventuras e desilusões, Warren escreve cartas para um menino órfão de seis anos da Tanzânia. Ndugu Umbo é adotado e sustentado por ele, com 22 dólares mensais, graças a um anúncio de uma organização chamada Childreach. (Uma curiosidade é que essa organização existe mesmo e ampara crianças por todo o mundo. Inclusive o menino, que participou como Ndugu, recebeu uma doação após o término do filme.)

Quando chega para a o casamento de sua filha em Denver, Warren não se conforma e quer, a todo custo impedir, que a cerimônia aconteça. A vontade de não querer a filha casada com um vendedor de colchões d'água (interpretado por Dermont Mulroney, que, aliás, está irreconhecível) aumenta quando Warren se assusta com o jeito liberal da mãe do rapaz (interpretada pela talentosa Kathy Bates), que tenta seduzi-lo.

Apesar do personagem estar passando por um momento difícil em sua vida, ganha vida graças ao trabalho de Nicholson. Que arranca igualmente muitas risadas: algo que divide o filme entre o drama e a comédia. Tem horas que o personagem se vê completamente solitário e aí ele começa a pensar o que será de sua vida. As caras e jeitos de Nicholson se impõem desde a primeira cena e seguem adiante no decorrer do filme, o que o deixa leve e muito divertido. Totalmente despretensioso. Ajudam o roteiro excelente e a trilha sonora deliciosa, que merece uma atenção especial.

"As Confissões de Schmidt" é um filme imperdível, que alegra e emociona ao mesmo tempo, e que pode ser considerado uma das melhores atuações de Jack Nicholson nos últimos anos. (O filme entra em cartaz dia 28 de Fevereiro.)

Clarissa Kuschnir
São Paulo, 11/2/2003

 

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