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Quarta-feira, 14/8/2002
Comentários
Leitores

Quando opostos se atraem
No caso do Tolentino, Guilherme, o problema é que ele não é reconhecido no Brasil como é na Inglaterra ou na França. Ele foi responsável pelo departamento de Literatura na Universidade de Oxford e, dizem, escreveu das melhores poesias em francês deste século. É ignorado na academia brasileira porque ele a despreza, mas nenhum dos seus desafetos - de Caetano a Chauí - chega perto de sua erudição. Por acaso, eu assisti a algumas aulas com ele. Sua admiração por um livro de Paulo Coelho me parece mais vocação pela polêmica, ou simples respeito por um autor honesto, o que muitos dos seus detratores - tanto de Coelho como de Tolentino - não são. Abraços,
Eduardo

[Sobre "Demorou"]

por Eduardo
14/8/2002 às
11h34

A cultura da reclamação
Se não me engano, Guilherme, quem cunhou a expressão "culture of complaint" foi Robert Hughes no livro "The Culture of Complaint - the fraying of America", e não Harold Bloom. No meu texto "A garganta da reclamação", aliás, recomendo esse livro, quando imaginei estar ironizando o absurdo a que essa cultura politicamente correta pode nos levar. Fiquei sabendo ontem, porém, que em Londres, pra variar, há agora uma exposição de cadáveres intitulada alguma coisa como "The art of the body". Não há mais parâmetros, definitivamente. Abraços,
Eduardo

[Sobre "O pensamento biônico"]

por Eduardo Carvalho
14/8/2002 às
10h34

Estereótipo
Muito bem Júlio! Vc acaba de definir um estereótipo para o artista que trabalha com a mídia. (essa é uma profissão nova e não tinha um estereótipo definido ainda como os yuppies, as patricinhas, os artistas convencionais, como os pintores por exemplo, também chamados de hippies e doidões.) No entanto, muito cuidado! Não dê tantos detalhes assim! Senão fico óbvio demais que você está generalizando e de que o texto trata-se de apenas uma forma branda de preconceito.

[Sobre "Retrato do jovem quando artista no século XXI"]

por Julia Lugon
14/8/2002 às
10h54

Reconhecimento
Perdão, lendo a cópia que recebi do meu comentário vejo que dei a entender que tu, Eduardo, é que não reconheces o reconhecimento que já se deu a Tolentino. Mas não é isso. Eu queria dizer que não tem ele muito destaque em livrarias ou na imprensa, apesar dos prêmios.

[Sobre "Demorou"]

por Guilherme Quandt
14/8/2002 às
09h03

Bruno Tolentino e Paulo Coelho
Eduardo, curiosamente um dos autores a quem, como observaste, falta reconhecimento oficial, o Bruno Tolentino, elogiou "Veronika decide morrer". Não li o livro, não gostei do pouco que li do Paulo Coelho e acho a prosa desse poeta muito confusa, por isso não fiz caso de enfrentar a crítica; mas lembro que saiu na Bravo! ou na República. Outra coisa: nem sei se lhe falta reconhecimento "oficial", já que Tolentino ganhou vários prêmios. Talvez falte mesmo o reconhecimento do reconhecimento. Um abraço!

[Sobre "Demorou"]

por Guilherme Q.
13/8/2002 às
23h16

"Ismos"
Concordo, Hélion, que o samba "fale" perfeitamente bem sobre aquilo a que se propõe, não menos do que Bach, o Bonde do Tigrão ou uma criança batendo panelas. O que põe uns acima de outros é justamente o quanto cada um pretenda dizer e diga. Vamos aos mal-entendidos que continuam: quando eu digo "alta cultura", quero dizer alta cultura; e tu, quando dizes "cultura erudita", queres dizer alta cultura? Quando eu afirmei que ela era expressão dos dominadores, adotava, para ilustrá-lo, o modo de ver dum multiculturalismo de ressentidos que vê em toda parte algum "ismo", ou machismo, ou imperialismo, ou racismo, ou eurocentrismo, e censurando o objeto de sua revolta se acham muito pluralistas. O Harold Bloom chamou a isso "culture of complaint". De modo nenhum eu sou contra a variedade de culturas, nem direi coisa alguma contra o que haja de valoroso em cada uma delas. No entanto, há por aí esse multiculturalismo lamentável que vive de encontrar indícios e mensagens de opressão contra as "minorias" em toda a cultura e de interpretá-la como ferramenta de algum inimigo, a burguesia, as "oligarquias", o diabo a quatro. O texto do O. de C. apresenta a origem desse cacoete mental. Não é, como dizes, "achista", a menos que descrever fatos e resumir doutrinas seja o mesmo que dar palpites. Está ótimo discutir os fatos e contestar os resumos, se quiseres; mas nunca fingir que se trata de opiniões somente, e não de uma versão dos fatos. Se quiseres outras versões, põe MARXISM e MULTICULTURALISM no Google. Vais encontrar logo uns tantos autores relacionando, como ele, doutrina marxista e multiculturalismo. Ou podes ainda ler o citado Harold Bloom queixando-se de ver os clássicos de língua inglesa julgados por critérios políticos, em vez de literários: http://bostonreview.mit.edu/BR23.2/bloom.html Pessoalmente, nunca investiguei muito o que era isso porque já mo explicara mediante seu próprio exemplo uma professora universitária que, anos atrás, me dizia que não há povo tão estúpido quanto o "homem branco ocidental", só porque esse povo besta não arraigou o bastante as idéias de igualdade dos sexos e das raças, liberdade de pensamento, ativismo ecológico e outras maravilhas... justamente inventadas pelo homem europeu. Era o mesmíssimo raciocínio paradoxal que Carvalho atribui à Escola de Frankfurt e à revolução cultural.

[Sobre "O pensamento biônico"]

por Guilherme Q.
13/8/2002 às
22h10

Fazendo artesanato
Caro Helion. Já ouvi muito esse argumento de que o erudito de hoje é o popular de ontem. E isso serve, na melhor das hipóteses, como motivo para se deprimir com a degenerescência do nível intelectual do povo em geral. Mas não acato o argumento de forma alguma. Sei que Villa Lobos se inspirou no choro, mas criou com ele uma forma de arte infinitamente mais rica e superior. Nem sempre acontece de um artista erudito se inspirar em motivos populares para criar suas obras. Mas quando isso ocorre, não é uma prova de nada, mas apenas de que o ser humano tem essa capacidade de usar aspectos interessantes de coisas piores para fazer coisas melhores. Além disso, ninguém cria do nada. Mas nada disso é importante. O importante é que hoje apenas se "baba o ovo" do popular. Se Villa Lobos vivesse hoje, talvez fosse apenas um produtor cultural lançando CDs de choro e promovendo o gênero. Jamais teríamos ganhado todas as suas músicas geniais, pois ele tería gasto todo o seu tempo babando o ovo do choro. Outra coisa: muito bonito o que você disse sobre as artesãs, mas hoje em dia não existe a mínima chance de que o legado ocidental seja transmitido a elas, pois nossas universidades só estão preocupadas em puxar o saco delas e não em lhes ensinar nada. O artesanato vai aos museus e todo mundo acha que está vendo arte. Enquanto isso, as artesãs continuam isoladas, como resultado da própria preocupação em "preservar" sua "arte". Não existe quase nada de positivo na supervalorização do popular hoje. O popular sempre existiu e sempre existirá. E não precisa de ninguém para defendê-lo. E as pessoas que dizem defendê-lo estão apenas querendo congelá-lo no tempo. A função da universidade em um país normal seria estudar tudo que a humanidade já produziu, na ordem de importância do mais elevado ao mais baixo. Mas não existe mais muita gente nesse país que acredite em juízo de valor. Ninguém mais acredita que exista, em arte, algo melhor e algo pior. E ninguém mais consegue entender que, quando digo que artesanato não é arte, não estou ofendendo o artesão. E como não estou a fim de escrever um tatado de filosofia - ao menos por enquanto - não espero convencer ninguém que já tenha suas convicções muito consolidadas. Mas ainda acho que Bach é melhor que Pixinguinha, e não apenas diferente.

[Sobre "Babação do popular"]

por Evandro Ferreira
13/8/2002 às
13h46


Caro Eduardo, felicito-lhe pela clareza de ideias e mais, ofereço-lhe meu incondicional apoio num eventual imbroglio que com certeza ha de surgir! P.S. desculpe a ausencia de acentos.

[Sobre "Demorou"]

por Aguinaldo Silva
13/8/2002 às
13h41


Renatta Airoldi, Acabei de ler sua mensagem sobre Primeiro dia de aula. Muito expressiva e que me deixou bastante emocionado com suas sabias palavras. Fez-me percorrer feito uma bala por toda a minha vida de estudante. Agora que eu estou voltando para a universidade, sinto um pouco desta tão comentada euforia. Abraços Regis Brasil.

[Sobre "A voz que não quer calar"]

por Regis Brasil
13/8/2002 às
13h31

Socialismo e erudição
Deixei o tema do socialismo, que me pareceu claramente deslocado no seu texto, para um comentário a aparte. Não vejo como “um país cujos estudiosos se preocupam mais com Patativa do Assaré do que com Villa Lobos só pode ser ...... socialista”. Sem pretender esgotar todos os exemplos, a informação disponível nos mostra que os países socialistas valorizaram e transmitiram a cultura erudita como poucos. Caso da ex-União Soviética e dos países do Leste Europeu. Cuba também é um caso interessante por mostrar como a informação cultural soviética permitiu a valorização da dança e da música clássicas mas não impediu a valorização da música popular e folclórica. Em outras palavras, tanto “Villa Lobos” quanto “Patativa do Assaré”. Concluindo, acredito não se sustentar a atribuição de “socialismo” à preocupação com a promoção e o estudo da cultura popular.

[Sobre "Babação do popular"]

por Helion
13/8/2002 às
13h25

Julio Daio Borges
Editor

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