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Segunda-feira, 17/9/2001
Foi assim
Rafael Lima

Era uma vez o que parecia ser uma mailing list veio parar na minha caixa postal do trabalho, contendo um ensaio escrito por alguém que se apresentava como JDBorges. Acho que era sobre os 500 anos de Brasil, um texto longo, interessante, opinativo, mas que não deve ter tido muito efeito porque nem foi apagado nem eu pedi a minha retirada de lista de endereços. Resolvi esperar e ver se vinha mais de onde aquele saiu para decidir.

Veio. Eu continuava achando muito curioso que alguém achasse importante eu ler aquilo e resolvi retrucar só por implicância. O pretexto foi uma frase que aparecia em todos os subjects: "para imprimir e, depois, ler". Não poderia ser lido na tela, sem imprimir, e poupando papel? Achei que era um bom ponto de partida. Foi. JDBorges mordeu a isca foi substituído por um gentil Julio D. Borges numa discussão que viraria papo franco algumas mensagens depois.

Apertando um pouco a tecla do fast forward, eu descobri que Julio Borges tinha sido colega de um amigo meu na faculdade, convidei-o para visitar minha moribunda homepage sobre histórias em quadrinhos, ele me pediu um texto e acabou publicando em sua página um antigo apanhado sobre os beatniks (por conta do que recebo mensagens até hoje!) que fizera a quatro mãos, até que no começo de 2001 (começar um projeto em pleno verão, parecia coisa de paulista... e era.) o Julio - já havia intimidade suficiente para chamá-lo assim - convida a mim e a mais uma penca de amigos para escrever no Digestivo Cultural, a encarnação atual da sua antiga coluna de ensaios. Ainda que formada em sua maioria pelo que pareciam ser amigos entre si, entrar ali era como ir numa festa em que só se conhece o dono da casa. Topei.

De lá para cá foi uma prazeirosa e surpreendente troca de mensagens com os outros Colunistas, um modo muito particular de conhecer e descobrir par a passo, ou letra a palavra, cada um, afinal, os "Digestores" foram a primeira comunidade francamente virtual de que fiz parte. Inclusive mudei de opinião algumas vezes, aprendendo a conviver, a trocar experiências, a interagir - sem necessariamente abrir mão de seus princípios em prol de um todo. Meshing pot e não melting pot.

(Nesse meio tempo deu até para ir a São Paulo e conhecer a turma pessoalmente, aquela colunista que era uma gata na foto, aquele colunista que adorava os meus escritos, aquele outro que me impressionou desde o primeiro texto, aquele contra quem eu cultivava uma saudável implicância, enfim, satisfazer aquela curiosidade típica de quem faz amigos remotos.)

De vez em quando eu também me flagro pensando em termos da turma do Digestivo, do quanto isso toma minha atenção e meu tempo e em como eu estaria sendo chato com os amigos não-virtuais em falar repetidamente nessa turma que eles não conhecem nem lêem, e que eu pareço tratar como se os conhecesse há anos... Obrigado, Julio, pela oportunidade; obrigado, amigos colunistas e leitores, pelo convívio.


Rafael Lima
Segunda-feira, 17/9/2001

 

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