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Segunda-feira, 5/12/2005
Editor-assistente
Fabio Silvestre Cardoso

Fabio, como você começou nessa história de jornalismo?
Há uns onze anos, mais ou menos. No colégio, em 1994, eu editei um suplemento para a Copa do Mundo de 1994. Ninguém levou aquele trabalho a sério, mas eu me dediquei a valer nesse meu primeiro trabalho jornalístico. Desde então, eu já sabia que queria ser jornalista, mas não na área de cultura. O jornalismo cultural só veio depois.

Você escreve bem, é organizado, respeita os deadlines, as pautas... Já havia pensado antes em “editar”?
Na Universidade, fui um editor “precoce” de uma publicação laboratório. Naquela época, muita gente desprezava a atividade, mas eu achava fundamental porque me trazia disciplina e a importância de respeitar os prazos.

Como você vê os editores por aí? Alguém em especial (não vale me citar, tá)? Como anda a edição no jornalismo brasileiro como um todo?
De um modo geral, não vejo mais grandes editores no jornalismo brasileiro. Há, sim, burocratas, que servem como controladores das hierarquias organizacionais. Em relação aos nomes, e já que eu não posso te citar, vamos lá: Fernando Barros e Silva (da Folha de S.Paulo); Reinaldo Azevedo (da Primeira Leitura); e Mino Carta (da CartaCapital). Creio que eles conseguem imprimir uma assinatura particular às coberturas dos respectivos veículos, o que não acontece na maioria dos jornais, revistas e programas de TV porque o turn over nas redações é muito grande.

Para não perder o hábito, vamos falar mal do jornalismo cultural? Você acha que ainda tem salvação? Se não, por quê? Se sim, como?
Bom, o jornalismo cultural segue a mesma sina do jornalismo em geral. Falta um trabalho coerente, mas que seja menos automático e menos previsível. Fica fácil até listar os problemas: pautas repetitivas, o celebridismo em torno dos mesmos nomes, a ausência da crítica. Ainda assim, encontramos alguns ótimos exemplos de resistência. Na internet, e eu não falo apenas do Digestivo, há sempre a possibilidade de renovação. E mesmo no meio impresso, alguns suplementos, como o Rascunho, permanecem com a árdua intenção de discutir cultura no Brasil.

Você pensa em praticar outras modalidades de jornalismo (além do cultural)? Se sim, quais?
Jornalismo internacional é uma modalidade que me parece muito interessante porque lida com um material mais rico que o jornalismo em geral. Além do mais, essa modalidade também permite textos mais reflexivos.

Falando agora da sua breve – mas já significativa – experiência no Digestivo... Como vê as diferenças, em matéria de edição, entre a Web e o impresso?
Na internet, há sempre a vantagem de realizar a edição em tempo real, mas não acredito, como muitos pensam, que se trata de um trabalho mais fácil por isso. É uma atividade que demanda o mesmo esforço tanto com a qualidade do texto quanto com a coerência das informações, porque, ao contrário do impresso, o que está na internet fica por lá, acessível a todos, por muito mais tempo.

Acha que os Colaboradores do Digestivo pretendem esse “salto” em direção ao jornalismo (tradicional)? Ou acha que todo mundo quer, no fundo, virar literatura?
Acredito que os objetivos estejam divididos, com uma leve vantagem para os que desejam a literatura, como a Ana Elisa Ribeiro, o Luis Eduardo Matta e a Andréa Trompcynski, para citar alguns nomes. Nesse sentido, o jornalismo, para muitos dos colaboradores (falo inclusive dos que já deixaram de escrever aqui), funciona como uma espécie de “treino”, muito embora o Marcelo Miranda e a Adriana Baggio mantenham colunas mais jornalísticas e, a meu ver, sem pretensões literárias.

O que mudou desde que você começou? Como você via o trabalho antes e como o vê agora, quase seis meses depois? Tinha muitas ilusões? Teve boas surpresas?
Sinceramente, eu achava que era mais simples do que de fato é. Mas passei a me organizar melhor desde que comecei minhas tarefas. Achava que teria muitas reclamações por parte dos colaboradores, mas isso não aconteceu, felizmente.

O que é reconfortante e o que é frustante no trabalho de editor? (Pode falar, os Colunistas não vão ficar bravos...)
Ter de esperar pelas colunas depois dos deadlines é, sem dúvida, a mais ingrata das tarefas. Além do mais, ver que algumas pessoas que desejam colaborar com o site muitas vezes não observam que o Digestivo busca manter um padrão editorial, é uma publicação, e que por isso possui alguns parâmetros. De qualquer forma, é reconfortante ver que isso também está mudando.

Que conselho daria para quem quer Colaborar com o Digestivo Cultural? E para quem quer ser editor (não necessariamente editor do site ou de sites)?
Para colaborar com o Digestivo, tem de escrever bem sobre um determinado assunto a ponto de fazer com que o leitor sinta-se à vontade com o texto. Como editor, mais até do que jornalista cultural, é fundamental ler sobre todos os assuntos porque, ao contrário do que se propaga por aí, os temas estão muito relacionados.

Fabio Silvestre Cardoso
Segunda-feira, 5/12/2005

 

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