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Domingo, 17/2/2002
Comentários
Leitores

A língua dinâmica
Estava saindo, mas tive que voltar. Não resisti. Acho que ouvi o Pedro dizer que a nossa língua está se "aperfeiçoando". Que lindo- mal posso esperar pelo próximo final de semana. Ou por dezembro, quando será publicada a primeira tradução dos Lusíadas para o português Millenium: "As arma e os barão assinalado/Saíram de Portugal, tá ligado?", etc. (O trecho famoso- "Cantando espalharei..."- terá duas versões: "Cantando vou espalhar por toda parte" - escangalhou a cadência, mas vá lá- e "Cantando vou estar espalhando por toda parte/ Se a tanto me ajudar...", etc.) Só não peçam que eu assine a introdução. Um abraço.

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Alexandre Soares
17/2/2002 à
01h45

Inculto aperfeiçoa a língua?
Pedro, uma regra da gramática infere-se dos fatos da língua empiricamente verificados. Se nos clássicos as construções não existem, ou seja, nunca se usaram, é absurdo ensiná-las como consumadas no idioma, com normas tiradas sabe Deus de que fontes improvisadas. Admitir como nova regra qualquer coisa que da noite para o dia as pessoas falem é que vai logo tornar incompreensível todo o texto velho de dois dias. O dinamismo de uma língua é inversamente proporcional à cultura de seus usuários: quanto mais se conhece o idioma, menos ele é alterado por invencionices de ignorantes. De Vieira a Machado a língua conseguiu permanecer a mesma em essência, mas graças a opiniões modernas como a sua, logo parecerão eles realmente tão distantes como o latim clássico. Você, por exemplo, já perdeu de vista o domínio do subjuntivo ("se FORMOS falar... ninguém entenderia"). Não compreendo que alguém queira sacrificar no altar do Santo Dinamismo a unidade lingüística de toda uma cultura, firme ao longo de séculos.

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Guilherme Quandt
16/2/2002 às
21h25

Falar como Camões?
Guilherme, não seja tão simplório. Se formos falar apenas o q está em Vieira, Machado e Camões, ninguém entenderia nada. A língua é dinâmica, aceitem isso, ela se aperfeiçoa. Vamos todos falar em Latim Clássico, então, já que se defende tanto os purismos! Façam-me o favor!!!

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Pedro
16/2/2002 às
04h53

Flor do Láscio do Sambódromo
Comentei o texto em meu blog, o Butuca Ligada, , com o título "Flor do Láscio do Sambódromo". Quando puder, visite-o... http://butucaligada.blig.com.br

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Raphael Perret
16/2/2002 às
02h17

Epa
(Alexandre entra. Olha o próprio texto)Epa (Corando). Que se diga em minha defesa, no entanto, que eu nunca disse que o futuro simples deve ser obrigatório. Só disse que ele deve ser usado mais vezes- depende do ouvido, e do momento. (Satisfeito consigo mesmo) Sim, é isso. Ah! Obrigado e um abraço aos que vieram me visitar neste espaço entre duas barras vermelhas. Paulo, Rogério, Sérgio, Haroldo, Guilherme. Há vinho na geladeira. (Sai)

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Alexandre Soares
15/2/2002 às
18h09

Revolucionário desde o berço
Também já fui um revolucionário das formas e dos conteúdos. Meus pais não gostavam muito das formas, dos conteúdos menos ainda; mas um dia deixei de usar fraldas.

[Sobre "Dois Idiotas"]

por Guilherme Quandt
15/2/2002 às
16h40

O futuro simples
Haroldo- talvez você tenha razão, e em alguns momentos seja melhor dizer "vou devolver". Cada um tem que ter a sensibilidade de saber qual o momento apropriado. Tudo o que digo é que não está certo não usarmos nunca o futuro simples. Eu gosto do futuro simples- é bonito e simples. Acho que devíamos fazer um pequeno esforço para salvá-lo. Sei que é quixotesco, mas enfim. Um abraço.

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Alexandre Soares
15/2/2002 às
15h48

essas malditas regrinhas
Até há uns meses, nunca tinha escutado ou lido grosserias como "estarei saindo". Não está em Machado, nem em Vieira, nem em Camões, e portanto quem a tiver ensinado na escola, com direito a manual de instruções, ao Sr. Rogério Prado, decerto o ludibriou; fabricou as regras "ex nihil" e viu que isso era bom, e foi tarde e manhã: um dia lamentável. Também as regras de "vou sair" e "sairei", que se aprendem adequadamente nas escolas de inglês - "I will" e "I am going to" - nunca vi aplicada por nenhum escritor decente de língua portuguesa; não me espantaria de ver alguém num clássico responderem à pergunta "Vais sair?" com um "Sairei". Devíamos todos ter ido menos à escola e mais à biblioteca. Mas o texto é muito interessante, é VIP, vou estar lendo-o sempre, até entender por que, depois de tudo, o autor escreveu no derradeiro parágrafo que o ano VAI SER muito bom. Um abraço a todos.

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Guilherme Quandt
15/2/2002 às
16h00

Duas coisas
Muito bom lembrar o que as traduções podem fazer à bíblia - as trevas não a CONHECERAM ou as trevas não a DERROTARAM? João responderia em grego e nenhuma das alternativas basta em si. Sobre uma observação ligeira: creio que o homem descende do macaco, se bem que não acredite que haja surgido dalguma combinação cromossômica fortuita aquilo que distingue um do outro, ou o que distingue o macaco de uma samambaia, ou o que separa qualquer vivente da lama e da areia - mas creio que na linhagem puramente carnal tivemos sim tais antepassados, inda mais feios que nossos trisavós nos retratos. Sou vítima e sintoma e propagador, porventura, da estupidez do mundo, e talvez obviamente cretino; jamais descartei a hipótese. Quem sabe o colunista, se não tirar indesculpáveis férias como as de duas semanas atrás, algum dia esclareça o que ele mesmo pensa.

[Sobre "A saída clássica"]

por Guilherme Quandt
15/2/2002 às
15h18

Pelo fim da palavra VIP
Alexandre, acho que você está coberto de razão. Eu também antipatizo muito com quase tudo que você denunciou. Gostei da forma enfática e até um pouco sarcástica (mas perfeita) com que você comentou as idiotices que se pratica a todo momento com a nossa língua. Contudo, não posso deixar de comentar, embora podendo estar enganado, é claro, sobre a forma do futuro simples que você colocou como preferencial. Acho que há a figura do tal do "futuro promessivo" que significa que algo será feito um dia num futuro que até poderá ser longínqüo, enquanto que na forma composta com o presente (vou devolver) passa-se a idéia de que a ação será realizada em breve, já-já, logo-logo, e, nesse caso, dou preferência à forma que corresponde à situação mais real, ou seja, de que a ação será realizada logo. Portanto, quando um amigo me emprestar um livro e me perguntar sobre a devolução após leitura, vou sempre preferir dizer que "vou devolver". Tenho receio de que, ao responder "devolverei", ele pense que pretendo "um dia" (não se sabe quando), se me der na telha, isso terá ocorrência. Não sei se estou certo pensando assim. Parabéns pela matéria. Um abraço.

[Sobre "Pelo Fim da Palavra VIP"]

por Haroldo Amaral
15/2/2002 às
14h45

Julio Daio Borges
Editor

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