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Terça-feira, 16/7/2002
Comentários
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Porradas e porradas
Caro Alex: não gosto da profissão de executivo, por vários motivos, mas isso não me impede de gostar individualmente de alguns executivos, ou de respeitá-los; de modo que recebo com prazer a sua objeção educada. Mas nada disso muda a minha opinião quanto à profissão em si. Em primeiro lugar, acho que (não sei se você concorda, veremos) ser executivo não é a vocação real de ninguém. Há crianças que sabem que querem ser médicos ou músicos; mas nenhuma criança jamais vai dizer que quer "liderar e motivar uma equipe para a produção de cadernos espiralados e outros produtos de escritório". Não há crianças que queiram ser executivos - só talvez alguma criança desvirtuada, uma espécie de João Dória mirim - o que não prova nada, a não ser que ser executivo é algo antinatural. Todo jovem que finalmente decide se tornar um executivo sente um arrepio de horror, de degradação, nos primeiros dias de trabalho (não pesquisei, estou chutando); um arrependimento por ter deixado de lado o que sonhava ser quando tinha onze anos. Pessoalmente senti esse horror, dei meia volta e saí da faculdade de administração - um pequeno momento glorioso do qual nunca vou me esquecer. Se a sua experiência foi muito diferente - se você realmente sente que a sua vocação é essa - me diga, estou interessado em saber. Mas quanto à questão da coragem, Alex - quando você diz que "sou o primeiro a levar porrada" no trabalho, não é porrada de verdade, é? Seu chefe não fica esperando por você atrás da porta, com um taco de beisebol, fica? Essa é justamente a minha objeção - que executivos comparam algo tão pífio quanto receber uma bronca com coragem militar. Que se contentem em ser apenas o que são. Um abraço- Alexandre.

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por Alexandre
16/7/2002 às
02h05

Deu no Guardian
Transcrevo, abaixo, interssante mensagem recebida de Margarida. /// "Deu no The Guardian Félix, veja o que o jornal inglês "The Guardian" escreveu sobre o nosso Hino Nacional um dia antes do jogo do Brasil e Inglaterra. (A tradução está logo abaixo.) "...Try to be in front of your television by 7.20am tomorrow to catch another of Brazil's great gifts to human happiness. With France gone, Brazil now possesses the best national anthem left in the 2002 World Cup. First penned by Francisco daSilva in 1841, the Hino Nacional is arguably the jauntiest, cheeriest, most tuneful and most beguiling national anthem on the planet. It feels as if it comes ready composed from the opera house, and the influence of Rossini is hard to miss, though scholars now think Da Silva may have cribbed the tune from a religious work by his teacher, José Nunes Garcia. Admirers have included the Creole composer Louis Moreau Gottschalk, who wrote a set of variations for piano and orchestra on it that are well worth hearing. In his book "Futebol: the Brazilian Wayof Life", our South America correspondent, Alex Bellos, explains how the Englishman Charles Miller first brought football to Brazil. But by the time Miller arrived at Santos in 1894, the Hino Nacional had long expressed in song what Pele and his successors later expressed so wonderfully on the field. While the Marseillaise makes bellicose calls to arms, the Hino Nacional stirs national feelings by appeals to Brazil's "pure beauteous skies, " its sound of the sea and the flowers" of its "fair smiling fields". A natural setting for the beautiful game. When Rivaldo and Ronaldo put another two goals past Belgium on Monday, thus setting up tomorrow's quarter-final with England, the London Evening Standard led its later editions with a huge one-word headline. It said simply: BRAZIL! Quite a tribute. It is hard to imagine any other country whose mere name could be used in such a way with such confidence, in the certainty that the readers would react with pleasure and excitement. Were England to be playing Argentina, Germany, France or Italy tomorrow, expectation would be mixed with fear. To play Brazil, on the other hand, is simply a delight and an honour."///Publicado no "THE GUARDIAN" - Londres, INGLATERRA, em 20 Jun 2002. (Uma tradução imediata) "O BELO HINO" Tente ficar em frente de seu televisor cerca das 07:30 da manhã, de amanhã, para sentir outra das grandes dadivas do BRASIL pela pela felicidade humana. A FRANÇA indo embora, o BRASIL agora possui o melhor hino nacional na COPA MUNDIAL de 2002. Tocado primeiramente por FRANCISCO DA SILVA em 1841, o Hino Nacional é alegadamente o mais alegre, o mais animado, o mais melodioso e o mais encantador Hino Nacional no planeta. Sente-se que é como tivesse vindo pronto, já composto, de uma casa de ópera, e a influência de Rossini é difícil descartar, embora estudiosos agora pensem que Da Silva possa ter tido a inspiração da melodia de uma obra religiosa de seu professor, José Nunes Garcia. Admiradores têm destacado o compositor "crioulo" Louis Moreau Gottschalk, que escreveu um conjunto de variações para piano e orquestra sobre o hino, que vale a pena ouvir. Em seu livro "Football: The Brazilian Way of Life", nosso correspondente na América do Sul, Alex Bellos, expõe como o inglês Charles Miller trouxe pela primeira vez o futebol para o BRASIL. Mas à época em que Miller chegou em Santos, em 1894, o Hino Nacional já tinha expressado de muito, em canto, o que Pelé e seus sucessores expressariam mais tarde de modo tão maravilhoso no campo de jogo. Enquanto a Marselhesa faz belicosos apelos às armas, o Hino Nacional estimula os sentimentos nacionais, apelando para o "formoso céu risonho e límpido" do Brasil, seu "som do mar" e as flores dos seus "risonhos campos". Um conjunto natural para o belo jogo. Quando Rivaldo e Ronaldo fizeram outros dois gols na Bélgica na última segunda-feira, classificando-se assim para as quartas de final com a Inglaterra, o London Evening Standar encabeçou sua última edição com uma enorme manchete de uma só palavra. Dizia simplesmente: BRASIL! Um verdadeiro tributo. É difícil imaginar qualquer outro país cujo mero nome pudesse ser usado de tal modo, com tal confiança, na certeza de que os leitores reagiriam com prazer e excitamento. Fosse a Inglaterra jogar contra Argentina, Alemanha, França ou Itália amanhã, a expectativa estaria misturada com temor. Jogar com o Brasil, por outro lado, é simplesmente um deleite e uma honra."

[Sobre "Sobre futebol e hinos nacionais"]

por Félix Maier
15/7/2002 às
16h30

Sunny disposition
Jefferson: você não pegou o “espírito” da mensagem, ou como disse Toni, a “sunny disposition” que tive ao escrever o texto. Claro que eu não sou pela mudança da letra e da música de nosso Hino. Pelo contrário, a letra e a música são magníficas. Por isso, deverão ser mantidas “ad aeternum”, apesar do movimento “politicamente besta” que anda por aí, vez por outra, dizendo que o hino deveria ter uma letra mais “popular”. Acho, também, que o Hino deveria ser cantado por todas as crianças nas escolas, pelo menos umas duas vezes por semana, ao mesmo tempo em que se hasteasse a Bandeira. /// Graças a Deus, o Hino foi feito numa época em que se dava mais valor à música de qualidade, não como hoje, quando qualquer pagodeiro e funkeiro ganha milhões para cantar bobagem. Já imaginou se tivéssemos que escolher nosso Hino nos dias atuais, mediante consulta popular? Teríamos que optar entre Zeca Pagodinho ou Ivete Sangalo, entre Chitãozinho e Chororó ou Zezé di Camargo e Luciano. Até o Bonde do Tigrão iria fazer sua proposta... /// Foi uma pena. Na chegada da Seleção de Futebol ao Palácio do Planalto, FHC deveria ter chamado, não o Olodum, mas a Orquestra Sinfônica Brasileira, para junto com a Banda dos Fuzileiros Navais, executar nosso Hino, que seria cantado por 1.000 vozes do Coral da Universidade de Brasília, e mais 50.000 vozes do povo nas imediações, para fazer tremer o Palácio, partir suas vidraças, fazer desabar o Parlatório. De preferência, chamando Rinaldo e Liriel para soltar suas magníficas vozes, dando um coroamento ao majestoso, sofisticado e lindo Hino que temos. Ivete Sangalo ficaria de bom tamanho nas ruas de Brasília, em cima do trio elétrio, assim como o Olodum. Agora, ter que ouvir o Hino ao som de uma batucada, isso mostra a que nível chegamos. Fafá Belém, a musa da “Dieta-já”, pelo menos soube dar uma entoação dignificante ao nosso Hino por ocasião da morte de Tancredo Neves...

[Sobre "Sobre futebol e hinos nacionais"]

por Félix Maier
15/7/2002 às
15h55

Correção
Meu caro Alexandre, a propósito uma correçãozinha no meu comentário anterior. Onde está grafado "deforento", na verdade deveria ser fedorento. É que o diabo atenta e acabei me escorregando na banana... Em tempo: você me pediu o endereço do meu blog e aqui o faço: zul.blosgpot.com Beijos Zuleide Hoffmann

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por Zuleide Hoffmann
15/7/2002 às
11h46

boa
Realmente muito bom seu texto, Parabéns

[Sobre "Reminiscências de um campeão"]

por Ricardo Larroude
15/7/2002 às
10h46

nem tanto ao mar...
Meu caro xará, eu sou um executivo e, mesmo assim, gostei do seu texto e do seu estilo iconoclasta. Também odeio as americanadas do tipo "10 passos para o sucesso" e aprendi muito com Clausewitz. Só que você generaliza demasiado... a ver: abstraindo da dúvida genérica "o que é um executivo?", que só por si daria pano pra muitas mangas, queria somente te dizer que considero o meu trabalho como, basicamente, conseguir que várias pessoas muito diferentes dêem o melhor de si mesmas para conseguir um determinado objectivo. Entenda isso como estender pontes, harmonizar tendências, regular conflitos, conciliar egos mimados, etc. E depois ser avaliado não em função do trabalho desenvolvido, mas sim dos resultados atingidos. Se você acha isto covarde e nada estressante, está equivocado. Eu dou a cara pelo meu time e, quando algo não dá certo, sou o primeiro a tomar porrada. Outra coisa: nem todos escolhemos o caminho mais fácil, que se calhar até seria fazer museologia e viver da mesada do papai. Alguns tivemos que quebrar a cara muitas vezes pra conseguir um certo desafogo económico que nos permita realizar os sonhos de cada dia. Não me considero apenas um homem num terno feio, sob as luzes fluorescentes. E tenho pena que o teu espírito aberto se tenha deixado levar, desta vez, por um reducionismo absurdo que nada tem de construtivo. Um abraço do Alex

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por alex cabedo
15/7/2002 às
08h22

Explicação do fantasma
Ah, a história do fantasma de Sêneca é uma brincadeira que eu comecei, Evandro, atribuindo a ele, num livro meu, uma frase pomposa que infelizmente é minha: "Toda admiração é prejudicial ao espírito que admira". (Deve ficar bacana em latim). Quanto à sua pergunta: não seria bom? não digo um mundo completamente sem tolos, mas um no qual os tolos fossem uns cem ou duzentos no máximo, só para dar um tempero?/ A todos, obrigado pelas mensagens. Lucas, o livro bem valia a pena ser publicado, mas como ele é de 83 e algumas coisas de fato mudaram, acho que as editoras brasileiras não se interessariam agora. Mas é pena. / Bruno, retribuo o abraço- já está em Cambridge? Dennis, cruel Dennis - o fantasma de Maquiavel é agradável? Polido? Será que é confiável? Sr. Anilson: grazie tanti. Zuleide: que bom que você encontrou um tempinho entre um vôo e outro para me ler. Perdi o endereço do seu blog, se você pudesse me mandar de volta...Evandro, não sei se respondi a sua pergunta - mas me diga, será que os tolos são realmente necessários? Uns poucos, vá lá, para manter vivo o gênero da sátira. E a todos que me leram, morderam o lábio inferior e preferiram não me xingar - um abraço, Alexandre.

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por Alexandre
13/7/2002 às
16h36

Um lugar bem melhor?
Não entendi a história do fantasma de Sêneca. Se alguém puder me explicar, ficarei grato, pois me parece que o homem era honrado, ao menos pelo que já li de sua autoria. Adorei o artigo! Mas não estou tão certo de que os executivos, no fundo, saibam que não valem nada. Talvez alguns deles. Já tive a experiência de argumentar com um executivo (uma executiva, para ser mais exato). E é incrível como eles se acham experientes e maduros, só por terem trabalhado muito e saberem gritar com as pessoas e manter a frieza em uma briga verbal de baixo nível, coisa que acontece todos os dias nas empresas. Admiro o dom da retórica. Mas, sinceramente, prefiro um sábio tímido a um idiota extrovertido e auto-confiante. Agora, tenho uma pergunta no melhor estilo inconveniente: como seria o mundo sem os tolos?

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por Evandro Ferreira
13/7/2002 à
00h22

Futebol e hinos nacionais
Caro Félix, quando se fala (em inglês) que alguém é bem humorado pode-se dizer que o fulano tem uma "sunny disposition". Trata-se de uma expressão em desuso, mas que guardei porque a acho muito simpática. Menciono isso a propósito de seu texto, que irradia "sunny disposition" da primeira à última linha. Como se não bastasse a lufada de bom astral, você nos transmite informações muito interessantes. Se me é dado opinar, também vou de Asa Branca. Abraço.

[Sobre "Sobre futebol e hinos nacionais"]

por Toni
12/7/2002 às
20h36

Vidraça na cabeça dos outros?
Meu jovem Alexandre, Provavelmente você andou revirando o túmulo do P. Francis que por sua vez revirou o de H.L. Mencken, um debochado e muito provavelmente deforento, porque não devia tirar um legítimo cubano da boca. Arre... Mas tudo leva a crer que você seja limpinho e bem arrumadinho... Tudo bem, continue jogando a sua vidraça na cabeça dos outros. Esse seu discurso (em fina estampa) devia ocupar os grandes clubes (provavelmente não te aceitariam como sócio, mas vale a pena tentar)... Beijo no coração Zul

[Sobre "Samurais de Fecaloma"]

por Zuleide
12/7/2002 às
16h28

Julio Daio Borges
Editor

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